“Abandonai essa vida de
crimes e legislações, ó infiéis!”
Millôr Fernandes
A crônica abaixo é do meu livro Crônicas para Natal, numa homenagem ao rio que embeleza a cidade e aos seus barcos velhos, parados e esquecidos.
Trágicos em seu silêncio de madeira triste,
os barcos mortos do Potengi são relembranças de marés em preamar.
Grandes corpos de madeira que sofre, seus corpos se vão.
E seguem parados, sem vela ou navegador.
Quantas vezes se fizeram ao mar, quantas vezes
se apressaram no confronto com ondas.
E de todas as batalhas corsárias de que
participaram, voltaram sob a bandeira da vitória.
Pescadores, corajosos, enfrentaram tempos,
bateram milhas, superaram noites.
E agora, guerreiros esquecidos, sucumbem ao silêncio do frio.
E ninguém, ninguém, se lembra que lutaram tanto.