sábado, 25 de fevereiro de 2012

Roy Orbison& Elvis Presley - Pretty Woman - Polk Salad Annie

Stand By Me | Playing For Change | Song Around the World

voodoo child jimi hendrix live

California Dreamin - Mamas & The Papas

À moda antiga

Recebo a visita de Nice, minha cunhada, vinda das Gerais, a terra das montanhas. Comemora hoje 34 anos de casamento com Cristiano, mineiro dos bons, conhecedor como poucos dos mistérios magníficos daquelas distâncias, vales e belezas. Por essas coisas da vida, não deu para viajar a tempo para a comemoração. Mas, em sua mineiridade criativa, improvisou: telefonou a Cristiano e se desejaram um feliz abraço. 
http://obrasilpordentro.blogspot.com/2011/07/ven-viola-ven-cantando.html

Mais que isso, ligou para uma rádio e seus amigos ali registraram aquela felicidade, com música dedicada ao velho e bom mineiro. Mais que isso, música para festejar o casal sólido e afetivo, música compartilhada por todos os amigos. 

Cristiano é um sábio dos prazeres simples da vida; descobre onde se escondem preciosas destilarias das mais puras cachaças de Minas e como poucos sabe fazer um efusivo brinde. Ela, senhora de mistérios da belíssima culinária mineira.

Aos dois o meu abraço, a eles que se vivem à moda antiga: ao som de música da terra e de felicidades no ar.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Trouxe a muriçoca?

Era uma vez Brasileiro. Quando foi um dia, Brasileiro, sem saber como, estava numa fila enorme. Perguntava a um e a outro por que estava ali. E a resposta que obtinha era essa: "Não sei. Eu também estou nessa fila e também não sei porquê." 

Nisso chegou um funcionário que trazia no peito um crachá, que informava qual o órgão público onde ele trabalhava: Instituto das Instituições Instituídas para Instituir novas Instituições e Cobrança de Taxas e Emolumentos, Tributos, Contribuições de Melhoria, Propinas e Etc...".
Brasileiro dirigiu-se a ele: "Senhor, posso saber o que faço nesta fila?"

O funcionário respondeu: "Não sei. O senhor vai ter que pegar uma ficha para se informar. Vá até aquele guichê, para receber a sua ficha."
Brasileiro: "Obrigado."

Foi ao guichê, esperou em outra fila e afinal foi atendido.
"Ficha?", disse o funcionário.
"Ficha", respondeu Brasileiro. 

Então, o funcionário perguntou: "Trouxe muriçoca?"
Brasileiro quase cai para trás e quis saber: "Muriçoca? Pra que muriçoca?"
A resposta: "Aqui só tira ficha quem traz uma muriçoca. Se não trouxe, vá para aquela fila. Lá, eles dão fichas que dão direito a uma muriçoca. Você vai ao Criatório Nacional de Muriçocas, apresenta a ficha, eles lhe dão a muriçoca, você volta aqui, pega nova ficha para eu atendê-lo novamente, eu lhe dou uma ficha e depois você vai para outra fila. Será atendido por outro funcionário e ele vai informar porque você está na fila."

Brasileiro dirigiu-se à fila para pegar a ficha de atendimento no Criatório Nacional de Muriçocas. Depois de muito esperar, recebeu a ficha de número 900.000.000.000.890.000.789.982.000.000.000.777.663.000.444. 000.767.980.765.000.000.123.456.789.3334-687.987.987.095.876.456.4329.899.999.678.543.
765.900.888.076.776 e tal, pá-pá-pá.

Quando Brasileiro viu a ficha sentiu que estava numa enrascada. Não tinha a menor idéia do motivo por que estava ali, ninguém sabia informar nada e ele ainda tinha que pegar fichas e mais fichas. Resolveu sair e ir para casa. Quando um guarda notou que ele estava saindo, disse: "Vai sair?"
Brasileiro respondeu: "Vou, não aguento mais ficar aqui e vou embora."

O guarda foi curto e grosso: "Pode não. Depois de entrar aqui, só sai depois de atendido. Volte já para a fila, para pegar a ficha da muriçoca."
Brasileiro argumentou: "Mas, quando eu vou ser atendido? Já viu o número da minha ficha?" E mostrou o papel com o absurdo número ao guarda.

