sexta-feira, 25 de junho de 2010

De qualquer maneira, ufa! para o PSDB
Emanoel Barreto

Deu na Folha: O senador tucano Alvaro Dias (PSDB-PR) será o vice do correligionário José Serra na chapa presidencial que disputará as eleições deste ano.
Dias confirmou a "convocação" à vice e disse que aceitou a proposta, recebida na manhã desta sexta-feira (25), com "muita honra".
[...] A escolha do senador paranaense vai contra os interesses do DEM, principal aliado do PSDB no plano nacional. Os democratas tentavam evitar uma chapa puro-sangue tucana para emplacar nomes como o deputado José Carlos Aleluia (BA) ou Valéria Pires Franco (PA), vice-presidente do partido.
......

EM MINHAS AULAS de redação jornalística digo sempre aos meus alunos para tomar cuidado com o jornalismo declaratório. Os acontecimentos de declaração, especialmente na política, têm por essência conteúdo ideológico.

Diversamente dos acontecimentos fatuais, que têm começo, meio e fim, sendo portanto mensuráveis em suas causas e consequências, o declaratório muitas vezes é um discurso vazio, ou seja: é calibrado para preencher com sua vacuidade uma certa situação muitas vezes emergencial como é o caso da escolha do vice de Serra.

Observe que o vice diz que "atendeu a uma convocação" e que esta é "honrosa". Ora, nada mais contraditório. Por que a convocação não fora feita antes? E sendo assim é honrosa? Foi por acaso alguma distinção, um reconhecimento, no nascedouro da candidatura Serra, das qualidades cívicas do Senador que certamente as tem?

 Na verdade, ele foi chamado às pressas, a fim de cumprir o que determina a legislação eleitoral. Daí, não houve qualquer "convocação".

Esta foi feita, realmente, no início das tratativas, a Aécio Neves que taticamente a recusou. Segundo se diz, esperava com a recusa, criar ambiente favorável a uma possível candidatura, aí sim, à presidência da República, chegando em meio a uma onda de queremismo, aclamado,corifeu dos tucanos, salvador do seu partido. Mais mineirismo, impossível.

O jornalismo declaratório, é claro, tem importância, desde e quando se revista de plausível objetividade, ou seja, mantenha correlação essencial com fatos e atos coerentes com a assertiva lançada sobre tais fatos ou atos. Quando é usado como desculpa para justificar arranjos é só isso: alguém que falou e disse.

Melhor: é mais coisa de disse-me-disse.

De qualquer maneira, ufa! para o PSDB


gaia ciencia
Quando sai alguma publicação sobre "direito eleitoral" fico a estudar uma alta indagação: se é direito, não é eleitoral, não é mesmo?
Veja só tipa que o UOL escolheu como sendo a "Musa do Jogo".  Mas, sabe que a turma tem razão? Essa foi a cara da partida...
Coisas do Brasil
Emanoel Barreto

GARRINCHA - Volta, Garrincha, volta!

DE TELEVISÃO -  Não adianta: livrei-me de Galvão Bueno vendo o jogo pela Band. Saí da frigideira e caí no fogo: depois do jogo entrou Datena. Dá até pena.

A MALDIÇÃO - O nome "Ronaldo" está mesmo em decadência. Cristiano português Ronaldo parece ser a prova disso. A vaidade não correspondeu ao desempenho.

A BRUXA - Dunga não era um dos sete anões? Por que então não escalou Branca de Neve? Talvez tivesse ajudado mais.
Em vez disso, parece que chamou foi a Bruxa.

DESCULPA - Não lembro quem foi, mas um jogador brasileiro disse que o importante foi ter classificado a Seleção, apesar do zero a zero. Vamos ser então os "campeões morais" como no tempo do técnico Coutinho? Lembra dele? Na época, a Veja deu manchete com ele assim: "Coutinho, o falso brilhante", tirado do bolero "Dois pra lá, dois pra cá".

NÃO VI - Como não vi a Globo, pergunto: qual a desculpa inventada por Bueno para o pífio desempenho da Seleção?

FORRÓ - Se o jogo não chegou a ser um bolero também não alcançou os passos de um forró fervente. No máximo, ficou como no jogo contra a Coreia: só tem véia, só tem véia.

