sábado, 9 de maio de 2009


Os anos 50, os anos dourados
Emanoel Barreto
Os tempos passados são sempre os melhores: no calendário da memória estão as relíquias mais queridas, perfis mais amigos, um certo ar de inocência e graça. Até mesmo estado de graça. É assim que vejo os anos 50. Natal sem televisão, a Rádio Poti era a nossa TV Globo. Tinha até um cast de artistas, programas dominicais e uma programação imbatível.
Ainda me lembro de um programa "Telefone pedindo bis", em que uma menina, a depois minha amiga Nadja Lopes Cardoso, sempre telefonava pedindo que se tocasse mais uma vez "Is now or never", com Elvis Presley. No fim, as mais pedidas tocavam outra vez.
Tinha também o noticioso "O Galo informa". E, quando o galo cantava em edição extraordinária, Natal parava. Era o mesmo efeito que tem hoje o plantão do Jornal Nacional. Ao meio dia, um programa de humor, onde se destacava o personagem Toxó, bobo que só ele. Mas suas besteiras davam o tom da piada. Todo o roteiro era produzido por artistas da Poti.
A locutora Sandra Maria era uma das mais belas vozes. Na Rádio Nordeste, aos domingos, o "Balança mas não cai", produzido no Rio. Às sete da noite, na Poti, "Jerônimo, o herói do sertão", cujas fitas vinham da Rádio Nacional. TV chegou a Natal nos anos 60, por iniciativa do empresário Luis Cavalcanti, que tinha uma loja famosa a Casa das Máquinas.
Mexi um pouco nas gavetas da memória e esses personagens saltaram para me abraçar. Espero que abracem você também.

sexta-feira, 8 de maio de 2009


O ladrão atencioso: rouba, mas amanhã devolve
Emanoel Barreto

Deu na TV: nos Estados Unidos, um assaltante invadiu com calma e diplomacia uma loja e exigiu que o balconista lhe entregasse 50 dólares. O homem ouviu o anúncio de assalto, manteve-se calmo e... não entregou o dinheiro. Ao que vi, o assaltante não estava armado.


Ante a resistência, o assaltante pediu para falar com o gerente. O balconista ligou para o gerente e passou o telefone ao ladrão que, então, pediu... um empréstimo. O gerente atendeu e, dia seguinte, o homem voltou à loja e devolveu o dinheiro. Disse que precisava dos dólares para pagar um táxi. E, como estava sem dinheiro, resolveu fazer o assalto que se transformou em empréstimo.


É o que talvez se possa chamar de ética no crime. Na verdade, uma situação fantástica, que dá bem a dimensão do quanto a vida pode ser estranha, até mesmo bondosamente estranha. Trata-se de uma idiossincrasia, esse assalto. Da parte do assaltante, revela um drama íntimo, talvez um pedido de socorro, um discurso comportamental em que alguém, em meio aos seus dilemas internos, se socorre de situação-limite. É isso que ainda me faz acreditar no ser humano.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Tá ligado?
Emanoel Barreto

A manipulação, a alienação, o descolamento dos jovens frente à realidade é algo que preocupa. O consumismo, um hábito, estilo de vida. A tolice, quase um requisito.

No fim, quando se derem conta, estarão de costas para si mesmos e perderão a noção de que o tempo passou.

Vão para o orkut, usem o MSN. Depois, não digam mais nada. Afinal, vc pde sta flando so c a galera e naum ntar q a vda si passouuuu...


terça-feira, 5 de maio de 2009

Valha-me, minha Nossa Senhora!
Emanoel Barreto

Nos Estados Unidos, instituições bancárias foram submetidas a um "teste de estresse", para ver se suportariam a pressão da crise que eles mesmos, os bancos, criaram. Trata-se da mais inimaginável perversão econômica: bancos, veja só, estressados. Mais claramente: atribuiu-se a entidades jurídicas vorazes por dinheiro a condição de viventes, tornando-as sensíveis a choques emocionais. Como diriam os americanos: "Oh! My God!"

Logo os bancos, empresas que trabalham com o capital improdutivo e se regem pelos mais rígidos princípios da insensibilidade e crueldade para com a condição humana, têm, pelos seus donos, a desfaçatez de impetrar status igualitário ao Homem.

Daqui a pouco eles irão falar que os bancos estão com depressão - não a depressão em seu sentido econômico -, mas a depressão mesmo, aquela que se abate sobre aqueles que têm dívidas e prejuízos com as insânias cometidas por esses mesmos bancos.

Brasileiramente, digamos: "Valha-me, minha Nossa Senhora!"

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Conversando com Drummond
Emanoel Barreto

Bêbado, louco ou largamente humano?
Não sei. Não sei. Não sei.

Mas a estátua, com certeza, fala,
em seu silêncio de bronze eterno e sábio:
"Sei que tens razão. Mas, de qualquer forma,
também não sei, não sei, não sei..."