sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O que é Anonymous? O que é o Plano?

Uma mensagem de não-conformidade. Para pensar sobre o tipo de mundo em que vivemos.
É livre, mas não é independente...

A pressão que o governo americano exerce sobre a internet como espaço libertário, e a eficácia com que essa pressão é exercida, vide o episódio Sopa, põem por terra a suposição de que esse campo seja livre, aberto, anárquico. Pode até ser em essência, intenção e prática. Todavia, algo não pode ser deixado de lado: pode até ser libertária, aberta, anárquica, mas a internet não é independente. Não é como um jornal impresso, que, a rigor, somente deixará de circular por falência, alguma forma pontual de censura como foi o caso do Estadão, ou ascenso de ditadura, algo bastante improvável. 

Quanto à internet, todos nós, usuários, somos sim dependentes de um sistema cujo controle, em última instância, está sob mãos que podem nos calar, e o que é pior: com inteiro amparo legal, por mais que essa legalidade tenha um profundo conteúdo antidemocrático. Lei é lei. A internet é controlada na China, em Cuba, Coreia do Norte e Mianmar, por exemplo. 

Certo que ali temos sistemas onde não há liberdade. Como é certo também que os poderes da democracia formal também são, para uso das elites, assemelhados aos poderes ditatoriais: quando o sistema de comunicação começa a se tornar liberto demais, quando prejudica interesses das grandes corporações, vem uma legislação que protege tais interesses e torna a liberdade na rede equiparada ao crime. É essa farsa, é essa atitude tático-jurídica que põe fim ou pelo menos mitiga a força do seu grande, massivo número de participantes.

Sabemos todos que os jornais impressos também são controlados por grandes corporações, mas, historicamente, foram os jornais que, quando da vigência de ditaduras, se voltaram contra estas, mesmo que as tenham apoiado em seu nascedouro. O Brasil que o diga. Não faço a defesa desse tipo de democracia, mas entendo que ela se torna terreno próprio às conquistas de sociedade civil, ocupação de espaços, avanço em direção a uma sociedade que busca justiça social. 


Suponho, desta forma, que o afã com que alguns  anteveem o fim do impresso, com um certo cântico alegre e juvenil, colocando o impresso como artefato jurássico, não analisam o perigo que é termos apenas a grande rede de computadores como forma e meio de comunicação, seja de massa ou interpessoal. Sei do fenômeno de mercado que cerca o impresso, sei de sua queda de vendas, sei dos que racionalmente estimam seu fim para dentro de mais alguns poucos anos. 

Sei também que a história não se escreve em linha reta. Fora assim, os romanos ainda estariam dominando o mundo, já que a reprodução do seu poder se daria naturalmente, a par do desenvolvimento tecnológico especialmente no plano bélico, o que lhes garantiria a força e o domínio. Domínio gerando mais domínio, estagnação dos dominados gerando mais estagnação. Não foi assim, como vimos. 

Como os donos de jornais também são em grande medida donos de sistemas de comunicação na net, veja-se o Grupo Folha, estimo que haja intenção de agregar a força de um e outro sistemas, consolidando assim seu poderio. Claro que isso pode não acontecer, a partir mesmo do meu argumento de que a história não se escreve em linha reta. Quanto ao fim ou não do impresso estamos todos no terreno das especulações.Vejamos o que vai acontecer.

Mas, voltando à questão central deste artigo, meu temor é que havendo o fim do impresso fiquemos sob o guante do Grande Irmão, dominador de toda a malha comunicativa, estabelecendo de forma planetária o totalitarismo de uma corporação ou de corporação de corporações aliada aos Estados, uma vez que os Estados são colonizados pelo interesse privado. Isso, esse domínio, se fará sem resistência? Creio que não, coletivos como o Anonymous são um demonstrativo disso. 

Seria importante a existência do impresso, como seria importante sua convergência com a net, que, aí sim, funcionaria como espaço privilegiado à sua crítica, denúncia e acusação de erros perpetrados pelos donos dos jornalões. 