QUEM SABE? - Quem sabe o Brasil não sabe que somente quem sabe e sabe que sabe consegue ganhar um jogo?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

 O DIÁRIO DE BICALHO
Honorável Díário,

Melhorei do pé. O que me estraga é o pensamento. Penso, penso muito, sim. Penso, por exemplo, que está em andamento perigosa e solerte conspiração. Não sei bem o que tencionam os que nela estão mancomunados. Mas, só pelo nome, mancomunados, já se tem uma ideia do perigo que representam.

Estou certo de que um mancomunado é quase a mesma coisa que um munido. Se alguém está munido de alguma sinistra arma, e conversa com outro a meia-voz, à meia-luz, em local suspeito e ermo, temo que estejam aí um munido e um mancomunado. Por isso, digo: jamais se aproxime de um mancomunado. Jamais!

Será morto a golpes de tacape, no mínimo.

Aliás, acabo de ver no dicionário que mancomunado é a mesma coisa que acomunado. Será que comunistas são acomunados? Já pensou o lema "Comunistas, acomunai-vos!?". Quer coisa pior do que isso? Além do sujeito ser comunista ainda é acomunado?

Pois bem: essa conjura está crescendo, se alastrando. Soube que já têm até comissários. Comissários. É, comissários. E o que fazem comissários? Comissários saem por aí verificando, vigiando, chamando e punindo. A meu juízo, todo comissário é culpado, culpados até prova em contrário.

Hoje mesmo senti que fui seguido por um padre, velhinho, coitado. Andava meio curvado e parecia olhar para o chão. Depois percebi: ele me seguia e andava como aqueles personagens de desenho animado. Aqueles bem funestos, sabe? Aqueles que andam na pontinha dos pés, os bracinhos estirados para a frente, as mãozinhas caídas? Um sorrisinho sarcástico no canto da boca? São os piores. Não tenha dúvida.

São mancomunados legítimos. Legítimos, viu?! Legítimos!

Então, o padre velhinho me seguiu e, sabe o que ele fez? Tirou do bolso da batina um terço. Sim, usava batina. Padre tradicional, respeitável na aparência. Tirou o terço e tive a impressão de que já corria para me passar o terço no pescoço. Queria me esganar, o tratante. Nisso, o sinal fechou para os carros (eu seguia por uma calçada) e eu atravessei na faixa.

Sorte minha: o padre parou para entregar o terço a uma menininha que o esperava. Fiquei pasmo: como se vê, até as crianças estão sendo mancomunadas. Aposto que aquela menina saiu dali direto para matar a mãe.

Até amanhã, amigo Diário.

Maria, a Boa
Emanoel Barreto

Dizem no twitter que Maria Boa faria hoje 90 anos. Seu pequeno reino de prazeres, alcova de muitas vênus, secreto território de desejos, fez ferver a Natal da Segunda Guerra. Ali, homens casados iam sorrateiros. Pais levavam filhos para a iniciação nas coisas de Eros.

Dizem lendas que os aviadores brasileiros, os caçadores da Força Aérea, têm até uma foto de mulher nua - como eles dizem, descarenada -, de costas e em pose voluptuosa. Equipagens a disputam anualmente.

Um avião da FAB foi batizado com o seu nome.

A foto tornou-se um troféu, cada equipagem querendo ter a sua posse e para isso promovendo uma espécie de ação tática de assalto - no sentido militar do termo - para apoderar-se do ícone.

Maria foi uma cortesã elegante e desenvolta. Já li que no carnaval desfilava em carro aberto no corso que havia na Avenida Deodoro. Uma afronta a, como direi, à pudicícia de muitas mulheres. Carros enfeitados de serpentina iam de uma ponta à outra da avenida, numa espécie de fórmula um da alegria de Baco e de Momo. Chegando ao fim, faziam a curva e tudo começava de novo.

Os mais velhos devem lembrar-se dela, recolhendo das páginas do tempo de os retratos mais vivos de Maria, a Boa. De alguns talvez o primeiro orgasmo...
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvQTAYz1qSPuYa27Svfziy5gcT0zNYEFEjbvIAqBDKo6EpH3a9PJjlDAfiH5XgEvVZkZOwE0XQaeAMFAXFYnVjPMhhcJkxnjZF_fYsMr4S4w4ZBnaFDboWkME2M4XgiQg-40Ce/s1600-r/DSC01792.JPG
Globo veta entrevistas de Galvão Bueno: gato escaldado tem medo de água fria
Emanoel Barreto

Diz a Folha: Após ser procurado por várias emissoras para falar sobre o movimento "Cala Boca, Galvão", o apresentador foi proibido pela Globo de dar entrevistas a outros veículos, destaca a coluna desta quarta-feira de Mônica Bergamo.


