sexta-feira, 21 de outubro de 2011



Médicos se reúnem hoje (21) com parlamentares da bancada federal 




Sinmed e Sintest promovem hoje  um café da manhã com senadores e deputados federais do Rio Grande do Norte, às 8h, na Associação Médica.

O objetivo do encontro é sensibilizar os parlamentares para apoiar a categoria, discutindo projetos de interesse nacional, como a Emenda 29, Carreira médica, CBHPM no SUS e o Projeto de Lei 2203, principal tema do debate.

A reunião é mais uma ação promovida pelos sindicatos, dentro de uma programação de atividades que visa mobilizar outros profissionais, a população e chamar atenção para os governantes.

Dentre as atividades programadas está a o ato público em frente ao Hospital Onofre Lopes, já realizado; café da manhã com parlamentares, no dia 21; Paralisação nacional do SUS, no dia 25.

Paralisação do SUS
Médicos de todo o país protestarão contra as más condições de assistência e a baixa remuneração dos profissionais oferecidas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) na próxima terça-feira, 25/10.


No Rio Grande do Norte haverá paralisação de 24h no atendimento do SUS, com exceção dos atendimentos de urgências e emergências. O dia será marcado por uma manifestação pública, além de visita a unidades de saúde prestando esclarecimento aos profissionais e a população. Confira abaixo a programação detalhada:
10h Manifestação pública na Praça 7 de setembro, em frente a Assembleia Legislativa;
15h Visitas às principais unidades de atendimento do estado
Unidades: Maternidade Leide Morais, das Quintas, Januário Cicco, Walfredo Gurgel, Santa Catarina e Onofre Lopes. 
20h Assembleia avaliativa e show comemorativo ao dia do médico (AMRN).

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Crack agora é vendido em nova forma: granulado

Droga é oferecida em pinos, diferente do comercializado em pequenas pedras



Pedro da Rocha, do estadão.com.br
 
SÃO PAULO - Em patrulhamento pelo Jaraguá, na zona norte de São Paulo, policiais militares prenderam, na noite de quinta-feira, 20, três pessoas com sacolas contendo diversos entorpecentes, dentre eles o crack granulado, que os usuários usam junto com outras drogas.
O crack granulado é vendido em pinos, diferente do comercializado em pequenas pedras. A aparência é similar à cocaína, porém mais amarelada na cor. Ele é repassado desta forma para o usuário poder misturar com outras drogas, como maconha, ou até com tabaco, e preparar cigarros para o consumo.

De acordo com o sargento Odair Genauro, da Força Tática do 49º Batalhão da PM, os detidos foram abordados na Rua Pascoal Bini, próximo ao quilômetro 21,5 da Rodovia dos Bandeirantes. "Eles vendiam a droga na região", contou o sargento. "Os traficantes usam celulares para se comunicar e um avisa o outro quando uma viatura se aproxima. Eles, inclusive, andam com diversos chips de telefone móvel pré-pago para dificultar a quebra do sigilo telefônico e as investigações. Mas, nesse caso, eles não conseguiram fugir e não ofereceram resistência", relatou Genauro.

Foram apreendidos com o grupo 561 porções de maconha, 2003 pinos de cocaína, 200 potes de lança perfume e 569 pinos de crack, sendo 62 saquinhos em forma de pedra. Com um dos presos também foram encontrados R$ 1.161 em dinheiro. Os detidos estavam sem documento e o caso foi encaminhado ao 33º Distrito Policial (DP).

اعتقال القذافي.. صورة واضحة جدا

Novo vídeo divulgado mostra Kadafi vivo e conversando com os rebeldes. ONU quer investigação a respeito da morte. Caso o ditador tivesse escapado e fosse e julgamento suas declarações poderiam implicar líderes ocidentais em relacionamentos com seu regime.

A morte como justiça; a ira como processo

A morte de Kadafi, o ritual sangrento, os gritos roucos, os urros de contentamento são a prova do quanto ainda somos cruéis e desgraçados na rota da história. 

