Obra de arte é parte das obras de mobilidade da Copa
Este elegante buraco está amalocado em frente à minha casa desde junho do ano passado. Segundo disse, aproveitou as chuvas de então para, em processo de geração espontânea, nascer e reivindicar direito de existir. Detalhou que, sendo um ser humanizado, direito tem a direitos humanos. E, caso intentem retirá-lo dali, promoverá atos de protesto reunindo a seu redor outros e maiores buracos de sua espécie humanizada.
Vaidoso, o buraco. Ante a proximidade do carnaval, vestiu-se à moda dos grandes bailes de priscas eras e garante que fará um belo carnaval. Creio que meus vizinhos, profundamente honrados com a criatura, devam lhe prestar respeitos, honras e aplausos.
Se você atentar bem verá que o buraco é também entendido em arte. Em processo de meta-apresentação se mostra como uma distinta entidade de escultura abstrata e reafirma sua sofisticação. Nada mau, não?
Para você ver: nos tempos hodiernos, as coisas se tornam fetiche e ganham vida. Assim, espero que o finíssimo buraco continue lá. Até porque, para mim, tem grande utilidade: posso manobrar tranquilamente meu carro quando vou sair de casa, uma vez que os motoristas que trafegam pela rua têm obrigatoriamente de desviar a fim de evitar colisão com a obra d'arte. Desta forma, o eminente buraco cumpre também papel de disciplinador do trânsito e assegura a minha tranquilidade, protegendo o meu carro.
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