O sujeito fez uma cara de espanto; "Óóóóóóóóó." Então, chamou Brasileiro a um canto e disse: "Negócio seguinte. Eu posso dar um jeitinho..."
"Pode?", perguntou Brasileiro quase feliz.

"Posso", garantiu o outro. "Mas precisa rolar uma merreca. Sacomé, né?"
"Seicomé", disse Brasileiro. "E quanté?" 

Era pouco garantiu o guarda. Por um salário mínimo ele daria a Brasileiro uma muriçoca e ele poderia afinal saber porque estava ali, depois de cumpridas as demais formalidades, claro. O guarda facilitou: aceitava cheque. Brasileiro nem pensou duas vezes: passou um cheque sem fundos ao guarda. Poucos minutos depois estava com uma linda muriçoca num belo e transparente frasco. O guarda era contrabandista de muriçocas.

Em seguida Brasileiro encaminhou-se ao funcionário encarregado de receber as muriçocas. Chegando lá, o homem disse: "Adianta não. Tá faltando um carimbo que eles dão na asa direita da muriçoca, atestando a procedência. Além disso, tá faltando duas meias, um pedaço de pneu de caminhão e três palitos de fósforo, para fazer juntada ao processo."

Brasileiro deu um grito de desespero e quis fugir para outro país. Quando já ia pulando a cerca que dava para outro país, o mesmo guarda da muriçoca pulou em cima dele e disse. "Teje preso. Pra fugir, também tem que pegar ficha... Somente saiu daqui depois que os home deram ficha a ele..."
Brasileiro então, implorou: "Posso ao menos me suicidar?"

O guarda: "Tá difícil. O país é pobre e só tem um revólver público para suicídios. E mesmo assim tá faltando bala. Pegue aquela fila ali e..."

Brasileiro nem esperou: caiu seco ali mesmo, não foi enterrado porque não tinha tirado ficha e até hoje o Brasil não sabe qual a fila certa...
---Falando nisso... você tirou ficha para ler este texto?


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Pintura hiper-realista

http://www.odiario.com/blogs/publistorm/pintura-hiper-realista/
Um novo e maravilhoso mundo

http://www.google.com.br/imgres?q=mundo+maravilhoso+praia&hl=pt-BR
Certa feita, em 1437, fui procurado por homens que queriam saber se, do ponto em que eles se encontravam, tendo à frente o mar, haveria novas terras. Nessa época eu trabalhava com o vidro e, fazendo-o encurvado, conseguia ver cousas muito distantes, até mesmo cousas de outros planetas. Peguei meu mais precioso aparelho, assetei o óculo e vi, distante, do outro lado do oceano, terras mui. Mas, como lhes sabia os terríveis intentos, de levar até lá suas guerras, lutas e devastações, neguei: "Nada há no mar além do mar."


Mesmo assim, eles insistiam: "Tendes saberes estranhos, ora. Assim, se te dermos muitos navios, todos abarrotados de terra, podereis seguir com tais naves e, longe, muito longe, atirar ao mar tamanha quantidade de terra que ali surgirá um novo continente para que o possamos descobrir." Rápido no pensamento aceitei a a proposta, estimando que aquela estabanada loucura em nada daria. Não haveria como encher navios com tanta terra para formar um novo continente. De qualquer forma, faria um belo passeio nas terras que avistara. E, lá chegando, não mais voltaria, impedindo também que os navios regressassem com a notícia de sua existência.


Dias após estava eu à testa de grande frota de navios e partia. Mas, como os empreendedores de alguma forma temiam cousas desatinadas e o fracasso da missão, deram-me por tripulação uma récua de loucos, desocupados, biltres e outros malfazejos, charlatães e mulheres da fortuna. Achei ótimo. Seria com aqueles que fundaria meu mundo nas terras que havia visto.


Tempos após, de grande navegação, aproximamo-nos das terras novas e os loucos todos gritaram que as haviam avistado. Fez-se grande alarido. Nesse momento adveio enorme, brutal tempestade e, para nosso terror, as lindas terras foram tragadas pelo mar fremente após três dias de fúria elemental. 