Se uma revolução de alguma forma ganha legitimidade, exige assertividade bélica, sua consecução final com a captura do fautor dos momentos históricos que levaram à sua deflagração não deveria levar o homem à barbárie primeva de um ser básico. 

É preciso renunciar ao fogo como instituto dialogal insano, substitui-lo pela palavra quando chega o momento do uso da palavra.

Entendo que falar como falo agora, na calma do meu escritório, torna fácil esse pronunciamento. Sei que a hora faz o estado emocional, sei que o momento da Líbia era de irrupção das forças mais primitivas do instinto humano. 

Todavia, deploro o acontecimento em si: um homem caçado como um rato, como dizem muitas manchetes de jornais pelo mundo. Manchetes que ululavam de alguma forma o regozijo bruto, a estupidez humana centrada na vingança.

Os milhares que tombaram nas masmorras de Kadafi, as dores de familiares e amigos são a justificativa distante a alicerçar os atos finais dessa tragédia. 

Foram essas mortes que penetraram fundamente na alma sofrida do povo líbio. E foi aí, no grande momento escandido da história, nos 41 anos de domínio do ditador, no assassinato de inocentes nos porões lúgubres que se gestou a hora da vingança como justiça.

A mísera condição humana atuando de forma retributiva, desatinada, violenta, irracional. 

A Líbia agora, se espera, seguirá rumo diverso da era Kadafi. Mas, mesmo assim, o mundo vive um grande luto - o luto mesmo de sermos homens, falíveis, desastrados.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Michael Winslow - Whole Lotta Love by Led Zeppelin (Senkveld med Thomas ...

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 A matéria abaixo, a partir do título, insinua o quanto há de sujo e lamentável no jogo do poder. O texto do Globo dá os rastros indiciais dos relacionamentos sórdidos do Ocidente com o ditador líbio, a hipocrisia dos poderosos, o lamentável rumo da história construída a bala, fogo e dor.

Morte de Kadafi evita julgamento longo que poderia dividir a Líbia e constranger líderes ocidentais


Publicada em 20/10/2011 às 21h32m
O GloboCom agências internacionais

RIO - A morte de Muamar Kadafi, ainda que envolta em relatos imprecisos e imagens com cenas caóticas dos últimos momentos do cerco a Sirta, evitou um longo e complexo julgamento que poderia dividir a Líbia e constranger governos ocidentais e companhias de petróleo, dizem analistas. 

Um militar de alto escalão do Conselho Nacional de Transição (CNT) disse que o ex-líder líbio morreu após um bombardeiro da Otan atingir o comboio no qual fugia de Sirta. Mas rumores dão conta de que o ditador teria sido capturado com vida e depois executado ou ainda de que teria sido encontrado em um esconderijo na cidade ou até que Kadafi teria morrido durante um tiroteio em Sirta após ser capturado por soldados rebeldes. De qualquer forma, as primeiras notícias da morte de Kadafi já foram suficiente para motivar celebrações em toda a Líbia e ajudar a baixar o preço do petróleo, que caiu cerca de 30% nesta quinta-feira. 

 
Se ele estivesse vivo, possivelmente ocorreria um debate sobre onde ele seria julgado: ou na Líbia ou pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), que em maio expediu um mandato de prisão contra o ditador, seu filho Saif al-Islam, que também foi capturado e estaria gravemente ferido em um hospital de Zlitan e o ex-chefe da Inteligência da Líbia, Abdullah al-Sanoussi, também morto na operação desta quinta-feira. 

Qualquer tribunal poderia dar a Kadafi uma nova oportunidade de constranger tanto os novos líderes da Líbia, quanto as potências internacionais, e lembrar de questões que todos preferem deixar esquecidas. Além disso, ele poderia relembrar laços com importantes companhias de petróleo que na última década assinaram contratos bilionários com o regime. Mas o pior mesmo seria, dizem analistas, se o ditador tivesse continuado escondido nos desertos do país, articulando novas milícias, minando a estabilidade da Líbia e de seus vizinhos e prejudicando a credibilidade da Otan e do CNT. 

