sábado, 5 de janeiro de 2008

A vida remasterizada

Caros Amigos,
E cá estamos nós: em 2008. Hoje é o quinto dia do ano e o que temos nós? Literalmente um ano igual ao outro, igual aos 2007 que o antecederam: haverá mortes, tragédias, desastres, corruptos continuarão livres, pessoas bem intencionadas ficarão perplexas com a hediondez universal tornada hábito, norma, padrão exigível para quem queira chegar a algum lugar. É triste.

É a vida remasterizada, re-vista sem repetir-se na unicidade dos fatos, mas revendo-se em essência. Afinal, cada tragédia será única no mundo, bem como os desastres e os atos de libidinagem financeira dos corruptos. Vem aí o Carnaval, onde todos devem despejar sua carga de pecados, delícias e desejos. Esgotada esta, virá a Semana Santa, aplacando consciências e culpas.

Depois, segue a vida. Com seus mistérios e perigos, grandezas e descortínios da paisagem imensa da beleza, que de qualquer maneira existe, seguirá ela rumo ao amanhã. Vamos junto.
Emanoel Barreto

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

A volta de Uri Geller

Caros Amigos,
As coisas de jornal informam que Uri Geller, aquele que nos anos 1970 surgiu no mundo da notícia como um fenômeno, um homem capaz de dobrar colheres de metal e consertar relógios com o poder da mente, ataca outras vez: agora, anuncia que procura um sucessor, mas que, mesmo assim, não pretende se aposentar. Há uma certa incoerência nisso, mas, tudo bem. Como ele gosta de ser o espetáculo é até compreensível, percebe?

Pois bem: apostando no sucesso dos reality shows, promoverá um concurso numa TV alemã, para encontrar pessoas que tenham "talentos incríveis". Dessas, uma será seu "sucessor". A produção será levada a outros países, até o apogeu: em mais alguns anos, ele fará a escolha final, com um reality show em Las Vegas. Melhor lugar, claro, não existe para tal façanha...

Na sociedade do espetáculo, o israelense pretende tirar o maior proveito. Num mundo onde a fascinação vale mais que a realidade, quando a simulação e a dissimulação imperam sobre mentes que estão adestradas como aquele cãozinho de Pavlov, as proezas de Geller chegam bem a calhar.

Povos inteiros passam fome, nações se curvam ao peso da pobreza e da miséria; na intimidade de casas, no oculto das palafitas, no esconderijo amargo de corações aterrorizados, a condição humana grita seu uivo mais doloroso. Enquanto isso, tipos como Geller se aproveitam da situação planetária de pão e circo para encher os olhos das pessoas de fatos incríveis ou situações no mínimo ridículas, como o BBB, que pautam a agenda do público e se inserem no cotidiano - como se o mexerico fosse algo de importante, como se a decência seja algo deplorável.

Não tenho dúvida de que o sucesso será estrondoso e até suspeito que o programa venha a ter sua versão brasileira. Enquanto isso, oremos.
Emanoel Barreto

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Ferro, sangue, fogo

Caros Amigos,
A violência volta a mostrar sua face mais indignamente brutal no Quênia.
A eleição presidencial, como espoleta do ódio, permitiu a explosão de ódios tribais, distribuindo com espantosa eficácia, dor, medo e sofrimento. É lamentável como, na África, populações inteiras são submetidas a sistemas sociais onde imperam situações históricas que privilegiam minorias e repartem, sobejamente a fome, a exclusão, a angústia.

E tais situações devem ser debitadas aos países ocidentais que, especialmente a partir do século 19, intervieram de forma espoliadora e desumana sobre povos e culturas consideradas por tais países como bárbaras e inferiores. A simetria material e econômica entre povos tão diversos, assegurou ao Ocidente uma cruel e longa hegemonia sobre os povos africanos dominados e colonizados.

O resultado é o que vemos agora: povos, cuja identidade foi violada, herdaram, após a saída dos colonizadores o que deles havia de pior, somando-se a isso as desavenças internas. O Quênia, em seu momento atual, é apenas mais uma demonstração de como a África precisa encontrar-se em seu destino. A brutalidade que jornais e TVs de todo o mundo exibem é reflexo tristemente claro do quanto homens, mulheres e crianças, naquele continente, sofrem com o peso esmagador do abandono, da corrupção, da insensibilidade.
Emanoel Barreto

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Que venga la vida...

Caros Amigos,
Que o ano novo seja
como a taça de campanhe,
que alegra o instante fugaz
da vida em festa.
e jamais como a gota
de cicuta do cotidiano atroz e perigoso.
Abraço grande.
Emanoel Barreto