sábado, 4 de setembro de 2010

Serra volta a Pai Véi em desespero e pede que ele arranje voto. O macumbeiro aconselha:

O Pixador fez uma pesquisa e Serra foi pesquisado...

Resultado da Pesquisa do Pixador

Parece que falhou
Emanoel Barreto

Diz a Folha: Pesquisa Datafolha realizada ontem e anteontem em todo o país mostra estabilidade no quadro eleitoral: Dilma Rousseff (PT) oscilou de 49% para 50% em uma semana, e José Serra, que estava com 29%, tem 28%. Marina Silva (PV) está com 10%, contra 9% da semana anterior.
...

ISSO, A PRIORI, é indicativo de que não há um movimento de opinião pública adesista à campanha pela desestabilização da candidatura Dilma. Para que se configurasse tal situação seria necessário algo mais: uma mobilização de sociedade civil, o que não se dá.

O discurso enfático da mídia em torno do assunto visa suscitar essa mobilização. Com isso ganharia algo importantíssimo a qualquer empreitada político-ideológica: legitimidade. Ou seja, quando o discurso de um grupo orgânico se transfere ao social há como que uma transubstanciação ideológica: a essência migra do emissor do discurso e se imbrica ao rumor das ruas que o emplastra à consciência civil desperta por esse mesmo discurso inicial.

Ao que tudo indica esse processo não está, até o momento, ocorrendo. A reivindicação serrista para que seu falar se coadune às ruas não está obtendo o resultado desejado. O que todo discurso cobra do socal é exatamente isso: passar a ser social, obtendo consequentemente legitimidade. Parece que falhou.

O pronunciamento serrista intenta, em sua semiose, fazer o que se chama de transnominação. Explico: eles chamam Dilma de ideologicamente corrupta. Tentam tornar a palavra "corrupta" sinônima de seu nome. Havendo isso houve a transnominação. Havendo esta e surgindo o grito das ruas, teriam atingido seu intento. Parece que falhou. Até agora, falhou.

A análise abaixo é excerto
da Folha de S. Paulo

Só uma tempestade pode mudar a maré de bonança de Dilma



MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

A pesquisa Datafolha divulgada hoje revela a estabilidade do cenário eleitoral na disputa pela Presidência da República. É a primeira pesquisa, desde o início do horário eleitoral gratuito, em que a variação na diferença entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) fica dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais.


No levantamento anterior, 20 pontos separavam a petista do tucano. Agora, são 22.


Do empate técnico, que perdurou de maio a julho, Dilma cresceu cinco pontos no início de agosto, após sua participação no "Jornal Nacional" da TV Globo.


Com a propaganda eleitoral, a petista subiu mais oito pontos ao longo do último mês. Agora, oscila positivamente apenas um ponto. Serra caiu oito pontos em agosto, e agora tem oscilação negativa de um ponto.


O quadro pode refletir a cristalização da preferência dos eleitores. O processo de formação do voto -que se sedimenta sobre o grau de conhecimento dos candidatos e os atributos de imagem que o compõem- já apresenta importantes definições.


Por meio de comunicação eficiente, de capilaridade expressiva, a maioria do eleitorado sabe que Dilma é candidata de Lula e sobre ela deposita a expectativa de continuidade aliada à capacidade técnica para exercer o cargo.


Ela já é mais candidata à Presidência do que candidata do presidente. Prova dessa aparente cristalização do voto encontra-se na evolução do conjunto de eleitores que se dizem totalmente decididos sobre seu candidato.


Em dez dias, esse segmento cresceu quatro pontos e alcança 81%. Hoje, 18% dos entrevistados dizem que ainda podem mudar de candidato. Eram 27% em julho.


Como exercício de projeção, pode-se calcular como ficaria a intenção de voto caso esse estrato dos que cogitam trocar de candidato realmente decidisse fazê-lo.


Dilma ficaria com 46%, Serra com 27% e Marina com 10%. Ainda assim, a petista teria 54% dos votos válidos.


Em condições normais, sem fatos que abalem a concentração do voto de um ou outro candidato, espera-se a manutenção da tendência.


Mas, vale a lembrança de que, em 2006, antes da denúncia dos "aloprados do PT", Lula tinha em 4 e 5 de setembro 51% das intenções de voto contra 27% de Geraldo Alckmin (PSDB). O presidente chegou nas urnas com 45%, o tucano com 38% e houve segundo turno.



sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O Pixador faz importante descoberta

Serra perguntou a Pai Véi, o macumbeiro: "Índio da Costa me ajuda ou atrapalha, Pai Véi?"

E Pai Véi respondeu assim:

Problemas? Veja aqui o que Pai Véi, o macumbeiro, pode fazer por você

Mensagem de Pai Véi: "Tu sofre? Pai Véi ajuda zuçê."
 Fio,
Si fio tá cum prolbema Pai Véi ajuda zuçê a achá a saída. Iscoia abaxo o sirviço e podi comdiserá feito. 

Pai Véi faz:

Arranco unha, dô surra in minino chorão, rezo difunto, fecho e abro casamento, benzo doido, disfaço acordo comerciá, abaxo e assubu preço das coisa, rogo praga a sogra, mato rato, barata, cobra e ôtros inseto, levanto saia de mulé, dô rastera in alejado, puxo cabelo de frêra, milagre de dente pôde qui vira bom de novo, derramo caldo de fejão nas festa, acabo bale, chamo puliça e mando prendê, fêxo porta de cimitero, dispacho pa matá caba ruim, catimbó pa chamá auma do ôto mundo, ispanto lubizome i acabo cum medo de morrê.