- (A morte de Kadafi) é de uma enorme importância simbólica - disse Alan Frase, analista de Oriente Médio para a consultoria de risco AKE. - Ajuda o CNT a seguir em frente. Se Kadafi foi mesmo morto, ao invés de capturado, isso também pode ser visto como uma forma de evitar um longo julgamento que poderia revelar secretos constrangedores.
Organizações de direitos humanos há muito afirmam a importância de o ditador líbio ser capturado e levado a julgamento, o que poderia oferecer ao novo governo da Líbia uma chance de mostrar suas intenções e comprometimentos com os crimes cometidos contra civis por membros do regime. 

Morte tem lados positivos e negativos para governo interino
Mas alguns críticos reclamam que muitos julgamentos de crimes de guerra, locais ou internacionais, demoram muito para analisar provas, se transformando, muitas vezes, em verdadeiros shows. Líderes como Saddam Hussein e Slobodan Milosevic, por exemplo, usaram suas audiências para negar qualquer crime e para ofender seus algozes. Além disso, o líder derrubado também pode usar a oportunidade de um tribunal de grande visibilidade para abrir feridas políticas e incitar novos problemas. 

- A morte de Kadafi é um evento ambivalente para as novas autoridades líbias - disse Daniel Korski, membro do Conselho Europeu para Relações Exteriores e defensor da intervenção da Otan - Eles evitaram um drama judicial como foi com Milosevic, o que poderia ter incitado simpatizantes do ditador líbio, mas sua morte também tira do governo interino a chance de mostrar que são melhores que o ex-líder. A morte de Kadafi, em circunstâncias tão violentas, pode transformá-lo num mártir. 

A imprensa internacional teria esmiuçado todos os detalhes sórdidos de como os governo ocidentais ajudaram Kadafi a construir seu império e construir a indústria de petróleo do país. Muitas grandes imprensa como a British Petroleum, a italiana ENI e a francesa Total tinham contratos com o ditador. 

Este risco, é bem verdade, ainda não foi apagado completamente. Alguns filhos de Kadafi ainda estão soltos e podem, eles próprios, serem réus de julgamentos.
Se o CNT queria julgar Kadafi internamente, eles provavelmente enfrentaria problemas para erguer um sistema legal. A Líbia de Kadafi tinha muito pouca credibilidade em infraestrutura judicial, e muitas dúvidas sobre a legitimidade do processo poderiam surgir. 

Desde a morte de Osama bin Laden, assassinado por forças especiais americanas, a morte de líderes controversos (no lugar de seus julgamento) se tornou uma opção também muito atraente.
- Dizer que é melhor para todo mundo que ele esteja morto é dizer que o processo legal tem algumas desvantagens e se render ao cinismo - disse Rosemary Hollis, chefe do programa de estudos de Oriente Médio da London's City University - 

Com a morte de Kadafi, diz Rosemary, há um risco de que seus simpatizantes e outros radicais queiram se vingar. E o risco será ainda maior se for de fato comprovado que ele foi morto pela Otan ou ainda executado. Apesar de vários líderes internacionais terem dito que a morte do ditador representa o fim de um capítulo sangrento na História da Líbia, analistas são categóricos: a morte de Kadafi está longe de ser o fim dos problemas líbios.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/10/20/morte-de-kadafi-evita-julgamento-longo-que-poderia-dividir-libia-constranger-lideres-ocidentais-925624506.asp#ixzz1bN5sis9O
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Raw footage: Colonel Gaddafi dead

Kadafi morreu em meio à barbárie, crivado de balas, o corpo cambaleante arrastado em meio aos gritos dos inimigos.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

De Pé No Chão Também Se Aprende A Ler

De pé no chão também se aprende a ler

"De pé no chão também se aprende a ler', monumental campanha empreendida em Natal pelo prefeito Djalma Maranhão nos inícios dos anos 1960 é um marco de comprometimento com o que seja cidadania e senso de responsabilidade. Neste filme que peguei no Youtube um registro histórico daquele momento.