O movimento ganhou força no Twitter desde o início da Copa do Mundo-2010, quando a frase, repetida por inúmeros usuários, figurou por cerca de uma semana nos tópicos mais comentados do mundo.

Até mesmo o jornal "The New York Times", um dos diários mais importantes dos Estados Unidos, publicou uma reportagem sobre o "Cala Boca, Galvão".

A própria Globo levou ao ar a brincadeira em uma das edições do programa "Central da Copa", apresentado por Tiago Leifert. Na ocasião, Galvão Bueno foi entrevistado e mostrou boa dose de espírito esportivo.
Foi a única declaração de Galvão sobre o assunto.
.....

A GLOBO AINDA deve ter na cabeça de seus pensantes-mores os distantes ecos da campanha "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo". Foi o seguinte: na época das Diretas-já a emissora dos Marinho negou-se a noticiar o movimento, chegando ao ponto de mostrar uma grande manifestação popular como "uma festa para comemorar o aniversário da cidade de São Paulo".

A omissão deliberada é, no jornalismo, um processo ativo de ação comunicacional. Pelo inverso, mas é. Pois bem: quando se percebeu a manobra da platinada, houve protestos, repórteres foram agredidos e viaturas atacadas. Acho que até queimadas, acho.

Agora, com o twitter, o Galvão é a bola da vez. Como vozes poderosas em uníssono gritaram pela net seu repúdio à emissora, eles estão escaldados. É preciso entender que figuras midiáticas são também um produto.

Com Galvão desacreditado, como a Globo pode angariar anunciantes para as coberturas de jogos de futebol e outros? Pelo sim, pelo não, eles estão preferindo esfriar o assunto. É o velho medo de água fria...


Não vai dar certo, Serra; não vai dar...
Emanoel Barreto

A charge de Angeli, na Folha, é sugestiva. Um ícone caricatural serve de indício à situação do candidato Serra: enquanto uma primeira pesquisa sugere - apenas sugere, a situação pode mudar - um certo esboroar de sua pretensão de chegar à presidência, o interlocutor na cena da charge é bem mais expressivo: demonstra que o tempo se esgota e nada de surgir um vice de Serra.

O tucano luta então contra dois problemas: primeiro e mais urgente, encontrar, eu até diria implorar para que alguém se arrisque a ser seu companheiro de chapa; a segunda adversidade já é patente: Serra na verdade não enfrenta Dilma. Ele está às voltas com uma poderosa figura midiática chamada Luiz Inácio Lula da Silva, do alto dos seus 85% de aprovação social.

Lula já foi comparado a Getúlio Vargas pelo professor Werneck Viana, que com muita propriedade encontra traços de getulismo em sua figura. Você pode ler esse texto na net, bastando digitar em algum mecanismo de busca a expressão "estado de compromisso". Ali verá detalhadamente o precioso artigo de Viana.

Lula, diz ele, equilibra, uma delicada relação de contrários. São eles homens do agronegócio e representantes dos sem-terra, a elite financeira e cabeças que pensam mais à esquerda. Todos têm assento e alguma forma de pressão dentro do governo ou "estado de compromisso". Leia Werneck e entenderá mais detalhadamente.

Pois bem, voltando a Serra: se Lula consegue, como uma enguia política, congregar tantos interesses contraditórios, atender aos ricos e aos pobres e em seu getulismo apaziguar a gregos e baianos, não terá dificuldade - já está demonstrando - arregimentar um discurso pró-Dilma que também atenda a uma pletora social variegada.

Serra, esteja certo, já perdeu essa campanha. É um candidato fisicamente feio, não tem carisma e sua tentativa desesperada de se eleger invocando uma infância antepassada de rapazinho humilde dará em nada. Esse passado ideológico não vai surtir efeito. A figura não coincide com o passado "nobilitante" de "ter sido um pobrezinho filho de um vendeiro".


quarta-feira, 23 de junho de 2010

O DIÁRIO DE BICALHO

Prezado Diário,

Sinto que sou vigiado 24 horas por dia. O motivo é simples e a perseguição é antiga, mas somente esta manhã pude dela me aperceber: como dirijo um grande escritório de contabilidade tenho cliente ricos, melhor riquíssimos, pior magnatas das altas finanças, donos de grandes construtoras, gente do alto comércio, até mesmo internacional.

