sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Volto a atualizar o Coisas de Jornal nesta segunda. Bom fim de semana.
Emanoel Barreto

Foto: Damon Winter/The New York Times
A miséria do jornalismo
Emanoel Barreto

Os jornalistas padecemos de um mal, praticamos uma espécie de perversidade, mesmo quando não a desejamos. Por ofício, exercitamos uma arte: a de narrar o mundo; estetizando, para dar mais força à narrativa, até mesmo a miséria que queremos retratar, quando a queremos denunciar.

É o que chamo de a miséria do jornalismo. É um processo metalinguístico. Para mostrar o mal terminamos mostrando o mal em forma estética. Algo de que, no fundo, o profissional se orgulha. O impressionismo/expressionismo das fotos são uma forma de subtexto que diz: "Veja como eu sou competente. Veja como eu estou sendo fiel aos fatos."

Aprisionamos, especialmente em fotos, o drama, o horror, o medo, em imagens dessa terrível arte a que estamos presos. É uma espécie de "proteger e servir" que se faz em forma de urgência. E mesmo sendo terrível não pode deixar de ser feito pois, de qualquer forma, é preciso, sim, mostrar o mal - cruel dilema.

Foto: http://www.pibpa.org.br/imagensdb/000949haiti.jpg
Haiti, ai de ti
Emanoel Barreto

Sem utopia, sem pão. Sem chão.
Sem um caminho.


Até isso, o chão, lhes foi perdido.
Assim, nem mesmo a rastros podem ter direito.

Porque de rastros foram colocados
por quem desejava apenas caminhar. Pisando em suas vidas.
Haiti, ai de ti.




Foto: http://espalhamerda.zip.net/images/2cachaca.jpg
As emoções e a pequena eternidade do fim de semana
Emanoel Barreto

Hoje é sexta-feira.
E as emoções
começam a pulsar em todas as garrafas.

 É que a sexta-feira prenuncia
essa pequena eternidade
que se chama fim de semana. 

A festa vira cansaço
e tombamos ao peso
da alegria engarrafada.

Tédio.

Imagem: http://maisessa.files.wordpress.com/2009/04/porco_com_gripe_suina1.jpg
O pavor da gripe suína como jogada de marketing
Emanoel Barreto

O jornalista Walter Medeiros envia transcrição de e-mail que relata uma possível união criminosa para favorecer os grandes laboratórios com o anúncio alarmista da gripe suína.

OMS e farmacêuticas teriam forjado nível de pandemia
por Saúde Business Web*


Governos e entidades na Europa estão pressionando cada vez mais a Organização Mundial da Saúde (OMS) sob suspeita de colusão com a indústria farmacêutica no caso da gripe A (H1N1). Graças à venda maciça de vacinas para combater uma pandemia, os laboratórios podem obter até US$ 10 bilhões de lucros suplementares.


Após investir fortemente em medicamentos, os governos acumulam produtos enquanto a pandemia chega ao seu fim, sem os estragos previstos por especialistas. França, Alemanha, Espanha, Holanda, Estados Unidos tentam revender seus excedentes ou romper os contratos feitos com os laboratórios farmacêuticos.

A situação chegou agora a tal ponto que o Conselho da Europa, que reúne 47 países do Velho Continente, abriu uma investigação excepcional sobre a influência que teria exercido a indústria farmacêutica sobre a OMS, que decretou a pandemia e a elevou ao nível mais elevado de grau de alerta, fazendo os governos se prepararem para o pior.

A investigação deve ter início nesta próxima segunda-feira (18). Os primeiros laboratórios a serem investigados serão: Sanofi Pasteur, Novartis, GlaxoSmithKline e Baxter. O Parlamento russo (Duma) também abriu uma investigação por "corrupção" e chegou a ameaçar se retirar da OMS.

As denúncias contra a OMS começaram a se propagar depois que um membro da comissão de saúde do Conselho da Europa, o médico e epidemiologista alemão Wolfgang Wodarg, não hesitou a fazer uma denúncia sobre "um dos maiores escândalos médicos do século".

"Os laboratórios farmacêuticos organizaram essa psicose". Ele questiona "laços incestuosos" entre a OMS e os laboratórios. Segundo ele, "um grupo de pessoas na OMS está associado de maneira muito estreita com essa indústria".