LULI RADFAHRER

Do amor e da baixa autoestima


O luto a Steve Jobs, Lady Di e Ayrton Senna diz muito a respeito do espírito frágil dos que sofrem por eles

HÁ UM quê de Ayrton Senna, de Lady Di, na dor que sucedeu a morte de Steve Jobs.
A morte, em si, não surpreendeu. A doença era grave, e o biótipo minguante não deixava dúvidas de que o fim estaria próximo. É certo que as circunstâncias que a antecederam tiveram um jeitão de Tancredo. Pois, se morrer no dia seguinte à estreia do sucessor, no lançamento de um produto crucial, já levantaria suspeitas de um acordo divino, deixar os palcos por e-mail, sem apoteose, justo ele que era o rei dos keynotes, é no mínimo um anticlímax.

Mas foi o tamanho da repercussão que me impressionou. Chegou a lembrar a comoção nacional por Ayrton Senna. A multidão que acompanhou seu corpo na 23 de Maio não dizia respeito à morte de um esportista arrojado, que pilotava com o brilho de um Gilles Villeneuve e a coragem de um Niki Lauda. Chorava-se a morte daquele que simbolizava o amor à pátria. Nunca mais a Fórmula 1 teve o mesmo gosto.

Três anos mais tarde morria Lady Diana, princesa de Gales. Desde seu casamento em 1981, a moça mostrava às mulheres que era possível ser bela e influente sem ser Maria Antonieta. Sua história, eviscerada pela mídia pré-Facebook, era um exemplo de elegância e rebeldia contra um sistema poderosíssimo.
Seria tão fácil e esperado baixar a cabeça, suportar a amante e posar sorrindo para as fotos oficiais. Mas ela resistiu e canalizou atitudes e desejos de uma independência que, se longe de ser universal, pelo menos está muito melhor do que a época das Jeannies e das secretárias de "Mad Men".

O mundo é certamente mais duro sem eles. Mas... e Jobs? Por mais que seu estilo de vestimenta e rebeldia lembrassem um James Dean ou Kurt Cobain, ele não tinha nada de Amy Winehouse. Seu histórico não era diferente do de tantos ex-hippies, sem curso superior completo, financiados pelos ciclos de prosperidade da Costa Oeste americana.

Suas batalhas eram ousadas, mas não demandavam risco de morte a ponto de pilotar um bólido em alta velocidade de olhos fechados só para não perder a visão do túnel de Mônaco. Em seu histórico, a única vez que peitou sozinho um sistema maior do que ele, acabou demitido.

Os depoimentos comoventes que se seguiram ao anúncio de sua morte não eram histórias de sucesso ou consumo, mas de amor. Um amor diferente daquele embalado pelas músicas de um John Lennon ou pelos poemas de um Vinicius de Moraes. Um amor mediado por coisas e correspondido por elas.

A maioria dos que lamentaram sua perda não chorava pela morte do Papai Noel que materializava os sonhos mais lindos, mas sofria pelo triste fim daquele que foi o pai de objetos diferentes. Dele nasceram os primeiros produtos de consumo de massa a serem colocados no mercado incompletos, frágeis, dependentes e cheios de manias, como tamagotchis de estimação.

Computadores com a personalidade ideal para acolher indivíduos modernos e antenados, ao mesmo tempo conectados e sós, poderosos e carentes, independentes e isolados, que terceirizavam parte da autoestima, perdida pelo excesso de trabalho, para máquinas que, mesmo incapazes de compreendê-los, pareciam ouvi-los. Máquinas que, após a invenção desses dispositivos de relacionamento, nunca mais foram as mesmas. Os vínculos que criam, ao contrário da vida de Jobs, jamais serão interrompidos. (Da Folha de S. Paulo)
Tenebrosa alegria

O massacre do dinheiro público tem início em Natal -foto Rodrigo Sena (Tribuna do Norte)
As manchetes troam cânticos tremendos à destruição do Machadinho, cujo corpo de cimento e aço cai, despedaçado, sob o peso do ataque de máquinas ciclópicas a serviço da intentona Copa do Mundo. Natal começa a trilhar a senda escura do descalabro do dinheiro púbico - que fará falta à saúde, à educação, à segurança - vertido à larga na construção da Arena das Dunas, cuja imponência faria inveja a Ramsés II.