Assim, numa conversa ocasional com um deles, notei que olhava sorrateiramente para mim. Motivo: como eles sabem que eu sei que eles sabem que eu sei de suas maracutaias, infringências e que tais, esse olhar me revelou que posso ser morto a qualquer momento.

Tive a nítida impressão que ele estava munido, veja bem, munido de terrível arma de fogo, pronto a me liquidar a qualquer momento. Já pensou? Munido? Munido é uma palavra que dá até medo de pensar. Munido, amigo Diário! Munido! Munido!

Um homem munido e eu sem nada para me defender. Agora já sei: quando perceber um munido, fecho o bunker do escritório, chamo a minha sogra - que também é munida - e o deixarei às voltas com ela.

Portando grande e poderosa clava, saberá vibrar-lhe vigoroso golpe no centro do crânio e dar-lhe o destino certo. Quanto a mim, continuarei a tomar precauções. Afinal, nunca é demais estar munido de uma séria desconfiança das coisas deste mundo. Até eu, veja só!, munido...
PS: estou com um pouco de dor de cabeça. Vou passar num hospital e ver se eles me internam. Mas, e se um dos médicos for um louco e quiser me usar como cobaia? Dizem que as mais horrendas experiências são feitas nos hospitais. Vou não. Até porque a dor passou para o pé...
www.vivaviver.com.br/gastronomia
E se foi Lourival, o Primeiro Ministro da cachaça
Emanoel Barreto

E se foi Lourival.
Lourival das tardes cervejeiras na Deodoro, quando o Diário de Natal era referência, poder, glória jornalística estampada em notícias tão poderosas e tão passageiras.

E se foi Lourival.
Senhor de tira-gostos imbatíveis, cervejas preciosas ciosamente guardadas, cana da boa servida em copinhos que todo bom bebo conhece. Ainda lembro de um grito: "Taje-baaaaaa!". Era alguém chamando um garçon que tinha por lá. E ele chegava, já com a gelada estourando a tampa.

Depois, parti em outras naus, cruzando mares nunca dantes navegados. Perdi contato com ele, nunca mais vi o Primeiro Ministro da cana. E agora, quando no twitter entro, lá está a notícia: Lourival morreu.

Não, não acho que morreu. Prefiro entender que apenas se sumiu. Todos nós nos sumimos. Um dia nos sumimos. Somos encantados, saímos, pedimos licença da vida, sei lá...

Mas, se eu pudesse, gritava: "Taje-baaaaaaaaaa! Traz aí, rapaz, traz Lourival de volta!"

terça-feira, 22 de junho de 2010

 http://musicadaquinta.zip.net/images/paisagem1pb3.png
Jamais ide a um lugar grande demais. A um lugar onde não tenhais coragem da imensidão.
 http://webventureuol.uol.com.br/multimidia/fotos/foto_14834_2004-03-15_grande.jpg
O sertão é uma grande espera
Emanoel Barreto

O sertão é uma grande espera, dizia Guimarães Rosa. Temos o sagrado fado da coragem severina, o pulso forte da mão calejada, o gesto franciscano da prece ingênua e sincera. Tudo isso em meio à grande, incerta, travessia. É essa a nossa grande espera; insone, perene como o nosso sertão, eterna como o próprio tempo.

Pernambuco e Alagoas sofrem com a chuva que de repente caiu. Pesada como barragem que arromba, poderosa e sem pena como o o fardo de um madeiro. Vai sertão, vai sem parar em tua espera. Vai nordestino, vai. E cumpre tua sina de ser corajoso e, antes de tudo, um forte. Súplica Cearense

(Composição: Gordurinha e Nelinho)

Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado

Pedindo pra chuva cair sem parar


Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol arretirou

Fazendo cair toda a chuva que há

Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho

Pedir pra chover, mas chover de mansinho

Pra ver se nascia uma planta no chão

Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,

Eu acho que a culpa foi

Desse pobre que nem sabe fazer oração


Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa

Pro sol inclemente se arretirar

Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno

Desculpe eu pedir para acabar com o inferno

Que sempre queimou o meu Ceará



A Globo não é dona da Seleção
Emanoel Barreto

Uma nova campanha na net critica duramente a Rede Globo. A emissota move campanha contra o técnico Dunga, que acabou com os privilégios da emissora. Os repórteres de Globo sempre obtiveram entrevistas exclusivas com jogadores da Seleção e agora isso parou. Dunga nivelou todos os veículos de comunicação o que causou a ira global.

