sábado, 28 de julho de 2007

O quinteto precisa de bons empregos

Caros Amigos,
As coisas de jornal informam que o governo federal está desenvolvendo esforços no sentido de que a direção da Anac, a anarquizada Agência Nacional de Aviação Civil, peça demissão coletiva até a próxima terça-feira. O problema é que seus cinco diretores têm mandato e, portanto, não podem, a priori, ser demitidos: só a pedido.

Mas isso o Poder sabe como resolver muito bem. Nas refrigeradas e ocultas salas, o Poder sabe como resolver seus próprios meandros, exculpar-se de suas indecências e apresentar-se ante seu próprio espelho, dizendo a Narciso: eu sou o belo. Todos serão demitidos, como se pedido tivessem feito.

O problema, dizem as coisas de jornal, é que o Planalto quer uma "saída" honrosa para essas pessoas. Ou seja: cavilação política, enodoada de paternalismo viscoso.

Pos saída honrosa entenda-se também que é preciso arranjar novos empregos para os quatro diretores e uma diretora. Melhor dizendo: bons e bem remunerados empregos, seja na espera do poder público ou na iniciativa privada. Aí, valerão laços de influências, trocas de favores, promessas para o futuro. Quem sabe... quem sabe...

É lamentável essa prática de apadrinhamento aos ricos e bem possuídos, enquanto os pobres e despidos de tudo, os sem-nada, nada conseguem fazer quando os horrores da vida lhes alcançam os calcanhares.

É preciso acomodar o quinteto que de alguma forma deu colaboração para que o sistema aéreo brasileiro tenha chegado ao ponto de exaustão e descontrole em que se encontra.

É necessário um bom pouso aos aeronautas do descalebro. Enfim, é preciso garantir a indivíduos incompetentes e insensíveis, repouso e repasto. Afinal, eles promoveram uma baderna nos céus e precisam escapar da própria tempestade. Fique tranqüilo: terça-feira, todos estarão em novos empregos. Imagine-se o que não farão por lá...
Um bom fim de semana.
Um abraço.
Emanoel Barreto

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Caros Amigos,
Em sua vinda a Natal, hoje, o presidente Lula foi alvo de manifestações de um pequeno grupo. Chegou ao Estado para lançar o PAC e sua segurança conseguiu driblar os apupadores.

Com um discurso clássico para essas ocasiões, posando de democrata, a ministra Dilma Roussef disse que as pessoas deveriam ter tido acesso ao Centro de Convenções, onde Lula foi recepcionado pela governadora Wilma de Faria. Segundo afirmou, as pessoas deveriam expressar seu decontentamento com a situação nacional. Vide aeroporto de São Paulo.

Isso é coisa da democracia, garantiu.

Ainda de protestos, as coisas de jornal informam que Lula não comparecerá domingo ao Maracanã, a fim de dar por encerrados os Jogos do Pan. Precavido, requisitou para o ato o vice José Alencar, a fim de que cumpra o ritual de receber vaias.

Somos um país de pasmos, mas talvez mesmo um país de parvos, apavorados com o achincalhe, que calhou de historicamente se abater sobre nós, que nos debatemos sem ter porta aonde bater.
Um abraço,
Emanoel Barreto

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Jobim ou Ícaro?

Caros Amigos
As coisas de jornal informam que o agora ministro da Defesa, Nelson Jobim, promete que o caos aéreo será controlado e que ele tem as condições de liderança e decisão pessoal - além de carta branca do presidente Lula - para pôr as coisas em ordem.

Espero que sim. Não digo que confio que sim. Apenas, espero que sim. Já são mais de dez meses de completa instabilidade e desarticulação no setor, que, dizem as coisas de jornal, tem também a presença da velha amiga dos criminosos do Poder, a corrupção, em obras da Infraero. Vejamos se o Ministro vai sanar isso também. Vejamos se vai sanar alguma coisa.