Milagrosamente todos os nossos navios suportaram o pavor e flutuavam. Demos então início à nossa obra: os loucos, os biltres, os jogadores enfim, todos os velhacos, puseram-se a derramar no oceano toda a terra que havíamos trazido e ao cabo de um mês de luta estava criado um novo continente, ao qual vieram aportar aves e animais que andam, muitos e de todos os tipos, que de alguma forma não haviam sido tragados pela refrega da destruição. 


Descemos todos e assumimos nossa obra, que a todos nos encantou. E, para alegria de todos os desatinados, descobrimos que nosso mundo flutuava. E que, quando navios e outras embarcações de nós se aproximavam, o vento nos levava adiante e eles não podiam tomar posse desse mundo. E assim vivemos até hoje, sem jamais sermos descobertos. A única coisa que às vezes nos apavora é a morte.

Vejo na Folha e compartilho


Cópia fiel?

Versão da 'Mona Lisa' descoberta no acervo do Museu do Prado, em Madri, segue à risca processo de criação de Leonardo Da Vinci, mas não atinge efeito luminoso da tela original
SILAS MARTÍ
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

A versão da "Mona Lisa" apresentada ontem pelo Museu do Prado, em Madri
Pintura descoberta da Mona Lisa
Foi como abrir uma janela que ficou fechada por mais de dois séculos. Técnicos do Museu do Prado, em Madri, definiram dessa forma o estudo que fizeram sobre a cópia da "Mona Lisa" descoberta no acervo da instituição. Dominique Faget/France Presse
No caso, a janela que dava para a paisagem atrás dessa versão da Gioconda, coberta por uma camada de tinta preta cerca de 200 anos depois da conclusão da tela.
Um mês depois do anúncio de que a cópia do Prado não era uma imitação posterior e sim uma espécie de fotocópia da original de Da Vinci, pintada em paralelo à tela em seu próprio ateliê, o museu espanhol apresentou ontem o quadro à imprensa.
Num primeiro momento, antes de saber se seria possível remover a camada de tinta que cobria a paisagem no fundo do quadro, restauradores do Prado compararam exames infravermelhos da cópia e da original, numa técnica em que a luz nessa frequência é absorvida e depois refletida pelos pigmentos negros abaixo da pintura.
A obra aurática

É como se o desenho preparatório saltasse à superfície, levando à descoberta anunciada ontem com estardalhaço de que cada traço da obra original havia sido reproduzido, mesmo em fase de estudos, na cópia que arrastou uma multidão ontem ao Prado ao ser exposta pela primeira vez após o restauro.
"Notamos que as linhas que estão debaixo do original se repetem na cópia", diz Ana González Mozo, restauradora que coordenou os estudos. "Isso revela as mudanças de ideia e hesitações de Da Vinci quando pintou."

No caso, o mestre italiano chegou a alterar o contorno da cintura da modelo, a posição dos dedos, o desenho do véu e a altura da cabeça, além de traços no rosto e no pescoço. Tudo isso também aparece alterado na cópia.

Depois que radiografias comprovaram a existência de uma pintura por trás do fundo negro da imitação, restauradores desbastaram essa camada superficial num processo que durou meses.

"Fomos abrindo várias janelas na pintura, para ter certeza de que não havia pedaços danificados pelas alterações posteriores", explicou Almudena Sánchez Martín, restauradora que removeu a camada de tinta. "A fase mais delicada foi abrir a pintura perto do contorno do rosto, que precisava ser integrado de volta à paisagem."

Atrás, estava um pano de fundo quase idêntico à paisagem toscana do original, com a diferença de duas montanhas que aparecem à direita do quadro, na altura dos olhos da Gioconda.

Da Vinci não chegou a pintar as colinas, mas fez um esboço delas num papel separado, um desenho datado de 1508, que só podia ter sido visto em seu ateliê enquanto ele pintava a "Mona Lisa", iniciada em 1503.
Esse dado descarta algumas hipóteses sobre a autoria do quadro, já que alguns nomes cogitados por especialistas não teriam tido contato com esse desenho na data em que a cópia foi feita.