Historicamente a Seleção tinha se constituído numa espécie de produto da Rede Globo. No imaginário coletivo se construía a ideia de que a Seleção era o mesmo que uma novela, o Fantástico ou o Jornal Nacional - a equipe era parte da grade de programação da emissora.

Agora, com a Bandeirantes também transmitindo os jogos da Copa, espero que tenha se acabado o monopólio.  Mas, como também se o "inimigo" da Globo.

É importante a quebra de monopólios. Em qualquer segmento da vida o predomínio de um grupo somente faz mal à sociedade. No campo da comunicação então é inaceitável pelo fato de que - no seja "real" e portanto merecedor de divulgação, e o que é "irreal" e não deve ser divulgado.

No momento é "real" para a Rede Globo que o técnico Dunga não é um bom técnico, tanto que "não tirou Kaká" de jogo, permitindo assim que o jogador fosse expulso. É pela manipulação de paralogias assim que a Globo se firmou.

Afinal, manipular a cabeça das pessoas é parte do negócio dos Marinho. Mesmo assim, há resistências. Cabeças que pensam, vez por outra começam a falar mal da Globo. Como se dizia nas Diretas-Já, "o povo não é bobo; abaixo a Rede Globo."




domingo, 20 de junho de 2010

http://imgs.sidneyrezende.com/srzd/upload/g/a/garrincha_copa_58.jpg
Volta, Mané, volta!
Emanoel Barreto

Volta, Garrincha, VOLTA...
E faz o gol que está escondido e ninguém sabe aonde está.

Volta, Garrincha, volta.
E diz que os anjos do futebol ainda existem.

Volta, Garrincha, Volta.
E diz que ainda é possível ser feliz.

Volta, Mané, Volta!
Volta, Mané. Volta!

Eu também sou torto, Mané!
E quero um gauche para fazer o gol que nunca fiz...
Volta, Garrincha, VOLTA!
http://botecodabola.files.wordpress.com/2007/11/154.jpg
Creio em Deus, mas, será que Alá e Iansã não podiam dar uma mãozinha à Seleção?
Emanoel Barreto 

Quando menino logo me ensinaram a rezar. Antes de dormir cumpria o seguinte ritual, pequena solenidade de menino: um Pai Nosso, uma Ave Maria, o Creio em Deus Pai, o Santo Anjo do Senhor, a Salve Rainha e um pedacinho do Salmo 90.

Mas, garoto esperto, e fruto de minhas divagações duvidosas quanto à existência de Deus, todo esse corolário também era dirigido a Alá, a Maomé - que eu promovera também a deus, mesmo ele sendo apenas o profeta de Alá -, a Buda, à divina tríade Brama, Xiva e Vixnu, além de Tupã e o Grande Manitu, o deus dos índios americanos. Ou seja: pensava eu: "Se um não existir, pode ser que o outro exista e assim estou garantido."

Depois, tranquilizado, podia dormir em paz. Mas, às vezes, também pensava: "E se não existir nenhum?". Mas isso era demais para as minhas especulações infantes. Deixava pra lá e dormia enfim.

Hoje não tenho dúvida da existência de Deus mas, sinceramente, temo que Ele não tenha muito a haver com nossas coisas miudinhas, o que inclui a Copa do Mundo. Mas, brasileiro que sou, não custa tentar e clamo a todos os deuses pelos quais chamava na infância, incluindo agora minha mãe Iansã e a divina Oxum.

É que na hora do aperto, nosso politeísmo verde e amarelo me leva a apelar para qualquer tábua de salvação. E choro lágrimas de pau-brasil quando vem o grito de gol, pois sei que a nossa patriazinha, tão pobrinha como dizia Vinícius, somente é plenamente feliz quando a bola se encanta com as redes que lembram os mares de Iemanjá.

GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLL!!!!!!!!!!