A dívida que se contrai em nome do povo é parte desse projeto de alcance nacional, um panis et circensis que oscila entre o desvario e a inconsequência dos atos dos governantes. Estes disseram ao povo que o povo precisava desse estádio e o povo em consenso passivo disse sim, que precisava da arena para viver feliz. 

O mundo inteiro teme uma crise, o desequilíbrio da economia, mas aqui não: está tudo bem e há dinheiro para se gastar à tripa forra. A cultura brasileira, que alerta a todos os tamborins para a festa, e alardeia em todos os terreiros que é preciso cultuar a alegria, ferve de expectativa ante a promessa de uma era fabulosa: a Copa do Mundo terá o condão mágico de resolver todos os problemas nacionais, de nos levar a um tempo novo e vertiginoso de realizações e maravilhas. Quando a bola rolar estaremos ingressos à felicidade a data certa.

Cai o Machadinho, que, dizem as coisas de jornal que li, fora muito pouco utilizado para esportes, servindo mais a espectáculos musicais. Era uma inutilidade, com o teto cheio de goteiras. Se o ginásio, que não era monumental, ficou assim, o que se dirá da Arena das Dunas de proporções monumental-suntuosas? Se não se cuidou bem do menor, como se cuidará bem do soberbo, do impressionante estádio?

Mas tem início a tenebrosa alegria e todas as suas consequências. Tem início, para o povo do Rio Grande do Norte, o erguimento do portento cujo preço as gerações haverão de arcar como herança onerosa.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Vai ter de explicar

O ministro dos Esportes, Orlando Silva, vai ter de se explicar à presidente Dilma quanto às acusações de corrupção. Até quando esse país vai ter de conviver com esse tipo de coisa? Eu mesmo respondo: até muito tempo mais. A corrupção está entranhada na cultura nacional; começa com o jeitinho e evolui perversamente, até chegar às suas manifestações mais lamentáveis e até mesmo requintadas. A Copa do Mundo, patrocinada com o dinheiro do contribuinte, será excelente oportunidade para a prática. Não duvide.

 Creio, porém, que todos já sabemos o resultado: muito provavelmente o ministro será exonerado. Até mesmo pelo fato de que ele ocupa uma pasta-chave para a realização da intentona da Copa do Mundo. O evento, que já se apresenta como uma cornucópia para a Fifa, renderá milhões, milhões e milhões a uns poucos e bem situados nas franjas do poder. Não duvide.

Abaixo, matéria de O Globo.


Dilma presume 'inocência' de Orlando Silva e diz que vai aguardar desfecho das investigações

Publicada em 17/10/2011 às 16h04m
Roberto Maltchik (roberto.maltchik@bsb.oglobo.com.br), enviado especialReuters Dilma defende ministro  do Esporte durante viagem à África. Foto: DivulgaçãoBRASÍLIA E PRETÓRIA (África do Sul) - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira, em Pretória, na África do Sul, que vai aguardar o desfecho das apurações e os desdobramentos das denúncias sobre desvio de verbas para decidir o futuro do ministro dos Esporte, Orlando Silva, no governo. Segundo ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, Dilma determinou que os ministros de governo apoiem o titular do Esporte. No entanto, a presidente espera que Orlando seja "convincente" nas explicações públicas. Em evento no Rio, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, informou que a Polícia Federal vai investigar as novas denúncias no Esporte. CRÍTICA : Serra: governo virou 'central de corrupção'
INFOGRÁFICO: Relembre os escândalos no governo Dilma

- Nós, ao contrário de muita gente por aí, temos o princípio democrático e civilizatório. Nós presumimos inocência. Não só nós presumimos a inocência dele, como ele tem se manifestado com muita indignação quanto às acusações. O governo está acompanhando atentamente todas as denúncias, os esclarecimentos e as investigações. Aliás, o ministro Orlando pediu investigação da Polícia Federal, do Ministério Público Federal sobre as acusações feitas a ele e que ele reputa uma injustiça. Além disso, o ministro se dispôs a ir ao Congresso Nacional, se eu não me engano, amanhã, para fazer todos os esclarecimentos que os senhores deputados e senadores quiserem ter a respeito do assunto. Enquanto isso, o governo vai continuar acompanhando tanto qualquer denúncia que apareça quanto todos os esclarecimentos e as iniciativas de investigações - disse a presidente.