De acordo com o jornal Tribune de Genève, um estudo do banco americano JP Morgan estima que a venda de vacinas A (H1N1) vai permitir a Glaxo, a Novartis e a Sanofi um lucro suplementar de US$ 7,5 bilhões a US$ 10 bilhões.

A diretoria da OMS promete uma avaliação sobre a maneira como administrou a pandemia. Outro problema é o vínculo entre a OMS e o ESWI, grupo de trabalho científico europeu sobre a gripe, que é financiado pelos mesmos laboratórios que serão interrogados no Senado francês.

O próprio modo de financiamento da OMS, metade privado, metade público, está sendo questionado por suposta opacidade.

*Com informações do Valor Econômico

Foto: http://um-buraco-na-sombra.netsigma.pt/fotos/45/garcia_rodero_vud%C3%BA____16.jpg
Foram eles, foram aqueles negros malditos...
Emanoel Barreto

As elites justificam a necessidade funcional de sua existência a partir de um relativismo simplista: os "pobres", quer dizer, o "povo", é ignorante, estúpido e assim precisa de alguém que o dirija, ou seja: "eles", as elites. Leia abaixo como isso se comprova, em transcrição de entrevista que li na Folha Online, do cônsul geral do Haiti em São Paulo, George Samuel Antoine.

Reportagem exibida ontem (14) no "SBT Brasil" mostra o cônsul geral do Haiti em São Paulo, George Samuel Antoine, afirmando que a tragédia no Haiti está tendo bons resultados para ele e atribuindo a culpa do terremoto de terça-feira (12) à religião.


Antoine deu as declarações à repórter Elaine Cortez sem saber que estava sendo gravado.


"A desgraça de lá está sendo uma boa pra gente aqui, fica conhecido", disse o cônsul. "Acho que de, tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo... O africano em si tem maldição. Todo lugar que tem africano lá tá f...", completa Antoine.


Uma das principais correntes religiosas no país é o vodu, que tem relação com outras manifestações de origem africana como o candomblé e a santeria.


Após a gravação da reportagem, o jornalista Carlos Nascimento informou que foi feito outro contato com o cônsul, que disse ser uma pessoa preparada para o cargo.
....

Uma das manifestações do senso comum das pessoas "cultas" é atribuir às religiões afro esse terrível poder ou pelo menos a intenção e o propósito de (somente) fazer o mal. O fetichismo religioso afro, em contenção histórica com o judaico-cristianismo sempre foi alvo desse senso comum - contenção criada pela hierarquia econômica e social judaico-cristã, que tinha nos negros seus escravos.

A incomprensão, o temor do desconhecido - a religião de "povos inferiores" e subalternizados - criou todo um esquema de pensamento coletivo que atribuiu ao outro, os escravos, o condão maligno de fazedores do mal, inteiramente a isso devotados.

Até mesmo um haitiano, integrante da elite pensante do país, no caso um cônsul, é portador desse discurso facilitador, que se vale de explicação reducionista e preconceituosa para analisar uma tragédia de origem natural.

As religiões afro têm toda uma teologia e uma teogonia, uma ética e um procedimento ritual, do mesmo modo que o cristianismo. Têm também, e é isso que assombra o senso comum "culto", todo um procedimento mágico para intervir no mundo da vida, do mesmo modo que o têm também os seguidores do catolicismo e do protestantismo quando evocam a Deus pedindo milagres.

Pelo exposto, espero que, sob a proteção de Nossa Senhora e também de minha mãe Iansã, a deusa dos raios e das forças dos elementos, o povo do Haiti conseguirá um dia, no longo período do drama histórico, chegar a uma situação de dignidade e vivência de um tempo melhor.

Epa rei, Oxalá! Epa rei, Jesus!




Amigos do Coisas de Jornal,

Tenho tentado entrar em contato para agradecer, mas não consigo. Assim, externo aqui esse agradecimento.

Emanoel Barreto

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010


Foto: http://cache.gizmodo.com/assets/resources/2008/01/car-crash.jpg
Se beber não dirija. Se dirigir não beba. Se TV, não Casoy
Emanoel Barreto

O lamentável comportamento do jornalista Bóris Casoy é demonstrativo exato do tipo de jornalismo praticado às escondidas. Aquele em que o profissional aparece bem na foto, mas não mostraria jamais o negativo que se encontra oculto nos laboratórios da informação ou da opinião.