Só num prometo inleição de Serra.

http://www.google.com/images?hl=en&q=lisboa&um=1&ie=UTF-8&source=og&sa=N&tab=wi&biw=1003&bih=395
Natal em Lisboa

Walter Medeiros - waltermedeiros@supercabo.com.br


A Semana de Natal em Lisboa foi uma iniciativa importante para o turismo natalense e
potiguar, que certamente justificará o investimento feito, em vista do retorno que

veio e poderá ainda vir, caso os órgãos responsáveis tenham respostas qualificadas a

dar para as demandas. Coincidentemente eu estava de férias com minha mulher, Graça,

e nos encontrávamos em Lisboa durante aquele período. Éramos hospedes da nossa amiga

portuguesa Carol Lopes, cujo apartamento fica a três quarteirões do Shopping
Colombo, onde foi montado o estande de Natal. Aliás, foi a primeira pergunta que
Mirian de Sousa nos fez: - vocês estão na comitiva? Não estávamos, mas sentimos uma
emoção boa, ao ver as coisas de Natal sendo apresentadas aos lisboetas.

O fato de não termos nenhum vínculo com a Prefeitura de Natal nos deixou muito à

vontade para observar as ações naquele momento e ter uma avaliação isenta. Ao nosso ver, as gestões feitas junto às autoridades eram as que tinham de ser feitas e

deveriam gerar uma sintonia capaz de desencadear um interesse além do espontâneo dos

potugueses por nossa cidade. No estande, entretanto, acreditamos que o trabalho foi

meio apático. Não parecia que estavam oferecendo nossa cidade à visitação e amizade.


Os atrativos foram parcos, como algumas peças de artesanato que não enchiam duas

mesas, e uma folheteria na qual muitas outras cidades brasileiras pegaram carona,

como Salvador e Rio de Janeiro. Em meio aos folderes, revistas e jornais, duas ou

três demonstadoras pouco informadas. Aí estava um ponto não tão positivo, mas não
suficiente para dizer que a iniciativa não teria sido válida.

Por outro lado, a mídia portuguesa praticamente ignorou o evento, que tinha tudo
para repercutir e transformar-se em novas oportunidades para Natal, seu povo e seu
empresariado. Até porque em Lisboa poderia ter sido aprendida muita coisa que,
trazida para nossa capital, levasse outros benefícos à nossa população. Cito um
exemplo. Fomos fazer um tour com a nossa amiga Carol e outra amiga portuguesa, Ana
Maldonado. Na visita ao Castelo de São Jorge, uma agradável surpresa: a entrada é
paga, mas os moradores de Lisboa são isentos; basta apresentar qualquer documento
comprovando ser natural ou residente na cidade. Acredito que seria uma boa idéia
copiar a isenção, concedendo aos natalenses a gratuidade nas visitas a monumentos
como o Forte dos Reis Magos. Além de levar os conterrâneos a visitarem e valorizarem
o monumento, estimularia a que levassem os visitantes para aqueles pontos históricos
e turísticos.

Ainda em Lisboa tomamos conhecimento do burburinho em torno da viagem. Não sei se o
número de pessoas foi o mais adequado nem tenho elementos para achar que não teria

sido. Deixei por conta da suposição de lisura e boa intenção, para enxergar a viagem
do chamado Vôo Colombo como uma iniciativa valiosa para Natal. Sabe-se que na área
de turismo essas idéias de convescote são muito fluentes, mas é preciso conhecer
para poder trabalhar essa indústria tão importante para a nossa capital. Por tudo
isso não acredito que a Semana de Natal em Lisboa tenha sido um fracasso. Ela pode
não ter sido conduzida da melhor forma, pode ter sido perdida a oportundiade de
movimentar melhor o estande e até de aproveitar a mídia. Mas acredito que o evento
estava no caminho certo.

Além do mais, esta capital tem a sorte de contar com vôos diretos para Lisboa e
vice-versa, e isto também favorece a muita gente que se destina a Natal, vinda de
outros países da Europa. Trata-se, portanto, de um ponto importante para todos, que
podem incluir a capital portuguesa no roteiro. São variantes que não se delineiam
em meses ou mesmo apenas um ano. É preciso um perído maios de tempo para avaliar
esses resultados ou até mesmo as suas influências, por menores que possam ser.

Se a vinda de turistas estrangeiros diminuiu como um todo, e se o turismo em Natal ficou
mais caro, não acredito que se deva culpar somente essa origem - Lisboa. O fato é
que a iniciativa trouxe uma experiência a somar-se ao conjunto de oportunidades que
nossa cidade tem e que precisam ser bem trabalhadas e aproveitadas por todos. Para
tanto, é preciso promover uma sustentação dessa oferta junto aos portugueses, que
têm uma ótima idenficicação com Natal, não só para o turismo, mas também para
outros investimentos.

Serra faz nova consulta a Pai Véi, o macumbeiro, para saber seu destino político

 Serra teme atacar Lula

Vejo no IG: Em entrevista exclusiva concedida ao iG nesta sexta-feira, o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, José Serra, afirmou ter avisado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre uma suposta quebra de sigilo fiscal de sua filha, Verônica Serra. A conversa, segundo o tucano, aconteceu em janeiro deste ano, na mesma ocasião em que contou ao presidente que planejava representar o PSDB nas eleições presidenciais. No entanto, Serra poupou Lula na hora de cobrar providências. E, mais uma vez, jogou a responsabilidade sobre o vazamento de informações da Receita Federal sobre sua adversária Dilma Rousseff (PT).

“A campanha é de responsabilidade da candidata. E as pessoas que ela escolhe são de responsabilidade dela. Qualquer pessoa que lê as coisas na imprensa vê que houve um envolvimento. Houve ato criminoso de quebra de sigilo com fins políticos eleitorais que são óbvios. Isso vem desde o ano passado”, afirmou Serra. “Ela (Dilma) é responsável, sem dúvida nenhuma. Você é responsável pelo que acontece na sua campanha”, completou.

[...] Serra acusou a Receita Federal e o governo de "fazer corpo mole" e de comandar uma "operação abafa" nas investigações sobre a violação de sigilo. Serra, porém, é comedido quando questionado se o presidente Lula devia tomar medidas mais drásticas. "A responsabilidade maior sempre é (do presidente), mas não estou dizendo que foi Lula que mandou fazer isso", disse. "É o que se espera (que ele possa atuar para resolver)", completou.