Enfim, apresento este artigo ensaístico como forma de expor  perplexidade ante um grande século que ainda está ensaiando seus passos na história.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Uma viagem de 45 anos é o tema do
novo livro do médico Tarcísio Gurgel

Janela aberta para o mundo é o novo livro do médico e escritor Tarcísio Gurgel, que será lançado no próximo dia 28 de Janeiro, às 17 horas, na Livraria Siciliano do Shopping Midway Mall em Natal-RN. O livro, bilíngue – português e inglês - trata do ano que o autor passou nos Estados Unidos como estudante e das experiências que vieram em seguida. Ele mostra como conheceu outras partes daquele país, com o que traz importantes informações, orientações, vivências e fatos hilários que viveu no decorrer destes anos, que não são poucos: faz 45 anos que ele concluiu os estudos proporcionados através do intercâmbio do American Field Service.

Com uma memória privilegiada e um senso de organização raro, o autor resgata momentos, fatos, informações e fotografias, que com o passar do tempo vão se revelando preciosidades, e que vale à pena ler e ver. Cada pagina da obra traz uma síntese madura e qualificada do pensamento sobre intercâmbio estudantil e os valores sociais e humanos que o autor tão bem soube adquirir e cultivar durante todas essas décadas. Trata-se de uma leitura que com certeza vai valer à pena.

O livro é uma espécie de viagem no tempo e no espaço, que começa com a narração sobre “West Chicago - Intercâmbio em Illinois, EUA (1965/1966)”; descreve em seguida como se sentiu “Vivendo nos EEUU - Uma experiência ímpar, singular, exclusiva e diferente”; fala sobre “O American Field Service (AFS) - Promovendo a formação do cidadão pleno”; detalha a “Convivência na Família Americana - Morando com a minha família norte-americana e estudando em West Chicago”; cita – “Letras de Saudade - As cartas que enviava e recebia – palavras de parentes e amigos”; e conta viagens que fez posteriormente ao ano do intercâmbio, a Denver, que descreve como “Um retorno emocionante e compensador”; Nova Iorque e Flórida (Miami, Kennedy Space Center e Disney World).

Tarcísio Gurgel tem 63 anos, é médico e perito aposentado do INSS. Em fins do ano passado foi aos EUA, onde, em West Chicago, lançou o livro para colegas de High School e foi orador da festa, que reuniu estudantes da época. Foi da segunda turma de brasileiros a participar do American Field Service - AFS. Foi intérprete no navio americano HOPE, que passou um ano em Natal, nos idos de 1971. Depois da viagem aos EUA, onde ficou um ano, tomou gosto por viagem e em todas as férias ou recesso está de mala na mão. 
 
O autor já conhece mais de 50 países, de todos os continentes. Em suas viagens, viveu os episódios mais variados e surpreendentes. Na viagem mais recente, em Nova Iorque foi recebido pelo diretor do AFS, a quem entregou um exemplar do seu livro e deixou outros para a biblioteca. Em 2007, ao completar 60 anos, contava 32 países e lançou seu primeiro livro - Batendo asas, onde e como. Agora lança Uma janela para o mundo em português e inglês.
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Texto: Walter Medeiros – DRT/RN 468

A menina que não existe mais

http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/inacreditavel/2012/01/19/292461-luiza-voltou-do-canada-e-foi-parar-na-tv
Menos Luíza, que está no Canadá

Voltou Luíza, que estava no Canadá. Desceu dos seus quinze minutos de fama, da nuvem da internet, do avião que veio do Canadá. Voltou Luíza, que estava no Canadá.

Na hipercomunicação sua vida foi assim: nasceu de um ato falho na TV e existia porque não era vista. Agora, voltou do Canadá e deixou de existir porque ela não era ela; ela era "menos Luíza, que está no Canadá"; foi vista e acabou a graça. 

O efeito viral dessa pandemia que se chama hipercomunicação é uma influenza cuja influência mata os seres microscópicos nascidos em seus muitos tubos de ensaio e, parece, não há vacina sendo fabricada. A não ser que haja uma vacina e eu não saiba. Talvez a vacina não esteja aqui: não está porque está no Canadá.