Dilma Rousseff ainda discorreu sobre as novas regras nas quais os ministros assinam os convênios, não mais os secretários-executivos. De acordo com ela, essa medida assegura maior comprometimento do titular da pasta com a regularidade das ações que estão sendo conveniadas. Antes disso, criticou os convênios do passado, alvo das acusações que pesam sobre Orlando Silva.

- O ministro, a partir de agora, é o responsável pelo convênio. Então a assinatur
a do ministro é que vai em qualquer convênio. Isso é importante ser esclarecido porque nós consideramos que em muitos momentos no passado houve convênios com ONGs mais frágeis. Isso não significa que todo o convênio com ONG é ruim. Não é verdade. Pelo contrário: Em muitas áreas, nós precisamos das ONGs para executar políticas na medida que você tem, por exemplo, na área religiosa, várias áreas filantrópicas, ONGs valiosíssimas, sem as quais, inclusive, os municípios não conseguem atender à população.

Ela ainda admitiu que os convênios com ONGs são menos formais do que os firmados com prefeituras e estados. A presidente disse ainda que a fragilidade das ONGs, apontada por ela mesma, deve ser investigada.

- Eu acho que essa é uma questão a ser investigada. O que nós detectamos é que em geral elas são menos formais do que as prefeituras e do que os Estados. Porque as prefeituras e os Estados são órgãos públicos e, portanto, têm toda uma regulamentação. Eles são acompanhados pelos tribunais, você tem que prestar contas, você tem toda uma dinâmica. A mesma coisa você teria de ter com as ONGs, só que como elas são as organizações não-governamentais, elas têm uma formalização menor. Agora eu sempre digo: não é possível fazer tábula rasa. Você tem ONGs e ONGs - completou Dilma.

Em Pretória, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante, que acompanha Dilma em viagem à África, foi o primeiro a sair em defesa do colega. Segundo ele, por ora, não surgiram provas que tornem "mais claras" as denúncias que pesam contra o ministro do PCdoB.

- Vamos aguardar os fatos, e que se apresente alguma prova para que possa saber exatamente do que se trata. Seguramente, o governo vai esperar a defesa. Isso é um princípio básico da justiça. Não pode julgar quem quer que seja sem o contraditório e o direito de defesa. Ele vai ter o direito de se defender plenamente - disse Mercadante, logo após sua chegada a Pretória, capital da África do Sul e onde ocorrerá nesta terça-feira a V Cúpula do Ibas - grupo formado por Brasil, Índia e África do Sul.

Mercadante aproveitou para defender a atuação de Orlando Silva no governo, a quem chamou de um colega por quem nutre "carinho" e admiração por ter sido o arquiteto de eventos importantes, como o Pan, a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. E disse que ainda não conversou com a presidente Dilma Rousseff a respeito das denúncias. Ainda elogiou sua forma de trabalhar, "sempre em parceria".

De acordo com Gilberto Carvalho, a presidente está preocupada.
- Objetivamente, tem que ficar provado que ele não deve nada disse Gilberto à agência Reuters, depois de conversar nesta segunda-feira com Dilma. - Ele tem que ser convincente.
Por conta das denúncias, o ministro do Esporte voltou mais cedo de Guadalajara, no México, onde acompanhava o Pan-Americano. Ele se antecipou à oposição e protocolou nesta segunda-feira na Procuradoria-Geral da República (PGR) um ofício em que solicita a apuração do Ministério Público sobre denúncias de desvio de recursos do ministério.