Leio no blog do Esquerdopata:

Terrorismo de Serra dá resultado: Dilma 52 x 24

Tracking Vox/Band/iG: Dilma tem 52%, Serra 24%

No terceiro dia das medições do tracking Vox Populi/Band/iG para a eleição presidencial, a petista Dilma Rousseff tem 52% e o tucano José Serra 24% das intenções de voto. Dilma oscilou positivamente 1 ponto percentual em relação ao dia anterior, quando tinha 51%. Já Serra perdeu 1 ponto comparado a última sondagem, quando teve 25%. As mudanças ocorreram dentro da margem de erro da pesquisa, que é de 2,2 pontos percentuais.

A candidata Marina Silva (PV), terceira colocada, tem 8% das intenções de voto -1 ponto a menos do que na última pesquisa. Brancos e nulos são 4%, indecisos somam 11% e os outros candidatos têm 1%.
 
A pesquisa, publicada diariamente pelo iG, ouve novos 500 eleitores a cada dia. A amostra é totalmente renovada a cada quatro dias, quando são totalizados 2.000 entrevistados.
Na pesquisa espontânea, quando o nome do candidato não é apresentado ao entrevistado, Dilma tem 41%, Serra 19% e Marina Silva 6%.

A petista lidera em todas as regiões do país. Dilma tem seu melhor desempenho na região Nordeste, onde soma 68% dos votos contra 15% de Serra e 5% de Marina.
Já a melhor performance de Serra ocorre na região Sul, onde ele soma 31% e Dilma tem 47%.
 
 O escândalo do escândalo: faltou combinar com o público
Emanoel Barreto

Em todas as teletelas, em todas as coisas de jornal, o escândalo faccioso do PSDB domina o noticiário, numa enxurrada enfática. Trata-se de ação coordenada entre o partido e a mídia em ação tática para desestabilizar a candidatura Dilma Rousseff. O suposto fato-novo da campanha é tão desesperadamente utilizado que a filha de Serra perdeu até sua condição identitária, Verônica, para ser apenas isso: a-filha-do-Serra.

A permanência do noticiário, sua ênfase, pode, por efeito de comunicação reverso, resultar em nada. Primeiro, porque o fato em si é fato construído; os jornalistas que o erigiram é que lhe dão todo o estardalhaço, e isso passa a impressão de que surgiu da agenda pública quando, ao invés, é oriundo da agenda midiática.

Segundo, porque não surgindo da agenda pública, não havendo da parte da sociedade qualquer mostra de indignação com o factoide, o escândalo do escândalo o equipara a todos os demais escândalos que deram em nada.


E assim, deverá perder-se em meio ao caudal da campanha como denúncia vazia que é. Maquinações midiáticas quando planejadas dão a impressão a seus fautores, em função do próprio planejamento, que tudo dará certo. Mas aí é que muitos deles se enganam: faltou combinar com o público - do mesmo modo que Garrincha disse quando o técnico da Seleção, programando uma série de jogadas concatenadas afirmou que dali sairia o gol: "A gente já combinou com o outro time?"

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Serra foi consultar o grande Pai Véi, sobre seu futuro político

E aí, Pai Véi, o macumbeiro, disse a Serra:
O Pixador, o sigilo fiscal e a virada do Serra


http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://unisinos.br/blog/cidadania/files/2009/08/Pesquisa
Vamos esperar a próxima pesquisa
Emanoel Barreto

A saliência - exposição midiática - e a ênfase - sustentação no tempo - que a imprensa está dando a essa questão dos dados fiscais da filha de Serra é o que se poderia chamar de factoide ou pseudoacontecimento. Dois aspectos devem ser levados em conta: primeiro, a violação ocorreu quando Dilma sequer era candidata; segundo, os dados não foram usados pelo PT contra Serra.

Ou seja: o que o marketing de campanha de Serra dá andamento é a criação de falso fato-novo como forma e meio de barrar a ascensão de Dilma que até o momento aparenta ser avassalador sobre o tucano, segundo as pesquisas. Trata-se de tática pontual em meio ao desespero de derrota estimada e temida como iminente.

Tanto que a Folha, jornal que apoia Serra, em análise do fato diz: "Para que surta algum efeito eleitoral, esse caso da quebra de sigilo fiscal terá de apresentar desdobramentos. Por exemplo, o envolvimento claro de petistas ou de gente da campanha de Dilma Rousseff (PT) na operação de compra dos dados sigilosos."

Qualquer análise de discurso, por mais palmar que seja, revela, aos mais atentos aos significados do texto aspeado, qual o plano serrista: envolver um petista qualquer, para que as "acusações" ganhem peso social e eleitoral.

A menção ao texto excerto desvela meridianamente esse plano: chercez la femme, no caso a femme é... Dilma; a culpada essencial de todo o jogo montado pelo tucanato. É preciso, como a própria Folha confessa, encontrar alguém a ela ligado para que se complete o xadrez intrigante.

A tentativa de cassar sua candidatura é ato desesperado e último. Resta saber se há algum juiz suficientemente louco para dar andamento à intentona, lançando este país ao caos.
PS: esperemos a próxima pesquisa.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O Pixador e a virada de Serra

O Pixador na luta

A descoberta de que há senadores honestos e o seu triste fim
Emanoel Barreto

A história a seguir passou-se em 1809 no requintado ambiente do English Cafe. Meu interlocutor, um velho senhor, nobre proprietário rural de ancestral família, buscou-me ali para uma conversa que de antemão confidenciou como "importantíssima". Eis o que se segue:
...
Meu bom amigo, obrigado por ter vindo. De nada, que é isso?, estou a seu dispor. Pois bem, informo ao amigo que após anos e anos de ingentes esforços investigativos que envolveram custosas investigações a cargo de competente equipe de detetives, descobri algo de que jamais se suspeitara. O que descobriu? Descobri que há senadores; senadores honestos; poucos, mas os há. Hummmm, isso é importante. Sim, muito importante.