O Brasil tem um dado cultural aterrorizante, em termos de administração pública: a leniência com a incompetência e com os que delinqüem com os dinheiros do povo, uma espécie de aliança não formal, mas que funciona, de um governo para o outro. Crimes ficam encobertos e o governante e todos os seus sequazes voltaram, em alguma quadra da história, a compor um dado de Poder, em qualquer escalão.

Casos recentíssimos foram os do mensalão, quando, após algumas punições, como a do ministro José Dirceu, aos poucos, os poucos pudores do Congresso foram caindo e os demais acusados nada sofreram. Foi quando houve a imoral dança da corrupção da hoje ex-deputada Ângela Guadagnin, comemorando a escapada de um seu igual. Foi o epílogo da decência.

Vejamos se o Ministro porá ordem na casa. Ou, quem sabe, deveríamos chamar Dédalo e Ícaro. Talvez os heróicos personagens da mitologia grega possam, eles sim, poéticos e grandiosos, dar ao nosso povo alento e força para seguir voando em céu tão cinzento.
Abraços,
Emanoel Barreto

terça-feira, 24 de julho de 2007

História do Brasil - revista e atualizada (II)

Caros Amigos,
Há alguns dias publiquei recentes descobertas a respeito da História do Brasil. Agora, trago novas informações que pesquisadores, grandes estudiosos, filiados à escola da Sociologia do Cinismo, me enviaram em caráter exclusivo. Dizem os estudos:

Certa vez, em desespero após o caos aéreo, tanta gente morta em aviões, outros tantos mortos por bandidos e mais outros mortos pelo Congresso Nacional, cujos sequazes se apoderam de dinheiro público em proveito próprio, contribuindo assim para prejudicar programas de ação social e de saúde, o povo decidiu, assim, de uma hora para outra, que as coisas deveriam mudar: "Vamos fazer greve de nacionalidade. Vamos deixar de ser brasileiros. Vamos acabar com o Brasil. Não existe mais Brasil. Assim, não precisaremos mais pagar impostos, nem contas de água, luz e telefone, IPTU e imposto de renda. Melhor, como não somos mais brasileiros, não teremos mais a obrigação de ser assaltados pelos bandidos, nem os de rua, nem os da política."

A proposta, feita por não-sei-quem, foi aceita por aclamação. E começou a greve de povo. Da seguinte maneira: todos foram para suas casas, se fecharam, ficaram só vendo televisão. Quando a TV deixou de funcionar, porque os jornalistas e demais funcionários também foram para casa, as pessoas, calmamente, foram dormir. Quando acordavam, iam à geladeira, pegavam algo, comiam e assim ficavam em casa, sem o perigo de ser brasileiros. Nesse novo mundo, estranhamente, as geladeiras estavam sempre cheias, as despensas eram fartas e tudo ia muito bem.

Mas, então, o Congresso e os bandidos convencionais logo descobriram que não havia mais povo para ser explorado e assaltato, nem jovens para a venda de drogas. E, numa reunião secreta, o Congresso e os principais líderes do tráfico manifestaram sua perplexidade e todos disseram: "Isso é um absurdo! Como se pode admitir uma bandalheira dessas? Eu quero assaltar, não tenho a quem. E eu quero um mensalão e não tenho como arranjar." E concluíram: "Perdemos nossa fonte de renda. Perdemos o povo. Precisamos recapturar o povo e obrigá-lo a ser assaltado, a se viciar e a votar. Precisamos reinventar o Brasil. Queremos o Brasil-sil-sil!"

Os congressistas financiaram os bandidos e estes importaram armas de grosso calibre, munição especial e alto poder mortífero. Investigaram tudo e descobriram que as pessoas estavam em casa. E atacaram as casas com fogo nutrido. Em pânico homens, mulheres e crianças correram para o meio da rua e foram assaltados e muitos foram atraídos para as drogas.

