sábado, 27 de outubro de 2007

Permanente é eterno?

Caros Amigos,
Um minutinho da sua atenção.
Alguém aí já se perguntou quanto tempo dura a permanência?
Ou qual o tamanho da eternidade?

Será que permanente
é o começo da eternidade?

Quanto tempo dura um instante?
Quanto tempo existe em um momento?

Ficar é um pedaço da permanência,
ou uma fagulha do momento?

O que é mesmo o tempo?
Quem passa: é o tempo, ou somos nós?

Passar é o quê?
Muitos momentos contados em instantes,
muitos ficares perdidos ao longo
da nossa permanência ou um grande
estar que não sabemos quando vai acabar?

Bom fim de semana.
Emanoel Barreto

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Oremos aos deuses do Egito

Caros Amigos,
Já podemos dizer "alvíssaras meu Capitão/Já vemos terras de Espanha/ Areias de Portugal." A Fifa fará ao nosso povo a nímia deferência de trazer para o Brasil, em 2014, a Copa do Mundo. Grande Fifa. A informação é do Estadão Online e dá conta de que as opiniões da magnânima equipe de avaliadores das condições desta infeliz nação para sediar o efento, são favoráveis.

Dizem as coisas de jornal do Estadão, citando documento da Fifa - será que em inglês de pronuncia Faifa? - que, "na conclusão, na opinião desta equipe de inspeção, o Brasil está bem estabelecido para sediar uma excepcional Copa do Mundo."

Minhas comiserações.

A nau dos insensatos que apóiam esse crime deve estar vibrando. Enquanto isso, roncam as cuícas e repicam os buchos vazios dos que vão aplaudir as jogadas e os gols. Entretanto, para a realização das disputas, a entidade internacional, é claro, impôs algumas regras, como seria de esperar. Afinal, a Fifa vai fazer uma caridade, uma caridade, não: uma concessão ao povo brasileiro e como tal terá suas exigências.

É o seguinte: a CBF desistirá de obter qualquer remuneração advinda dos jogos - o que é muito justo, não é mesmo? - já que sua divisão foi previamente feita na Alemanha, para encher os cofres da mesma Fifa e do Comitê Organizador da Copa. Ótimo.

Tem mais: como foi considerado que o País, ou seja, os cidadãos, tem todas as condições para realizar o torneio, deverá desta forma arcar com segurança, transportes, hospitais hotelaria e estádios. Acho muito justo. Afinal, se você é bobo, tem mesmo que pagar pela sua bobagem.

Resumindo, o pessoal da Fifa achou que está tudo bom. Mesmo sabendo das deficiêndias do nosso sistema aeroportuário e dos nossos estádios, somente para citar dois casos. Isso sem falar na insegurança, para não aprofundar muito o assunto.

É óbvio que eles acharam tudo muito bom: o Brasil foi o único país cujos dirigentes, por ignorância ou má-fé, se propôs a empresa de tal porte. Falando sério, sabemos todos que foi má-fé mesmo. Muita gente vai abocanhar dinheiro do governo. Lula jamais deveria ter metido o País nessa enrascada. Isso só vai acontecer por conivência, cavilação mal-intencionada do Presidente. Outra coisa: o governo sequer participa, foi alijado, de ingerência no Comitê da Copa. O que diabo é isso: o governo vai esbanjar dinheiro do povo e não vai poder decidir nada sobre as despesas? Oremos.

O Estadão informa também que o governo brasileiro já se comprmeteu a fazer alteração legais pedidas pela Fifa, a fim de que a Copa seja aqui. Não especifica quais mudanças. Mas, boa coisa não é. Suspeito que serão alterações que garentem que o povo será obrigado a arcar com despesas e o que mais vier.

A lembrança que me vem é aquela do povo do Egito, trabalhando para construir as pirâmides dos faraós. Como se sabe, as tais são túmulos. E o Brasil já vem construindo o seu há muito tempo. Vinde em nosso socorro Amon-Rá.
Emanoel Barreto

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Povo feliz

Caros Amigos,
Desenha-se, no céu escuro da vida brasileira, mais uma intentona contra o dinheiro dos cidadãos; paradoxalmente, sob os aplausos deslumbrados de expressiva parcela da sociedade - e por que não dizer, de quase toda a sociedade: a decisão insana de trazer para o Brasil a realização da Copa do Mundo em 2014, como se isso fora de importância capital para um povo com altas taxas de analfabetismo, ensino público raso, universidades sufocadas, saúde cambaleante e insegurança a mão-cheia.

Para ajudar a bater o martelo, um grupo de governadores, auto-denomimado "caravana de governadores", viajará a Zurique para manifestar à Fifa seu apoio à idéia enlouquecida da CBF em realizar aqui a Copa. São eles: José Serra, Sérgio Cabral, Aécio Neves, José Roberto Arruda, Jaques Wagner, Blairo Maggi, Eduardo Braga, Eduardo Campos e Cid Gomes.

A presença desses governadores reafirma o que Nelson Rodrigues chamava de o "nosso complexo de vira-latas": representantes do Estado metem-se, imploram a uma entidade privada que traga para aqui o seu circo, certamente garantindo que serão bons meninos e darão a contrapartida: os trinta dinheiros para pagar a conta.

Os custos de uma tal empreitada, entretanto, serão astronômicos. Serão, na verdade, custos sociais, pois evidentemente o dinheiro do contribuinte é que sancionará a farra fotebolística; ou alguém pensa que a iniciativa privada vai despender dinheiro com o convescote da bola?

Será, literalmente, dinheiro retirado à sociedade; serviços essenciais, mantidos pelo governo, sonegados aos carentes para atender aos apetites de governantes insensatos. Será uma espécie de crime de lesa povo. Lamentavelmente, o mesmo povo que irá aos estádios aplaudir, gritar, sofrer, esperar que a Seleção seja campeã. Pobre gente.

Como diz Zé Ramalho: "Povo marcado, povo feliz..."
Emanoel Barreto

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

PT e PSDB fecham negócio pela CPMF

Caros Amigos,
Após o arquivamento da representação do PSOL contra o senador Eduardo Azeredo, tido como o grande maestro do mensalão, cujos cordéis teria manbipulado antes mesmo de ser senador pelos tucanos, PT e PSDB, dizem as coisas de jornal, estariam prestes a fechar negócio em favor da aprovação da CPMF.

Os - poderíamos chamar de próceres? - do partido garantem que não foi selado qualquer acordão, advertindo aos curiosos que os atos de Azeredo foram cometidos antes de ele ser senador. Ou seja: pecado velho não conta. O tempo se encarrega de apagar as culpas ou pelo menos levá-las para locais profundos da consciência, escondendo-os no cofre onde os políticos ocultam suas misérias e vergonhas.

Além de arquivar a representação contra Azeredo, a Mesa do senado, sob o comando do petista Tião Viana, sobrestou a decisão de encaminhar a sexta representação contra o senador Renan Calheiros ao Conselho de Ética. Aí, já para agradar ao PMDB.

Como se vê, as coisas começam a se encaixar. Os tucanos começam a manobrar para tirar algum proveito da mesa farta do governo, é claro. As alegações do tucanato deverão ser muitas, para essa forma de adesão foscaao governo. Eles, os políticos, sempre têm muitos argumentos para justificar seus mais pegajosos atos.

A sujeira sempre é lavada aos olhos públicos. Depois, eles dizem que é apenas um cisco na vista do povo. Fazem vista grossa a seus atos impunes e voltam ao plenário como se estivessem vestidos de virtudes.
Emanoel Barreto