E prosseguimos:
Pois bem, depois disso descobri algo que me aterrou. Por exemplo? Os senadores honestos estão sendo mortos, amigo, mortos. Como? Mortos? Sim, estão sendo mortos. Quem os mata? Os matadores são sequazes a soldo dos outros senadores, a banda podre. Meu Deus, mas como? Muito simples: os senadores honestos são atacados a golpes de clava pela Divisão Especial de Massacres, entidade secreta do senado, encarregada de tão vil missão.

E continuamos a conversa:
Mas, o pior ainda está por vir. O que mais de tão terrível poderia ainda acontecer, amigo? Os corpos, amigo; os corpos são vendidos aos chineses. Aos chineses? Sim, como não? Os chineses, e o informo disso de forma segredual, são uma raça mutante. Mas isso é incrível. Sim, incrível mas verdade. Os chineses foram criados pelos macacos mono-carvoeiros, sinistros cientistas, hábeis manipuladores de genes. Tais macacos criavam gatos da Bessarábia, que têm os olhos puxados, e os misturaram com marsupiais, num cruzamento avançado de genes, e obtiveram os chineses. Mas, com que finalidade? Não sei. Isso é segredo mantido a sete chaves. Só sei que os chineses foram criados pelos mono-carvoeiros, e o que é pior, saíram de controle, apoderaram-se de todos eles e agora são os chineses quem dão as cartas. Os mono-carvoeiros agora trabalham para os chineses, que importam os corpos dos senadores.


O Cafe fervilhava e nossa conversa fluía:
E os corpos, para que servem os corpos? Tenha paciência. Quero informá-lo que eu também faço experiências. O senhor? O senhor, tão calmo, tão... o senhor é um cientista? Um cientista e ainda por cima louco? Não, não sou um cientista louco, mas devo dizer que tenho alguns espécimes chineses em um biotério e ali os submeto a experiências. Que tipo de experiências? Quero saber se eles, com aqueles olhos apertadinhos, veem as coisas pela metade. Isso é importantíssimo, sabia? Sim, saber disso é algo importantíssimo, é claro. E quando eu tiver a certeza disso, sabe o que de bom acontecerá? Não, não sei. Economizaremos luz, amigo. Economizaremos luz, isso não é uma coisa boa? Quem vê só a metade precisa usar a metade da luz: em casa, nos escritórios, nas ruas, nas fábricas... Faremos operações em todas as pessoas e todos terão olhos amendoados. Mas isso é sensacional!

E continuamos:
Mas, e os corpos dos senadores? Bem, agora chegamos ao que eu queria: os chineses estão importando corpos para fazer zumbis. Sumbis assassinos! Já pensou, zumbis assassinos? Será o fim da humanidade. Sim, será o fim; soube disso pelos espécimes que tenho em meu poder. E agora? Agora, prepare-se para a maior revelação. Qual? Eu também sou senador, amigo. Sou um senador honesto e estou sendo perseguido pela Divisão Especial de Massacres. O senhor? Um senador? E, ainda mais, honesto? Sim, honesto; graças aos ensinamentos do meu velho e falecido avô.

E tudo terminou assim:
Agora, vamos depressa fugir. Por quê? Porque os membros da Divisão Especial de Massacres estão se aproximando. Vê aquele homem ali, bem vestido, cartola elegante?, ele é um sicário. Embaixo da mesa tem uma clava para me matar. E vai matar você também, pensando que é um senador honesto. Mas, se o senhor sabia disso, por que me convidou para essa reunião? Por um motivo simples: eu não queria morrer sozinho.

Último ato:
Então, o senhor elegante levantou-se da mesa e partiu para cima de nós com sua possante clava...
E o que aconteceu depois eu já não lembro...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

A bela e suas ferinhas numa foto bem feinha

Veneza proíbe anúncio com Julianne Moore nua

Deu na Veja: As autoridades de Veneza, na Itália, proibiram a exibição de um anúncio publicitário em que a atriz Julianne Moore aparece nua, coberta apenas por jóias e ao lado de dois filhotes de leão.

Para o prefeito Giorgio Orsoni, a foto, feita para divulgação da marca Bulgari, é "imprópria" para os locais em que seria exibido. Segundo ele, não se pode aceitar “ essas imagens ao estilo de Hollywood. Precisamos de coisas que caiam bem em Veneza, não na Times Square”, ironizou.

A Bulgari decidiu não enfrentar a prefeitura e trocou as fotos dos outdoors por uma em que a atriz aparece vestida dos pés à cabeça, usando as joias da marca. Julianne Moore não se pronunciou sobre o caso, de acordo com o jornal inglês Telegraph.
...
O prefeito fez muito bem: a foto é de um mau gosto extraordinário. Ou melhor, é uma foto ordinária. A composição é malfeita, amaneirada, artificiosa, forçada. Não há qualquer naturalidade, espontaneidade naquela bolsa colocada sobre o corpo da mulher. Sensualidade? Nada disso. Apenas uma tentativa frustrada de apresentar a moça como índice de femme fatale acariciando dois animaizinhos adoráveis - eles simbolizando a força da natureza; ela como símbolo fajuto de delicioso animal-mulher. Admita-se que ela seja mesmo um belo animal. Mas, convenhamos, um belo animal muito mal fotografado.(EB)
O Pixador

A última capa do Jornal do Brasil: o velho JB marcou história na vida nacional
Parem as prensas!
Emanoel Barreto

Após anos e anos de lento desmoronamento, vem hoje afinal ao chão o grande edifício daquele que fora o Jornal do Brasil. Houve instantes da vida nacional, especialmente quando da vigência da ditadura de 64, que funcionava o JB como uma espécie de patrimônio imaterial, vela votiva à democracia violada, chama ao vento da tempestade dos brutos - jamais apagada.

Mas, empresa que é, não resistiu aos desvãos do mercado e encaminhou-se passo a passo ao seu destino final. Seu atual proprietário, Nelson Tanure, já havia levado à falência a Gazeta Mercantil, outro grande nome no panteão jornalístico nacional.