Embora a composição seja idêntica à original, com as mesmas dimensões pictóricas, especialistas concordam que o pintor da cópia não tentou emular o famoso efeito sfumato, técnica de pincelada de Da Vinci que criava uma espécie de aura difusa.

"Nossa cópia não tem nada a ver com a técnica de Leonardo", diz Miguel Falomir Faus, chefe de pintura italiana do Prado, à Folha. "Ela foi feita de modo caligráfico, preciso. Ele fez até as sobrancelhas da Gioconda, que não estão no original."

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Matam-se moscas aos sábados

Leide Franco


 Era sábado pela manhã, um dia de verão dos mais quentes, dia bom para limpar superfícies encobertas pela poeira e pela ação do tempo que traz partículas pouco visíveis e ácaros oportunistas que vemos circular sempre que uma fresta incide luz, focando algum pedaço do ambiente. Dias de sábado são dias de purificação. Dia de soprar o pó que acumulou nos dias anteriores. Sábado é dia abrir as janelas, deixar o sol entrar em seu máximo e fazer o mofo acumulado se dissipar. É dia de deixar o ar limpo entrar, circular por nossas vias, encher o peito e renovar as forças. Sábado é dia de abrir espaço para a semana renascer.

http://www.google.com.br/imgres?q=mosca&hl=pt-BR&safe=off&client=firefox-
Renascer vem do consequente fato de morrer. Morte é uma coisa que não combina com nada na vida, nem tampouco com sábados. Não tenho coragem nem de matar uma mosca, mas matei uma pobre e indefesa mosca doméstica, como se eu fosse uma divindade dotada de poderes que determina a hora do fim. Logo uma mosca que só dura, quando muito, míseros trinta dias. Logo uma mosca que de tão sábia se recusa a morrer por já durar tão pouco. 

Mosca é aquele ser inseto que mede a velocidade e o ângulo da mão de quem nela bate, mas não só a mão, pode ser o chinelo ou aquele jornal que é arremessado em direção do seu corpo pequeno e frágil, e assim, ela calcula minuciosamente, como alguém que estuda física a vida inteira, onde será o golpe dado a fim de acabar com a sua já curta vida. Toda essa estratégia de fuga da morte ela rapidamente monta em três segundos.

Morrer por sucção não deve ser uma morte tranquila. Eu matei uma mosca. E não foi aquela mosca que queria entrar no meu olho ou no meu nariz. Também não foi aquela mosca que por mais que a gente espante, está sempre de volta, como aquele teimoso que nunca se vai. Eu matei uma mosca com o barulhento aspirador que consumia o pó do sofá da sala naquele sábado. O aspirador veloz agiu muito antes dos três segundos que a mosca precisaria para escapar da força do mecanismo que o aspirador de pó utiliza. Eu, meio deus munida de uma arma de aspirar partículas e vidas nas mãos, juntos, fomos cruéis e impiedosos.

Poucas coisas justificam a morte. Poucos perdoam os que matam. Defendo-me argumentando que tentei desviar o jato que suga poeira daquele corpo quase inerte, mosca que estava em pouso, quieta, bem visível na parte branca do sofá de tecido; ali ela estava, sem pretensões, sem pressa, só dando tempo ao seu breve tempo. 

Não tive a intenção, foi um desvio, de repente dirigi o ar que suga sujeiras para aquela parte do sofá, e em milésimos de segundos pude ver que ela ainda tentou lutar contra aquela força que lhe puxava para o encontro de um mundo desconhecido. Ela foi valente, eu vi! Esforçou-se para correr do ímã que a atraia para dentro daquele aparelho que só deveria aspirar pó e coisas semi-invisíveis. Ela queria fugir, como quem foge de um redemoinho ou do furacão em vão. Ela tentou escapar, eu juro que vi! Mas eu e aquele aspirador de pó fomos mortalmente mais rápidos. 

