sábado, 21 de março de 2009


A História do Brasil revista e ampliada (2)
Emanoel Barreto

Ao contrário do que dizem os livros escolares, quem proclamou a independência do Brasil não foi Dom Pedro I. A independência foi proclamada por Tarcísio Meira, em aclamado filme produzido durante a ditadura. O filme tinha por objetivo contar a vida e a obra de Dom Pedro, mas Tarcísio Meira, que pretendia uma vaga de senador biônico, aproveitou a oportunidade e praticou um ato heróico: deu-nos a independência e tomou o lugar de Dom Pedro. Esperto, não? Assim nos tornamos independentes.

Meira foi desafortunado. Não conseguiu sua pretendida vaga de senador biônico. Pegou um táxi e foi À Rede Globo pedir emprego. Conseguiu. Afinal, era de boa política para a Globo ter a seu serviço o campeão da Independência. E Tarcísio ficou. Ganhou muito dinheiro. Tempos depois ele participou da minissérie "A muralha".

Ali, ao longe, via-se uma massa escura. Todos pensavam que fosse uma muralha. Daí o nome da minissérie. Tarcísio liderou uma expedição para desvendar o mistério e, de olhos arregalados, descobriu: era São Paulo, já naquele tempo poluída. Assim São Paulo passou a ser do Brasil. Antes, era do Paraguai, motivo da Guerra do Paraguai.

........No próximo capítulo trataremos da fundação de Brasília.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Índio não quer apito
Emanoel Barreto

Com a demarcação contínua da reserva Raposa Serra do Sol, os índios, os verdadeiros donos do que hoje chamamos de Brasil, obtêm vitória histórica. Povos indígenas oprimidos, chacinados, contaminados pelos nossos piores vícios e indignidades foram, ao longo do tempo, perdendo identidade, cultura e terras. Especialmente terras, que são o que interessa aos poderosos.

Agora, de alguma forma isso se repõe e os indígenas, organicamente encaixados na sociedade branca, conseguem funcionar como sociedade civil e readquirem um patrimônio que sempre fora seu, embora conspurcado.

Há vozes discordantes, vozes que defendem o "progresso", o "desenvolvimento", ou seja: o uso da selva como região de plantio ou o que seja, qualquer coisa, desde que dê lucro. Diz-se que é terra demais para os índios. Mas esquecem o que foi feito com esses povos e o que a nossa sociedade fez com a chão da terra chamada Brasil.

quinta-feira, 19 de março de 2009

E no Senado, os senadores senam...
Emanoel Barreto

As coisas de jornal da Folha informam: 1) Senado "descobre" ter mais de 2 diretores para cada senador.

2) Nos últimos oito anos, número de cargos de direção na Casa saltou de 32 para 181.

3) Congressistas se disseram surpresos, mas criação de diretorias, algumas com só uma pessoa, foi aprovada por votação em plenário.

.......... Perplexidades filosóficas: a criação desses cargos significa que os senadores estão senando? Mas como senam, se não acenam com o lenço branco da verdade, mas se assentam sem assear-se de mãos que não se lavam? Não sei, não sei, não sei. Só sei que dessas mãos respingam gotas de um orvalho de imoralidade. E isso não se lava. Se leva e se esconde. Os senadores senam e essa cena querem manter no limbo. Escuro. Muito escuro.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Se não tem pão, coma brioche
Emanoel Barreto

Com as mudanças no mercado de capitais, a insegurança, como dizem "eles", os bancos agora estão querendo tirar muito de quem já tem pouco: agora "eles" estão querendo que o governo autorize a redução na renda das cadernetas de poupança, a fim de beneficiar quem?, quem?, quem? "Eles", naturalmente.

Os mecanismos de poder, as diversas formas de homens ou grupos de homens determinarem o que os demais devem ou podem fazer, são muitos. Um destes mecanismos é a posse, a propriedade e o controle do dinheiro.

E os bancos, agora, intentam mais uma manobra, a incidir diretamente sobre o pequeno poupador, aquele que não tem informações nem disponibilidade financeira para investir em fundos ou ações.

A redução no rendimento da poupança, que já baixo, corre o risco de cair ainda mais. "Eles" não querem e sequer cogitam de abrir mão de seus polpudos lucros, lucros advindos da usura social que desaba sobre os mais fracos. É histórico: sempre que as elites perdem, se é que perdem, mesmo que seja só um pouquinho, tratam de aumentar o fardo dos que trabalham para sustentar a sua inércia.

Não é justo. Mas é o que está posto. E se o povo não tem pão, como dizia a rainha Antonieta, que coma brioche.

terça-feira, 17 de março de 2009

Ele é um bom companheiro
Emanoel Barreto
Deu na Folha: O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que o pagamento pela seguradora AIG de bônus de US$ 165 milhões aos seus funcionários é um "ultraje ao contribuinte americano" e afirmou que o governo fará de tudo para reverter a decisão. "Essa não é apenas uma questão de dinheiro, é sobre valores fundamentais.""Por todo o país, existem pessoas que trabalham duro e cumprem suas responsabilidades todos os dias, sem o benefício de resgates governamentais ou bônus multimilionários. E tudo o que eles pedem é que todo mundo, desde "Main Street" (rua principal, uma referência à economia real) até Wall Street e Washington, jogue com as mesmas regras. Essa é uma ética que nós temos que exigir."

.......Os gerentes, criadores e usufrutuários da crise, agora querem um home care para sair do choque. Procupadíssimos com sua aflitiva situação, não se cansam de encontrar novos meios para locupletar suas vontades de dinheiro, mais dinheiro.

As elites que geraram a atual situação encontram-se em plano privilegiado: após arrombar o cofre social, querem que desse mesmo cofre saia sua própria solução. Trata-se de um processo perverso em que a vítima, o mundo todo, é obrigada a ressarcir de uma de forma os seus algozes.

As economias cambaleiam, gente perde emprego em todo o mundo, mas os responsáveis exigem dinheiro, bônus cruel para atender a seus instintos. Oremos.

segunda-feira, 16 de março de 2009

A voz que então falava
Emanoel Barreto

É terror, é medo, é desespero?
É, é tudo isso e ainda desamparo.
Na boca presa o coração estala.
Na alma tensa o sol já se apagou.
Depois, vem mais um dia.
E quando o dia acaba a voz que falava é silêncio, cicio, noite mortiça, neblinas, negror.