A fênix JB não fez seu ninho nas cinzas protocolares da lenda que narra o renascimento do pássaro fabuloso após incendiar-se a cada mil anos. Ao contrário, suas cinzas são os luzentes aparelhinhos de telas cintilantes - esses mesmos que você e eu estamos utilizando.

Pelo menos agora não creio que o jornalismo de internet tenha a mesma força que o jornal impresso, mesmo sendo esta plataforma - para usar termo grato aos modernosos - desgastada por coisas como a falta de hábito de leitura do brasileiro, o preço do jornal e, claro, a própria internet.

O perigo do jornalismo na internet, o jornalismo informativo, digo, é a superficialidade, já que os limites do corpo humano no manuseio do mouse e a vista sofrem e muito. Quanto à opinião, não. Um bom texto opinativo pode demolir ou elevar alguém às alturas em 30 ou 40 linhas. E mesmo que isso não signifique o acatamento da opinião de forma pavloviana, é empresa bem mais fácil de realizar que uma reportagem que, em jornal ou revista, viesse a ocupar página inteira ou mais de cinco páginas, respectivamente.

Mas, é do JB que falo. Vai-se o primeiro grande jornal, num tempo que cada vez é mais rápido e a história vive precipitações quase que diariamente. O tempo acelerado, a história em disparada, o homem cada vez mais louco. E assim vamos nós, e a nossa nave vai. E o JB fica pálido e difuso - como na ilustração lá em cima, de sua última primeira página. OK, parem as prensas!
 ...
M. F. do JB
Por Marcos Sá Correia

O que veio primeiro: M.F. ou JB? Com os nomes grafados por extenso, não há dúvida: aos 110 anos, o Jornal do Brasil está anunciando uma nova fase e seu diretor, Manoel Francisco do Nascimento Brito, se retirou aos 78 anos das funções administrativas. Mas com as siglas é diferente. Como os suplementos que se encartam em edições regulares, em mais de meio século de história do jornalismo brasileiro, elas não circularam separadamente.


Fora das páginas do JB, M.F. sequer existia. Era Dr. Brito, para os íntimos. As iniciais só valiam no cabeçalho, onde saíram diariamente durante 52 anos enquanto ele ia trocando de título - superintendente, diretor, diretor-executivo ou presidente - sem com isso mudar de posto. Às vezes, aquelas letras pontuadas, seguidas do sobrenome, também assinavam esporadicamente reportagens, onde quase sempre era audível o ronco dos editoriais. Em dezembro de 1967, por exemplo, sete anos antes da derrota dos Estados Unidos, ele trouxe de uma viagem ao Sudeste da Ásia a certeza de que "o americano atualmente no Vietnam está consciente de que a sua luta não tem dia e hora marcados para terminar. Já se informou do óbvio: está ganhando, sabe que a ganhará, mas não ainda quando poderá ganhá-la. Porque esta vitória, que interessa a todos nós, não pode ser somente a mais imediata, apenas uma vitória militar". A previsão falhou. Mas deixou fixado princípio de que, tal como o JB, M.F. não tem papas na língua. Discorda das unanimidades vigentes com toda a naturalidade. Tanto que, para ele, os países que não entraram no clube dos ricos ainda se chamam "subdesenvolvidos".


Em muita coisa as quatro letras se confundiam. O jornal e seu chefe eram bons de briga, tinham humor, funcionavam melhor nas crises de antigovernismo e eram tão bem paginados que, ao sair às ruas do Rio de Janeiro 40 anos atrás, causavam espanto pelo tamanho de sua elegância. Diante do JB, os outros jornais se sentiam feios e antiquados. E ficou na memória de quem passou pela redação daquele tempo o dia em que o diretor chegou da rua se queixado da ostensiva curiosidade que o cercava. Vinha de um almoço no Itamarati. Cruzara a pé o velho Centro da cidade, descendo a Avenida Marechal Floriano até a Rio Branco, onde ficava a antiga sede do jornal. Passara pelos sobrados que na época dominavam o varejo carioca de artigos populares e por uma delegacia que ainda expunha na calçada os batedores de carteira, para reconhecimento público.

Tinha 1,89m de altura e o porte de quem nadava desde os 13 anos, lutava jiu-jítsu com o pioneiro Hélio Gracie duas vezes por semana e todas as manhãs fazia ginástica em casa com um personal trainer muito antes que o personagem figurasse na agenda da grã-finagem. Trajava um daqueles ternos de corte tão preciso que até hoje lhe permitem passar horas sentado sem afrouxar um botão e emendar o expediente com um jantar de cerimônia sem trocar roupa, sinal de boa educação e bom alfaiate. "Claro que só podia chamar a atenção. O Sr. parece um Galaxie", comentou o jornalista Pedro Gomes. O Galaxie era então o maior e mais luxuoso automóvel fabricado no Brasil.


A não ser pela presença ininterrupta no cabeçalho, M.F. apareceu poucas vezes no jornal que comandava. Há poucas palavras sobre as suas cinco décadas nos arquivos da casa. E até para aposentá-lo, meses atrás, gastou-se pouca tinta. Ele encerrou a carreira com uma nota de 27 linhas. Para transformá-lo em figura pública, bastava o fato de ele e o JB serem feitos à imagem e semelhança um do outro. Quando assumiu a direção, o Jornal do Brasil passava dos 58 anos de publicação contínua. Mas só com ele passou a ser conhecido pela abreviatura. Antes, faltava-lhe popularidade para tanto. O JB surgiu na era M.F., dividindo seus 110 anos em duas metades perfeitamente desiguais.

Cronologicamente, a primeira metade é a mais longa. Estréia em 1891 com um manifesto monarquista três anos depois da Proclamação da República e acaba no governo Juscelino Kubitschek. A segunda, mais curta. Começa no fim da década de 50 com a mutação gráfica que, a princípio entrincheirada na seção de esportes para não assustar os leitores, acabou tomando conta do JB inteiro. E não só dele. Sua receita caiu no gosto da concorrência e por isso essa etapa de sua história nunca terminou. Agora mesmo pode estar metamorfoseando por imitação um diário qualquer no interior do país. Antes de transformar-se, portanto, o Jornal do Brasil era muito parecido com todos os jornais brasileiros. Depois, todos os jornais brasileiros se parecem um pouco com o Jornal do Brasil.