O Congresso, imediatamente, deu início a um processo eleitoral, com grandes campanhas na TV, jornal e rádio, dizendo que o Brasil estava em perigo, os bandidos estavam nas ruas e era preciso fazer alguma coisa para salvar o Brasil.

Desesperadas, as pessoas diziam: "Mas, não existe mais Brasil, não era para isso estar acontecendo." Entretanto, as campanhas,a propaganda política, diziam: "Existe Brasil! Existe Brasil! Votem, para melhorar o Brasil! Vote em mim, que eu não sou ruim!"

E assim, em desespero, as multidões foram votar e elegeram os mesmos. E tudo continuou igual. Foi desta forma que o Brasil desapareceu e renasceu, os congressistas mantiveram as suas patranhas e os bandidos continuaram a assaltar o povo. Tudo voltou ao que era e quem vivia bem ficou muito bem.
Aguardem novas descobertas dos pesquisadores da Sociologia do Cinismo.
Abraços,
Emanoel Barreto

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Segunda-feira num país confuso

Caros Amigos,
Sem comentários, leia este texto da Folha de S. Paulo, referente ao pronunciamento do presidente Lula, a respeito da tragédia com o avião da TAM.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, durante o programa de rádio "Café com o Presidente", que não existe hipótese alguma de a verdade sobre o acidente com o avião da TAM, na última terça-feira (17), em Congonhas (zona sul de São Paulo), não vir à tona.

"Eu só peço a compreensão, a compreensão do povo brasileiro para que não haja julgamento precipitado de quem quer que seja, que a gente espere, com prudência, a investigação para dizer o que aconteceu. Ou seja, não existe hipótese alguma da verdade não vir à tona. Se o problema foi da chuva, se o problema foi da pista, do avião, se o problema era do piloto. Tudo isso, eu peço a Deus que a gente tenha condições de obter o resultado na caixa-preta do avião para que a gente possa informar a opinião pública", disse.

Lula ainda mandou um recado para os parentes das vítimas da tragédia. "As pessoas têm o direito de estarem revoltadas, têm o direito de estarem querendo saber o que aconteceu. E essa é a obrigação do governo, fazer uma investigação séria para que a gente não acuse e nem absolva ninguém antes de a gente ter uma apuração correta, que ela vai sair com base nas investigações que a Aeronáutica está fazendo e sobretudo com o resultado do que tiver na caixa-preta do avião que neste momento está nos Estados Unidos sendo aberta para que a gente possa apurar. Eu queria pedir para as famílias apenas isso: força. Muita força, muita fé em Deus porque eu sei o que vocês estão passando e eu sei o sofrimento."

O presidente também falou sobre a necessidade de diminuir os vôos no aeroporto de Congonhas. "Nós vamos transformar o aeroporto de Congonhas, que vai cuidar do transporte São Paulo e Rio, quem sabe de Congonhas a Belo Horizonte, quem sabe Brasília. Mas é preciso diminuir os vôos, que não tenha mais conexões, que não tenha mais troca de passageiros ali em Congonhas e que a gente tente utilizar Viracopos, tente utilizar o aeroporto de Guarulhos. Também nós decidimos que em 90 dias o Conac [Conselho de Aviação Civil] vai apresentar para o governo uma proposta e um local da construção de um novo aeroporto em São Paulo."

"Por mais seguro que seja o aeroporto de Congonhas, ele foi cercado pela cidade. É só olhar de baixo ou de cima que a gente vai ver a quantidade de prédios e mais ainda, não faz muito tempo, tem prédios novos sendo inaugurados ali na linha que passa o avião perto do Jóquei Clube em São Paulo. Essas coisas, nós vamos fazer a parte que cabe ao governo federal, à Infraero, à Aeronáutica, ao Ministério da Defesa, vamos procurar um outro local, vamos tentar fazer um outro aeroporto para diminuir as possibilidades de uma nova tragédia", reiterou.

Agora, somente uma observação: você acredita?
Abraços,
Emanoel Barreto