O texto da Folha que publiquei em post anterior, quando o jornal faz enquete sugerindo que os torturados do regime de 64 deveriam ser investigados da mesma forma que os torturadores é bem claro quanto a isso: aos amigos apoio; aos inimigos, jornalismo...


Imagaem:http://tortura.files.wordpress.com/2006/09/torture-05.jpg
A bizarra enquete da Folha
Emanoel Barreto

A Folha Online está fazendo uma - estranha - enquete com seus leitores. Leia o texto: O Programa Nacional de Direitos Humanos, criado por meio de decreto do presidente Lula, dividiu os ministros do governo federal. O plano prevê a criação da Comissão da Verdade, com objetivo de apurar torturas e desaparecimentos durante a ditadura. O ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) disse que pedirá demissão se o programa sofrer mudanças para investigar os militantes da esquerda armada durante a ditadura. Você acha que o plano deveria investigar os torturados e os torturadores?
63%
1.005 votos Sim
37%
588 votos Não
Total: 1.593 votos
.....
Não é preciso entender muito de jornalismo ou de análise de conteúdo para que se perceba um texto eminentemente editorializado. Há uma opinião no subtexto que afirma de forma bizarra: vítimas devem ser investigadas.

Pergunto: qual a sua culpa? A culpa de serem vítimas? É tão estanho, na verdade tão terrível a posição do jornal, que chega a lembrar a Santa Inquisição, em que os tormentos eram tidos como beneplácito da Igreja para com seus perseguidos.

Lembrai-vos que as penas e suplícios eram aplicados para "purificar" os torturados. Culpados por antecipação, os tormentos serviriam para lavar-lhes as almas. Assim, chegariam ao Paraíso sem culpa...

Haiti, a escravidão histórica de um povo
Emanoel Barreto

A agência Estado, do Estadão, registra um lapso histórico onde se expõem os dramas de um povo subalternizado e explorado:

SÃO PAULO - Colônia da França no Caribe, o Haiti era mais uma peça do sistema mercantilista da Idade Moderna. A ilha era grande produtora de açúcar, enquanto consumia os produtos e engordava o caixa da metrópole. Porém, na esteira da Revolução Francesa de 1789 começaram as movimentações pela libertação do Haiti.

A singularidade do país está no fato de que a independência foi conseguida por um movimento de escravos, tendo à frente o líder negro Toussaint Louverture, em 1804. Nascia então a primeira república negra do mundo. Após a prisão de Louverture por tropas francesas, Jean-Jacques Dessalines passou a liderar a nação e ajudou a consolidar a independência.

O Haiti permaneceu em boa medida isolado durante o século XIX pelas potências europeias que não queriam encorajar rebeliões de escravos em outros pontos. Entre 1915 e 1934, a ilha foi dominada por fuzileiros norte-americanos, durante uma ocupação dos Estados Unidos. Um período trágico da história haitiana ocorreu entre 1957 e 1986, época de domínio do ditador François Duvalier, o "Papa Doc", sucedido em 1971 por seu filho Jean-Claude Duvalier. O chamado "Baby Doc" foi deposto em 1986, pondo fim ao período repressivo.

Pobreza


País de 9 milhões de habitantes, o Haiti apareceu no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) relativo a 2008 na 148ª posição, sendo a nação mais pobre das Américas. Com uma expectativa de vida de 60,78 anos e analfabetismo atingindo 52,9% da população, segundo o site CIA World Factbook, a ilha tem enfrentado instabilidade política crônica.


Em 2004, o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto. Para controlar a situação tensa, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou o envio de uma força de mantenedores de paz, a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). Liderada pelo Brasil, a força tem atualmente 7 mil homens, sendo 1.266 brasileiros.


No ano passado, o Haiti foi ainda bastante afetado por furacões e tufões, que destruíram parte da já combalida infraestrutura local. Foi ainda um dos mais atingidos pelas altas recentes nos preços dos alimentos por todo o mundo, o que provocou uma série de protestos da população local em 2008. As informações são da Dow Jones.
...