Leio no Correio da Paraíba, estarrecido; há dinheiro para esbanjar com a Fifa, mas falta atendimento a filha de trabalhador

Menina com doença rara fica sem remédios

Maria Fernanda, de quatro anos, sofre de dermatomiosite juvenil, doença rara que causa inflamação na pele e nos músculos. Por ser um problema crônico, o tratamento precisa ser feito sem interrupção, mas os pais da criança não têm condições de comprar os medicamentos, que custam por mês R$ 14 mil.

A família, que mora em Vigário Geral, na zona norte do Rio de Janeiro, recorreu à Justiça para que os remédios fossem fornecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). No entanto, o parecer foi negativo.
O pai da menina, Luis Fernando Gonçalves, é técnico em elétrica e não tem condições financeiras de comprar os medicamentos para a filha que sonha em ser bailarina, mas devido a inflamações musculares,não pode fazer muito esforço.

- Eu me sinto um inútil como pai de família, que não consegue comprar remédio para a filha. Não sei por que a Justiça não nos atendeu, pois tínhamos todos os documentos comprovando o quanto a doença dela é grave.
A Defensoria Pública Federal entrou com um recurso no fim do ano passado e aguarda um novo julgamento para o caso.

Segundo Eraldo Silva Júnior, defensor público federal, esta não é uma decisão padrão da Justiça, mas a Prefeitura do Rio alegou que seria atribuição do Estado fornecer medicamento de alto custo que, por sua vez, informou que o medicamento não é padrão, não podendo então ser fornecido pelo SUS.
Segundo a Defensoria, o recurso será apresentado aos juízes que irão julgá-lo até o início de fevereiro.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O vídeo que deu origem a essa conversa de Luíza que está no Canadá é esse logo abaixo. Um efeito viral inesperado para a agência que criou o comercial de venda de apartamentos.

 Montagner e Maria Fernanda Cândido: o Brasil de presidente novo

 O brado retumbante

Impressionante a forma como a Câmara dos Deputados foi apresentada ontem na minissérie Brado Retumbante: tipos boçais aplicadíssimos em seus computadores, outros presos ao celular: são esses os nossos representantes. Com isso, a produção da Globo parece ser um desses raros instantes de inteligência nas coisas da emissora dos Marinho. 

O ator Domingos Montagner faz o papel de um novo presidente da república, e que república. Cercado por um ministério de tipos ávidos, inconfiáveis, homens de intenções rasteiras, o ator conseguiu assumir expressão facial de um homem inseguro, alguém pisando em gelo fino. 

Ressalte-se o aspecto existencial, bastante humano, do personagem: ao ser acordado por um amigo que o comunica que será o próximo presidente, Paulo Ventura, o deputado que vira presidente de uma hora para outra, está curtindo ressaca pesada - que o diga a garrafa de uísque quase vazia jogada a um canto. 

Vêm a seguir o choque, a perplexidade, o temor da nova responsabilidade por parte de Ventura, veja só: um homem separado, uma voz que prega no deserto da política das espertezas está envolvido com a mulher de um colega, um senador baiano, típico representante da política miúda, feita a retalhos, safada, brasileiríssima.

Temos então a mais pura realidade transposta à ficção. Temos, efetivamente, verossimilhança: representação exata, ou pelo menos aceitável do real pela ficção, que critica o real do qual é ilação. Ficção como realidade escandida, levada às consequências máximas da dramaturgia televisiva, cuja enunciação ganha força exatamente pelos liames firmes com aquilo que representa.

A minissérie é carnavalizada, aqui no sentido de uso do carnaval como elemento crítico e atuante em meio à condição dionisíaca que deflagra: o Brasil como pátria de pilantras - que preguiça. Creio que a série tem tudo para atender a um determinado tipo de público que, à falta de um brado retumbante na vida, ganha esse grito no meio da tragédia que nos chega pelas antenas de TV. A arte de viver com a fé, só não se sabe fé em quê.