Os 52 anos da dupla são longos, quase um reinado. Na imprensa diária, dão para mais de 19 mil manchetes. No Brasil, cobrem quatro constituições, dois regimes civis, 15 presidentes da República - ou 17 governos, contando a junta de 1969 e o bis de Fernando Henrique Cardoso no Palácio do Planalto. Vendo-os passar do alto de suas páginas, o diretor aprendeu que "neste país os poderosos sempre acham que podem tudo, que são eternos". Nada como a transitoriedade alheia. Em agosto de 1954, levado por Aníbal Freire, o ex-ministro do STF que dirigia o Jornal do Brasil na ocasião, M.F. pisou pela primeira vez num palácio. Tinha 32 anos, feitos naquela semana. Iam visitar Getúlio Vargas num Catete cercado de boatos por todos os lados, exatamente na véspera do suicídio do presidente. Lá, o ex-ministro entrou no gabinete. Ele ficou na ante-sala e, à falta de interlocutor melhor, puxou conversa com o sentinela: "A situação está preta, hein?" O soldado não regateou: "É hoje, doutor." Foi sua estréia na política. Trinta e tantos anos depois, encarava os poderosos com olho de ex-patrão. No governo José Sarney, reconhecia na Presidência da República o antigo correspondente do Jornal do Brasil em São Luís do Maranhão. No governo Fernando Collor, tinha na Presidência um ex-estagiário na sucursal de Brasília.

Acostumou-se a ver nas autoridades precisamente o que elas querem esconder. Logo depois da posse de Collor, a ministra Zélia Cardoso de Mello, uniformizada como czarina da Economia, visitou o jornal para explicar aos editores o confisco da poupança. Conversa seriíssima, a não ser pelos minutos que o diretor da casa interrompeu a reunião para cumprimentá-la, falou muito, ouviu pouco e saiu sem uma informação econômica. Mais tarde, perguntou pelos resultados do encontro. Foi bombardeado por comentários técnicos e ofereceu aos jornalistas um fato decisivo: "Vocês viram como ela se senta? Essa moça vai acabar se metendo num escândalo." Cruzando as pernas, a ministra lhe revelara sem querer o futuro. Cairia por quebra de decoro com o ministro da Justiça Bernardo Cabral.

Lastreava a independência do jornal num princípio simples: "No Brasil, as pessoas acham que podem ligar para dono de jornal pedindo para não dar uma notícia. Isso é chato, porque jornal vive de notícia." Os métodos é que podiam ser complicados. Em 1967, o jornalista Walter Fontoura publicou na coluna Informe JB uma nota que irritou o deputado Chagas Freitas, proprietário de O Dia. Dizia que, em seu jornal, ele noticiava como seus os projetos apresentados pelo deputado Raimundo Padilha. Fontoura foi chamado ao quinto andar para uma advertência: "Chagas é como se fosse meu irmão, Walter. Ele me telefonou, reclamando de você. E eu disse que iria demiti-lo", confessou-lhe. O que poderia fazer o funcionário numa situação dessas? "Nada", explicou-lhe M.F. "Se ele um dia perguntar, diga que foi demitido e recontratado imediatamente."

No governo militar, sob o AI-5, o Jornal do Brasil publicou a lista de presos políticos que o Brasil trocaria pelo embaixador da Alemanha, seqüestrado no Rio de Janeiro. O diretor foi chamado à Polícia Federal. "Essas audiências eram sempre no fim da tarde, para parecer mais sinistras", ele conta. "Mas a conversa, em si, até que foi amável. Mas ele queria saber quem informara o JB. Respondi que isso era segredo profissional. Nesse caso, eu teria que dormir no xadrez. Só tenho medo de rato e barata", retruquei. Ele riu: "É o que mais temos aqui." Às 11 da noite, mandou-me embora. Do fundo do corredor, eu me despedi: "Agora vou lhe contar quem me deu a informação, só para mostrar como são as coisas." Deu o nome do ministro da Justiça.

Para quem hoje folheia sua coleção, a primeira metade da história do Jornal do Brasil dá a impressão de que passou depressa. Nascido no governo Deodoro da Fonseca, ele mudou de século sem mudar de cara. Passou por duas guerras mundiais e quatro revoluções no Brasil sem que a agitação externa deixasse marcas profundas em sua fachada. Em sua primeira página, uma coluna de notícias chamada O Dia de Hontem virou seção de classificados praticamente sem alterações de forma. O tempo tornou-o cada vez mais plácido. Com Joaquim Nabuco, era monarquista quando os republicanos chegaram ao poder. Com Rui Barbosa, civilista numa república fardada.

 Com Ernesto Pereira Carneiro, que ganhou do Vaticano o título de conde ajudando o Rio de Janeiro a enfrentar a gripe espanhola em 1918, tornou-se católico. Enfim, o tesoureiro José Pires do Rio, nos idos de 1930, converteu-o em "boletim de anúncios", o que lhe valeu a alcunha de "jornal das cozinheiras". Foi esse o Jornal do Brasil que há mais de 40 anos virou de cabeça para baixo na "reforma" - reforma entre aspas por ser a mãe de todas as reformas que desde então agitam periodicamente a imprensa brasileira. Não se tratou propriamente de um projeto, mas de experiências feitas "a duras penas e com grande relutância", segundo o diretor. O fato é que em 1959 os classificados ainda tomavam todo o lado esquerdo de sua primeira página. E em 1963 o assassinato do presidente John Kennedy teve uma edição que não faria feio se saísse esta manhã de suas máquinas. Foi assim que o Jornal do Brasil, sexagenário, virou JB.