Na reportagem da revista "Veja" desta semana, o policial militar e ex-militante do PCdoB João Dias e o motorista Célio Soares Pereira acusam o ministro Orlando Silva de receber dinheiro - que deveria ser empregado no programa Segundo Tempo - desviado de ONGs. O ministro foi apontado como mentor e beneficiário desse esquema. O policial disse na reportagem que as entidades só recebiam recursos se houvesse o pagamento de uma taxa de até 20% do valor dos convênios.

Ainda segundo a denúncia, o PCdoB indicaria os fornecedores e as pessoas encarregadas de conseguir notas fiscais frias. Célio Soares Pereira contou que entregava dinheiro pessoalmente a Orlando Silva na garagem do ministério. Em oito anos, o esquema teria desviado R$ 40 milhões.

O ex-militante do PCdoB não deu trégua ao ministro e, ainda no domingo, publicou em seu blog uma mensagem em que chama Orlando Silva de bandido. Num tom autoritário e sem meias palavras, o soldado sugere ao partido ficar calado antes de sair em defesa do ministro. Orlando Silva negou as denúncias e disse que Dias Ferreira terá que provar suas acusações à Polícia Federal.
O Ministério Público de São Paulo suspeita também que uma organização não governamental recebeu R$ 28 milhões do Ministério do Esporte para o programa Segundo Tempo esteja envolvida em desvio de dinheiro público e beneficiando políticos do PCdoB. Segundo denúncia do "Fantástico", da TV Globo, há indícios que a ONG Pra Frente Brasil, gerenciada pela ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues, tenha contratado empresas de fachada para fornecer lanche e material esportivo, com participação "de laranjas".

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/10/17/dilma-presume-inocencia-de-orlando-silva-diz-que-vai-aguardar-desfecho-das-investigacoes-925594970.asp#ixzz1b47dgxVL
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domingo, 16 de outubro de 2011

 O  corrupto ficou livre e o doente ficou preso

Político Corrupto havia sido preso. Após muitas falcatruas, descaminhos, tramas, tenebrosas transações, não houvera mais como seus, digamos, pares, salvá-lo. E como os demais não queriam expor-se em ligações perigosas, meteram-no na cadeia. Alívio. Agora, poderiam trabalhar nas sombras, a salvo da presença malquista do companheiro em desgraça.

Mas, Político Corrupto não perdeu tempo. Após uns poucos meses reuniu a imprensa para anunciar: contrito, havia descoberto valores morais a que antes não atentara e agora destinaria sua vida ao próximo. E detalhou: quem precisasse de doação de órgãos, ou mesmo partes do seu corpo, como pernas, braços etc, poderia fazer contato, que ele cederia.

Acontece que um senhor idoso, homem honrado, mas de saúde debilitada desde a juventude, estava precisando, e muito, de doações. A cada dia seus médicos descobriam uma nova enfermidade que requeria transplante.

Político Corrupto sabia disso de antemão e era nele, naquele pobre sofredor, que focara seus projetos. Primeiro doou uma perna pedindo em retribuição que a perna doente lhe fosse implantada: queria martirizar-se, dizia, sentindo as dores e tudo de ruim que o outro havia sentido. Era uma forma de purgar seus pecados morais e cívicos. Foi atendido.

Depois, mandou a outra perna e recebeu nova perna doente. Mandou as mãos, os braços e o tronco. E assim sucessivamente. Somente faltava a cabeça. Então, os médicos descobriram que seu doente estava em vias de ter um derrame e Político Corrupto aceitou o sacrifício final: mandaria a própria cabeça para livrar a pobre criatura da moléstia.

Assim foi feito. Como você já deve percebido, Político Corrupto literalmente se transportou, conseguindo sair da cadeia. E como todo o seu corpo fora doado, não fora uma fuga e assim ele poderia iniciar vida nova, quer dizer, voltar à boa vida velha.

Foi o que fez. Como era período eleitoral, comprou todos os votos que pôde, elegeu-se como votação recorde e foi recebido com gritos e fanfarra. Quanto ao velhinho doente, acordou numa cela e até hoje não sabe como foi parar lá.