O breve perfil histórico dá conta da tragéria oculta pela tragédia: um povo mantido sob escravidão e sofrimento por potências econômicas, de cujo trabalho se aproveitou tudo, antes de ser abandonado à própria sorte - ou desgraça.

Virão agora, já são anunciadas, as "ajudas humanitárias" como um lavar de mãos, um discurso e um gesto que oscilam entre cinismo e hipocrisia, para a seguir ser o país novamente entregue ao caos que se tornou sua rotina, sua sina e seu fado.

Não havendo uma atitude séria, responsável e credível, o Haiti não encontrará forças para se organizar social e economicamente, pois lhe faltam condições estruturais que permitam o surgimento de ações políticas internas voltadas para o desenvolvimento.

Apenas o envio de tropas para manter um frágil equilíbrio na convivência social, significará a manutenção de um estado de coisas onde a desumanização, a barbárie e a violência dos mais diversos tipos serão a nota dominante. A história segue seu curso a partir da relação dominantes/dominados e busca sua permanência a partir de circunstância onde, havendo a paz dos cemitérios, haverá a paz que interessa a quem sempre viveu da exploração e da humilhação da humanidade.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010


Foto: http://vsites.unb.br/ig/sis/jc.htm
Terremoto em João Câmara: tremo só de pensar
Emanoel Barreto

O site http://vsites.unb.br/ig/sis/jc.htm traz o seguinte texto a respeito de terremotos no Rio Grande do Norte, especialmente na cidade de João Câmara.

A sequência de tremores de terra que atingiu este município, em 1986, foi a mais espetacular, a melhor documentada e estudada atividade sísmica já observada no Brasil. O primeiro evento, sentido pelos moradores e por parte da população de Natal, foi registrado em Brasília, em 21/08/86 e alcançou magnitude 4.3.

No mês seguinte (3 e 5/09/86), dois eventos com magnitudes 4.3 e 4.4, também sentidos, provocaram pequenos danos e foram acompanhados por várias outras réplicas. Nas semanas posteriores a sismicidade decresceu, mas, no dia 30/11/86, as 05h 19min 48 s (H.Local), aconteceu o principal tremor de toda a série, com magnitude 5.1.

Ele foi seguido por centenas de réplicas, quatro delas com magnitude maior ou igual a 4.0 . Danos significativos ocorreram tanto na área urbana como na rural fazendo com que grande parte da população abandonasse a cidade.



Ações da Secretaria de Defesa Civil, além de entidades estaduais e federais, ajudaram a minimizar os problemas dos habitantes locais. Os sismos destruiram ou danificaram 4.000 casas e 500 delas foram reconstruidas adotando certas normas anti-sísmicas, desenvolvidas pelo Batalhão de Engenharia do Exército. Os grupos de sismologia da UnB, da USP e da UFRGN desdobraram esforços para documentar, estudar e mesmo orientar as autoridades diante da constância dos abalos sísmicos. O Presidente da República (á época José Sarney) e vários ministros visitaram a área atingida.

João Câmara é um exemplo de que o Brasil não está imune aos terremotos. Eventualmente, atividades similares poderão ocorrer em outras cidades brasileiras.
.......

Ou muito me engano, ou os jornais locais não assumiram como propósito de pauta o aprofundamento da ameaça de um novo sismo no Estado. Seria interessante saber da UFRN detalhes a respeito e, junto ao governo, se existe alguma programação pronta em termos de defesa civil para o enfrentamento de um quadro como o de João Câmara. Acho que os jornais poderiam pelo menos perguntar. Não ofende.






A charge de Jarbas no Diário de Natal. A criatividade chegou aí e parou. (EB)


Dor, sofrimento, abandono...
Emanoel Barreto

As fotos da agência EFE mostram a destruição do terremoto no Haiti. Além da questão social gravíssima e histórica, o país agora enfrenta o desastre natural. Mas não podemos esquecer que as grandes potências têm muita responsabilidade com a situação haitiana. Sem dúvida enviarão "ajuda humanitária", mas, passada a hecatombe, esquecerão o Haiti novamente.

Foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfrDU6-RAJ1M56OFJetCkXQrfk5KlwGD-OegkHzW-V1EmMNXphnrWVZsd-r26cpweN_zvWp53AiSSrdQyVp3n7e1SzN6_kXKTm6XhhPMwWBZsws9IrXY8dnxK9q9xXz-bTVxCgkw/s320/poemas-para-el-dia-del-amigo.jpg
Aquele abraço

Um abraço aos amigos que seguem este blog. (EB)

Foto: http://cidadesdobrasil.com.br/img_cn/IMG17-485-756.jpg
Um abraço e minha saudade a Zilda Arns
Emanoel Barreto

Há pessoas a quem nunca vimos, mas às quais nos sentimos ligados por uma espécie de afeto universal, irmão e amigo. Esse é o caso de Zilda Arns, cuja vida foi levada em meio à hecatombe do Haiti. Fundadora da Pastoral da Criança e Pastoral dos Idosos, exercia o amor à humanidade como missão e gesto de viver. Todos a quem fez bem, um bem que se estendia até mesmo àqueles que prescindiam de seus cuidados, mas eram beneficiados pelo amor social que dela emanava, eram seus irmãos.

Há pessoas assimm como ela:. E suas suas atitudes são extremamente políticas. Política no sentido grego, de vivência na polis, na ágora do mundo onde se discutem, a partir de objetivos retos e dignos, os destinos dos seres políticos.  Sem pedir votos, sem se apresentar como salvadores ou semideuses nascidos no Olimpo do marketing.

Não resta dúvida de que não só o Brasil, mas o mundo, perdeu um grande ser humano. Cuidando de brasileiros, amparava, nesses brasileiros, uma parcela da humanidade. Tinha em sua ação, que se estendia a outros países, um sentido crístico de profunda compreensão da condição humana, nossas limitações e necessidades.

A Zilda, um abraço de irmão e a saudade de quem nunca a viu...




terça-feira, 12 de janeiro de 2010

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010



Para que serve a Lei da Anistia?
Emanoel Barreto

Resposta rápida: para impedir que coisas como as da imagem acima se repitam no Brasil.

Foto: AP/Reuters
Quando o humano é dispensável
Emanoel Barreto

A Folha Ilustrada informa: Angelina Jolie perde status de garota-propaganda por ser "muito famosa".
A atriz Angelina Jolie perdeu o seu posto como garota-propaganda da luxuosa grife St. John por ser muito famosa. Segundo o CEO da grife, Glenn McMahon, a atriz "ofuscava a marca", informou o site The Huffington Post.
"Nós queriamos romper com atrizes e ficar longe de loiras para limpar a nossa paleta", disse McMahon.
No lugar da atriz, a St. John contratou a modelo ruiva Karen Elson, mulher do músico Jack White. Angelina era garota-propaganda da marca desde 2006.
...
Um dos aspectos do marketing das grandes corporações é a adjudicação da pessoa ao produto. O ser humano, o ator social precisa representar o produto, aludir com seu corpo e suas atitudes o que se quer vender, sem que, com isso, venha a liberar-se de ser produto também. Mais que isso: deve ser reduzido à condição de coisa orgânica à coisa que se quer vender. Somente assim será admitido às "leis" do mercado.

Quando a pessoa, sua humanidade se torna evidente, evidente acima da coisa à qual permitiu sua imagem ser adesivada, aí o se dá o dilema: é preciso que a humanidade sucumba à coisa, caso contrário não será mais admissível que continue como seu suporte humano.

O caso da atriz americana é bastante explícito. Como um ser midiático que é, vendeu sua força de trabalho, sua visualidade, esteticamente perfeita, como forma de valorar um produto. Quando os managers da empresa perceberam que o ser humano estaria sendo visto como mais importante que a coisa vendida, retira-se o ser humano, que deverá apenas ser uma prótese aderida ao produto. A humanidade é inadmissível aos olhos do mercado.

Tempos escuros esses que vivemos. Tempos muito escuros.

domingo, 10 de janeiro de 2010


Foto: http://unilar.files.wordpress.com/2009/07/07-03-13_02.jpg
Pensando em voz alta: sérias dúvidas
Emanoel Barreto

Acredito que não creio na crença de que não acreditar e desacreditar os outros é uma forma de viver em paz. Suspeito que quem muito suspeita pode ser suspeito de suspeitar de forma infundada. Temo que quem muito teme não tema temer que assim fazendo nada fará.