O novo modelo teve muitos autores e paternidade discutida. Foi gerada na redação do Jornal do Brasil, que na Avenida Rio Branco ficava dois andares abaixo da administração. "Mas eu descia toda hora para ver o que estavam fazendo", diz o diretor. A reforma puxou ao pedigree literário do editor-chefe Odilo Costa, filho e aos traços do escultor Amílcar de Castro. Mas uma coincidência não se discute. Ela começou assim que M.F. chegou dos Estados Unidos, depois de um curso na Universidade de Columbia para editores. Voltou disposto a fazer um produto diferente. Ou seja, igual aos americanos. Acabou dono do primeiro jornal tipicamente brasileiro.

Na época, ele se considerava aprendiz de jornalista. Vinha de outras ambições profissionais. Fizera dois anos de Engenharia, como o pai, que trabalhou no Nordeste em obras contra as secas. Depois, a Faculdade Nacional de Direito, de olho na diplomacia, como seus dois tios. Todos fugindo do comércio. Seu avô foi dono da Casa Manoel Francisco Brito & Cia., grande atacadista na Rua do Acre. Ele, antes de ser advogado, diplomou-se como piloto. Ao alistar-se no CPOR, só achou vaga na Aeronáutica. Aprendeu a voar no Brasil e, com o esforço de guerra, treinou para piloto militar nos Estados Unidos. Passou quatro anos como instrutor, levantando às cinco da manhã para servir na base do Galeão. A essa hora, esperando o transporte da Aeronáutica, só via passar pela sua porta na Praia do Flamengo o carro oficial do marechal Eurico Gaspar Dutra, fanático madrugador, a caminho do Ministério da Guerra. Em 1946, formou-se em Direito. Mas nunca perdeu as "manias" de avião e política externa. Como diretor do Jornal do Brasil, mais de um governo tentou agradá-lo oferecendo-lhe missões diplomáticas. Em 1977, o ministro do Exército Sylvio Frota, secreto candidato à Presidência no governo Ernesto Geisel, chegou a convidá-lo para ministro das Relações Exteriores. Mas ele escapou da vida pública que, fora o Itamarati, só o tentou uma vez. No começo dos anos 60, ensaiou uma candidatura a deputado federal pelo PTB. No primeiro comício, puseram-lhe nos braços o filho de um eleitor e o menino molhou sua roupa. Ali mesmo ele desistiu da política. No fim da carreira, resumiria toda essa experiência num axioma pessoal: "Jornal não é para fazer acordo."

Entrou no mercado editorial por acaso. Em 1949, trabalhando como advogado no escritório de João Dunshee de Abranches, foi chamado pelo sogro para organizar a Rádio Jornal do Brasil. Tratava-se do Conde Pereira Carneiro, que havia comprado a marca quando a Primeira Guerra Mundial, com a explosão dos preços do papel, quebrou a empresa. Conta que aceitou a tarefa por honra da firma: "Resisti durante quatro meses, alegando que não entendia nada daquilo. Mas, quando entrei, entrei para valer. Mudei a rádio de alto a baixo." Cinco anos depois, com a morte do conde, passou a mandar no jornal. "Não tinha experiência, mas ficava na oficina até três horas da manhã", diz ele. Pegou "uma circulação de seis mil exemplares por dia e, antes mesmo da reforma, ela batia em 60 mil exemplares". Naquele ano, comprou máquinas novas, pagando à vista, e atropelou velhos dogmas administrativos da casa: "O jornal tinha funcionado durante anos com um chefe da circulação que tinha horror a gastar papel. Acontecesse o que acontecesse, mantinha o consumo entre três e cinco toneladas por mês. Ou seja, o Jornal do Brasil não vendia mais simplesmente porque não imprimia."

Duas décadas mais tarde, comandava o maior jornal do Rio de Janeiro, com tiragem de 150 mil exemplares nos dias úteis e 230 mil nos domingos, quando teve um derrame durante um campeonato de pesca na Venezuela. A puxar para o barco um marlin - "de 350 quilos", afirma -, sentiu o braço direito cair de repente. Havia perdido para sempre os movimentos desse lado do corpo. Começou em alto-mar uma luta de 22 anos com a doença. A lancha levou quatro horas para largá-lo no cais, "no chão frio". O socorro médico demorou a chegar e veio na forma de uma internação de seis dias num hospital público de Maracaibo. Nos oito meses seguintes, ele duelou com as seqüelas em clínicas americanas. Emendou quatro operações, perseguindo os efeitos dos coágulos pelo resto do organismo. Nas vésperas da última cirurgia, seu filho Manoel Francisco viu-o no Hospital Rusk Memorial, de Nova Iorque. Estava com 71 quilos. Isso, num homem daquela compleição, quer dizer pele e osso. Ele não esperou pela reação do filho. "Virei uma manjuba", anunciou-lhe, levantando o dedo mínimo da mão esquerda para reforçar a dicção emperrada. Dito isso, caiu na gargalhada.

Quarenta e oito horas depois da operação nos pulmões, ainda na UTI, pediu para o tirarem de perto de um paciente que, com queimadura generalizada, balbuciava sem parar que estava nas últimas: "Ele está morrendo e eu não." No quarto, aprendeu sozinho a esticar o braço até a mesa de cabeceira e catar os chocolates que as pessoas deixavam no hospital, ao visitá-lo. Desembrulhava bombons com a mão esquerda que, dali para a frente, serviria para tudo - escrever, atalhar o gesto das pessoas que, ao cumprimentá-lo, espichavam a mão para o lado paralítico, dirigir automóvel. Só ele sabe o que isso lhe custou: "Um dia, a fisioterapeuta me chamou para um passeio. Lá fui eu por Nova Iorque, andando torto, até que ele fez sinal para um ônibus e mandou que eu subisse sozinho. Levei uns quatro minutos para vencer a escada. A bordo, duas velhinhas se levantaram para me ceder o lugar. Mas no ponto seguinte ela parou o ônibus de novo e me disse para descer. Foram mais quatro minutos com os passageiros todos esperando."