FEMEN: Mulheres protestam tirando a roupa na Ucrania

Recebo e divulgo comunicado dos estudantes de Comunicação




O primeiro Encontro Nacional sobre o Direito à Comunicação (ENDC)  ocorre  entre os dias 09, 10 e 11 de fevereiro  de 2012 na Universidade Católica de Pernambuco, em Recife.  Ate lá estão ocorrendo uma série de atividades de formação sobre o evento em várias universidades do país. No dia 31/01 ( terça-feira) será a vez da UFRN sediar uma dessas prévias para o  ENDC, a atividade ocorrerá no  Auditório do  “B” CCHLAa partir das 14h30

Entre os temas abordados estão esclarecimentos sobre a construção e  importância do ENDC, a trajetória do Centro Cultural Luiz Freire  e ainda a exibição do documentário “ TV AlmaSebosa” que trata, entre outros temas,  da falta de respeito aos Direitos Humanos na TV brasileira.

 O debate promete ser interessante e o Centro Acadêmico Berilo Wanderley convida  todos os estudantes, professores, Comunicadores comunitários, pesquisadores, representantes de ONGs,  grupos da juventude, movimentos sociais e associações  para participar desse evento, que está sendo realizado pela organização do ENDC em parceria com o  CABW, DCE/UFRN  e o núcleo da Revista Viração aqui no estado.

Então marquem na agenda, no dia 31/01 a UFRN vai discutir  sobre Direito à comunicação e sua participação é mais do que fundamental nesse debate. Contamos com a presença de todos.

Se liga:

 O Que: Pré-encontro sobre o ENDC na UFRN

Quando: 31/01/2012, a partir das 14h30 no Auditório B do CCHLA

Onde: Auditório  B do CCHLA

Mais informações: 
Organização do Pré-Encontro local: Ticianne Perdigão e João Victor (C.A. UFRN)
Contatos: Ticianne 84 88757505 e João Victor 84  8865-942

Tudo sobre o ENDC em : http://endc.org.br

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012


Historinha brasileira: a sofrida vida de um corrupto


Aproniano trabalhava de pedreiro. Paulo trabalhava de médico. Josepha Crescência trabalhava de advogada. Asclepíades trabalhava de corrupto. Pobre-diabo. Dava um duro danado para sustentar a família e até mesmo aquela sogra rabugenta. Começou trabalhado na Câmara Municipal, onde teve excelente desempenho intermediando verbas. 

Insatisfeito, o povo exigiu mais dele e tornou-o deputado estadual. Coitado. Como sofreu, avançado horas e horas noite adentro, executando grandes planos. Resultado: o povo cobrou mais do pobre-diabo, que tornou-se deputado federal. Aí sim, foi sofrimento grande.
http://www.google.com.br/imgres?q=corrup%C3%A7%C3%A3o&hl=pt-

Mais e mais lhe foi cobrado. Cansadíssimo, foi com notável esforço que o convenceram, ou melhor, intimaram a novo e terrível tormento: chegar ao Senado. Desesperado, sem saber mais o que fazer para atender ao povo ("Acho que esse povo quer que eu morra..."), continuou a trabalhar de corrupto, com inomináveis suplícios. 

O povo queria mais - veja como o povo é cruel - agora vinha a forçá-lo a ser governador. "Ó, Senhor, que atroz destino, fado e sina", lementava-se na solidão, ajoelhado ante um oratório, e se perguntava: "Por quê? Por quê? Por quê?". Entregou-se ao martírio de trabalhar duplamente, como governador e como corrupto. 

Afinal, cansado, melhor dizendo, exausto, decidiu-se. Reuniu toda a família e anunciou sua retirada da vida pública. "Após anos e anos trabalhando em favor do povo e da corrupção, injustiçado pela imprensa, injuriado pelos advrsários, quero comunicar que, ao contrário de Dom Pedro, não fico."

"Por que, papai?", quis saber o filho mais velho. 

Ele respondeu: "Não trabalhe tanto como o seu velho pai. Corrupção é coisa de muita responsabilidade. Cansa muito. Não insistam, que não mais trabalharei de corrupto. Não peçam mais de mim tal sacrifício."

"E o senhor vai trabalhar de que, se somente sabe trabalhar de corrupto e corruptor?", rebateu uma filha.

"Meus filhinhos", disse, com os olhos em lágrimas, "agora papai vai estar mais em casa. Agora papai não precisa mais trabalhar de corrupto. Acabaram-se meus dias de sofrimento. "Agora", disse com um sorriso no olhar, "papai vai trabalhar de empreiteiro." 

E assim foi feliz para sempre ao lado dos seus entes queridos.