Quem pode ter o direito de tirar a vida de algo tão desavisado, em seu estado de vida que não era para acabar naquele instante? Eu fui aquela que pôs fim na vida de alguém, alguém mosca, indefesa e minúscula, sem fazer mal a nada e nem a ninguém. A expressão ‘incapaz de matar uma mosca’ não será válida sempre que em minhas mãos estiver um aspirador de pó ensurdecedor ligado na tomada a 220 Volts. Eu, assassina, não escolhi matar; ela, impotente não escolheu morrer. No fim, restou o que posso chamar de corpo sem vida de uma mosca no saco de restos mortais do aspirador de corpos estranhos e moscas que pousam distraídas - e suicidas. Continuo incapaz de matar uma mosca, mas matei.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Todos ao Velho Noroeste

Hoje um amigo perguntou-me hoje se eu não gostaria de "ir para o Velho Noroeste". Quis saber qual o motivo de ir a  tal lugar, que logo supus seja coisa muito distante; e ele me respondeu que o Velho Noroeste é a "terra dos bravos" e que lá eu poderia travar lutas renhidas "contra índios e outros seres abomináveis", levando assim uma vida de aventuras, plena de perigos e outras satisfações ameaçadoras.
Disse-lhe que não considero os índios "seres abomináveis" e que também não gosto de me sentir em perigo. Mas ele insistia: o Velho Noroeste está por ser desbravado, sendo eu a pessoa mais indicada para tanto. 

Quis então saber onde fica esse lugar e ele me respondeu "não sei". Então, como queria que eu fosse para um lugar que ele me indicava, mas sequer sabia onde fica? Respondeu que isso também seria responsabilidade minha e que a História me julgaria pelos meus feitos. Já pensou, disse, você ser o descobridor do Velho Noroeste?

Comecei a me preocupar que a coisa era séria quando ele levou-me ao porto e ali me mostrou um grande veleiro, barco de quatro mastros, e me disse: "Eis a sua embarcação." Repeli a ideia, lembrando que não havia aceito descobrir o Velho Noroeste, mas aí já era tarde. Tipos de má catadura me capturaram, enfiaram na minha cabeça um chapéu de capitão - desses de filme de pirata, lembra? - deram-me uma espada à cinta e a nave partiu. 

Nessa brincadeira, já estou navegado há dois meses. Há pouco o gajeiro me informou que viu terras adiante e mandei que para lá rumássemos. Vejo pessoas vestidas de reluzências, há batuques e cantares. E logo o imediato me confirma: estamos no Velho Noroeste. O barco aporta depressa e descemos a caráter: todos vestidos como velhos marinheiros. Somos tomados em braços e abraços e levados a um grande cordão.

Todos pensam que estamos fantasiados e vimos participar da festa aqui chamada Carnaval. Agora que descobri o Velho Noroeste, daqui não mais sairei. Fui escolhido rei desta festa e aqui para sempre ficarei. No meio da bagunça encontro o meu amigo, que me grita: "Eu não disse que você ia gostar do Velho Noroeste?!!!"


domingo, 19 de fevereiro de 2012

51-Amália Rodrigues Inédita -" Nêga Maluca "-Brazilian song!-World Music...

Marlene - Lata d'água ( samba carnavalesco - 1952 )

Acabo de chegar da morte

Pois é: acabo de chegar da morte. Vi o corpo de um amigo no calar impenetrável da vida ausente no corpo. Acabo de chegar da morte. A missa as orações, os cânticos; o choro da filha dele, hoje mulher que vi menina ao lado das minhas meninas, filhas do meu amor de pai, tudo isso me emocionou poderosamente. 
http://www.google.com.br/imgres?q=luz&hl=pt-BR&safe=off&client=firefox-

Acabo de chegar da morte. E me pergunto o que é aquele silêncio de vida no corpo calado. 

Acabo de chegar da morte enquanto a chuva cai numa espécie de choro que vem do Alto e nos banha com sua sentença: sois todos homens. E ser homem é já nascer julgado, é ser em si uma prisão, é ser estrangeiro a habitar passos, caminhos desvãos. 

Acabo de chegar da morte. 

Mas o choro da chuva de alguma forma me diz que quem acaba de chegar da morte termina sempre por encontrar motivos para entender que antes da morte, e depois dela, a Vida  é o lume sempre que vem e nos habita.

 Então, se acabo de chegar da morte é porque estou permanentemente envolto em Vida. E o meu amigo de alguma forma está cantando na chuva. Abraço grande, meu amigo.