Na alta, a fisioterapeuta americana deu-lhe um livro de ginástica facial. Vinte e dois anos depois, ele continua fazendo a série inteira de exercícios antes de dormir. Acorda às sete da manhã para duas horas regulares de fisioterapia, cinco vezes por semana. Ultimamente, anda empenhado num programa de reeducação neurológica. Em compensação, quando vai a festas, dança. Voltou ao Brasil em cadeira de rodas. Três dias depois, de pé, reassumia o Jornal do Brasil, que não era mais o mesmo. Em pouco tempo perderia a condessa Pereira Carneiro e a saúde financeira. Lamenta a morte da sogra ainda hoje: "Era uma mulher inteligente. Nunca tivemos um desentendimento grave. Quando discordávamos em alguma coisa, dizia: ‘Faça o que quiser, mas a responsabilidade é sua.’ Jornal tem que ser assim. Onde todos mandam, ninguém manda."

Nesses 52 anos, M.F. e o JB cresceram e adoeceram juntos, sem nunca se entregarem inteiramente às administrações profissionais convocadas para resolver seus problemas financeiros. Até nisso eles continuaram parecidos. Transformaram a velha valentia em briga diária pela sobrevivência. Com a crise, a empresa ficou atrasada em muita coisa. Mas, exatamente pelo anacronismo, manteve pelo menos um oásis no primeiro plano da imprensa brasileira: uma redação à antiga, onde os jornalistas não fazem de conta que são executivos. M.F. sempre disse que preferia jornalistas a executivos.

(Marcos Sá Corrêa, diretor de Redação do Jornal do Brasil nos anos 80, é editor da revista eletrônica Notícia e Opinião (www.no.com.br).)











O Pixador na linha de frente


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Olha só o Pixador
 Candidata à reitoria da UFRN debate controle social da gestão

Recebo e publico íntegra de artigo de autoria da professora Maria Arlete Duarte de Araújo, candidata à reitoria da UFRN. Outras chapas terão igual espaço neste Coisas de Jornal (EB).
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   Discutindo a UFRN: em direção ao controle social da gestão
Maria Arlete Duarte de Araújo
Professora Titular – DEPAD/ Centro de Ciências Sociais Aplicadas
(arletearaujo@natal.digi.com.br)
Candidata à Reitoria - Um novo olhar sobre a UFRN

A consulta aos instrumentos normativos da UFRN nos informa que a sua gestão é participativa e democrática. Tal afirmação se apóia no fato de que suas instâncias de decisão são colegiadas e de que a participação de sua comunidade universitária está assegurada através da representação das diversas categorias – alunos, corpo técnico-administrativo e professores.


Sem entrar na discussão da fluidez da participação nessas instâncias e da forma como a representação se exerce, o propósito deste artigo é questionar se este desenho é suficiente para garantir que o controle social se efetive sobre as ações acadêmicas e administrativas dado que em uma gestão democrática é imprescindível assegurar que a participação dos atores no processo de tomada de decisões ocorra durante as etapas de formulação, execução e avaliação de suas políticas, de modo a assegurar a responsabilização de sua administração.


Nesta perspectiva, a responsabilização da gestão universitária através da dimensão do controle social implica na ampliação do espaço público de decisão na definição e controle das políticas, programas e projetos em todas as atividades.

Para tanto, o controle social necessita de dispositivos formais na instituição - conselhos, comitês, comissões ad hoc, arenas públicas de deliberação, audiências, ouvidorias, sessões de controle, fóruns de discussão e deliberação - para que a comunidade se manifeste e tenha condições de influenciar o debate e as decisões acadêmicas e administrativas e, dessa forma, possa garantir uma regulação da autonomia da administração como conseqüência do jogo político.


Além dessa arquitetura organizacional, para que o controle social se consolide como mais um instrumento de avaliação da gestão, algumas condições são necessárias.


Em primeiro lugar, a institucionalização de uma cultura democrática marcada pela compreensão de que a arena de decisões é um espaço que pode comportar posições políticas divergentes e que é necessário construir consensos, em um processo aberto de discussão democrática e de significados compartilhados.


Em segundo lugar, possibilitar que a participação da comunidade universitária nos assuntos mais diversos desenvolva uma determinada competência para deliberação sobre os assuntos relativos às atividades acadêmicas e administrativas. O processo democrático depende de aprendizado e é a experiência acumulada que permite o enfrentamento de situações novas, com um nível maior de amadurecimento sobre as possibilidades de avanço e a necessidade de recuos, para a obtenção de resultados satisfatórios.


Em terceiro lugar, disseminar esta competência na universidade. A assimetria de informações pode resultar em monopolização do espaço de discussão e decisão por pessoas e /ou grupos mais preparados para impor seus pontos de vistas.


Estas são apenas algumas dificuldades para a efetivação do controle social. Isto não significa, no entanto, que ele não possa e não deva se institucionalizar. Para tanto, alguns pré-requisitos são fundamentais no esforço de democratizar a universidade: professores, corpo técnico-administrativo e alunos devem dispor de informação suficiente para estabelecer formas de interação com as instâncias de decisão; um desenho institucional que favoreça o controle social deve ser adotado; o exercido do controle social deve se dar tanto naqueles pontos onde nascem as decisões e as políticas, como naqueles onde se produzem os serviços.


A eficácia do controle social depende pois de uma comunidade universitária que possa ter força para democratizar as práticas políticas mediante a ampliação do espaço público e se torne interlocutora de peso na sua relação com as diferentes instâncias administrativas, seja intervindo, influenciando, problematizando, participando, encontrando soluções para os seus problemas, seja contribuindo para o debate e gestão das políticas universitárias.


É fácil concluir assim que ainda estamos bastante longe de institucionalizar o controle social sobre a gestão da UFRN. Se pretendemos aproximar a realidade da norma instituída, precisamos começar já a tarefa de construção de um ambiente democrático, de modo que a comunidade universitária possa exercitar todos os meios à sua disposição para fazer valer o interesse público.

Uma comunidade universitária que através de sua ação consiga exigir a prestação de contas de seus governantes e, mais do que isso, fazer com que a ação pública seja conseqüência dos interesses coletivos e não apenas de um pequeno grupo que monopoliza a tomada de decisão e impõe a sua vontade.
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