sábado, 3 de março de 2012

Cena clássica - Blow-up - de Antonioni (Yardbirds Scene)


Cartola da Fifa diz que Arena das Dunas está com obras atrasadas

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, agiu de forma grosseira ao se referir aos atrasos nas obras da Copa, quando citou que a construção de estádios está atrasada, e que assim o Brasil deve levar "um chute no traseiro", para aprender a cumprir prazos. Matéria da Folha registra quando ele diz: "O Beira-Rio está com obras paradas. Estádios como Maracanã e Arena das Dunas devem ser concluídos depois do previsto no cronograma".
http://www.google.com.br/imgres?q=jerome+valcke&hl=pt-BR&safe=off&client

Mais claramente, para quem pensa que está tudo bem com o estádio do RN: as obras estão atrasadas sim. Basta ver a mínima quantidade de operários e máquinas empenhados na obra. Mas, voltando ao cartola: ele age assim pelo fato mesmo de que nosso país se acocorou perante os dirigentes máximos do futebol mundial. Para ter aqui uma Copa o país fez concessões demais, se ajusta ao que determinam os grandes da Fifa. 

O maior erro é realizar aqui o campeonato mundial. Esse é abuso inaceitável. Qualquer pessoa de bom senso sabe que não precisamos de estádios, mas de hospitais, segurança, escolas, estradas dignas desse nome, cultura, qualidade de vida.  O segundo maior erro é um Estado sucumbir aos interesses de entidade privada, que vai lucrar bilhões em detrimento dos interesses nacionais, mais claramente do ser coletivo a quem chamamos povo. 

Para encerrar: o Rio Grande do Norte não tinha nada que ter puxado para cá a construção de um elefante-branco. Ou será que este riquíssimo estado pode ser dar a esse luxo? Sugestão: vá ao Walfredo Gurgel e encontre a resposta. 

Leia a matéria da Folha: 

Valcke sobe o tom para criticar Brasil


País está atrasado e precisa de 'chute no traseiro', afirma cartola

DE SÃO PAULO


A Fifa aumentou a pressão sobre o Brasil por conta de atrasos na Copa de 2014.
O secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, elevou o tom de reclamações contra o país, o que já tinha feito no início da semana. Recorreu até a termo chulo para expressar sua indignação. 

"Nós deveríamos ter recebido este documento [Lei Geral da Copa] assinado em 2007, estamos em 2012. Você tem que se empurrar, tem que receber um chute no traseiro e entregar a Copa do Mundo", afirmou o dirigente em evento da International Board, que decide as leis do futebol.
A Lei Geral da Copa chegou a ser aprovada em comissão no Congresso, mas, por um erro, será votada novamente. 

Ao contrário do que disse no ano passado, o cartola da Fifa agora entende que nem as obras nos estádios estão bem. "Não compreendo porque as coisas não avançam. A construção dos estádios não está nos prazos. Por que tantas coisas estão atrasadas?", indagou o dirigente. 

O Beira-Rio está com obras paradas. Estádios como Maracanã e Arena das Dunas devem ser concluídos depois do previsto no cronograma.
Sua críticas também se estenderam às áreas de hotelaria e aeroportos. Para ele, há quartos de hotéis suficientes no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas não em Manaus. 

E pareceu lamentar o fato de ter aceitado acabar com a regionalização da Copa, o que aumenta as viagens.
"Tomamos a decisão de mover os times em só uma parte do Brasil para minimizar viagens, mas os organizadores explicaram que tinham que espalhar [os jogos] pelo país", contou. "Tendo apoiado a decisão do Brasil, temos que assegurar que os fãs e a mídia vão seguir seus times." 

Valcke ironizou o país por pensar mais em ganhar a Copa do que em organizá-la.
"A prioridade na África do Sul era organizar a Copa, e não ganhá-la. Parece que tudo que o Brasil quer é ganhar e isso tem que mudar."

Leio na Folha e compartilho

Exposição sobre Marilyn Monroe reúne 125 obras e filmes da diva

DE SÃO PAULO
Heidi Popovic
"Marilyn Contemporary" (2008 - foto) é uma das atrações expostas em "Quero Ser Marilyn Monroe!", montada na Cinemateca
"Marilyn Contemporary" (2008 - foto) é uma das atrações expostas em "Quero Ser Marilyn Monroe!", montada na Cinemateca

Pela primeira vez no Brasil, a exposição "Quero Ser Marilyn Monroe!" desembarca na Cinemateca Brasileira (zona sul de São Paulo) em 4 de março, celebrando os 50 anos da morte da diva.

Exposição sobre Elvis Presley vem a SP

Até 1º de abril, o público pode conferir gratuitamente 125 obras de arte e filmes de uma das principais estrelas do cinema. Entre as peças estão trabalhos de artistas consagrados como Andy Warhol, Allen Jones, Peter Blake e Henri Cartier-Bresson.

A exposição conta com a famosa foto "Red Velvet Pose", de Tom Kelley, para a "Playboy", e a atriz entre o lençóis de "One Night with Marilyn", do fotógrafo Douglas Kirkland, entre outras imagens.
A lendária foto da "sex symbol" sobre a grande de ventilação do metrô também faz parte da mostra, que inclui filmes como "Os Homens Preferem as Louras" e "O Pecado Mora ao Lado".

Acesse o site Catraca Livre para saber informações sobre eventos gratuitos ou populares.
Quero Ser Marilyn Monroe! - Cinemateca Brasileira - lgo. Sen. Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, zona sul, São Paulo, SP. Tel.: 0/xx/11/3512-6111. De 4/3 a 1º/4. Seg. a sex.: 9h até o fim da última sessão de cinema. Sáb. e dom.: 10h até o fim da última sessão de cinema. Grátis.

Divulgação
Marilyn Monroe (foto) retratada por Douglas Kirkland, em 1961; exposição sobre a atriz começa em 4 de março
Marilyn Monroe (foto) retratada por Douglas Kirkland, em 1961; exposição sobre a atriz começa em 4 de março  

Mel Ramos/Licensed by VAGA, New York, NY
A partir de 4 de março, "Quero Ser Marilyn Monroe!" traz a obra em litografia "Peek-a-Boo", de Mel Ramos
A partir de 4 de março, "Quero Ser Marilyn Monroe!" traz a obra em litografia "Peek-a-Boo", de Mel Ramos
A menina que virou a cabeça dos alunos e do professor

Por Leide Franco


Mais uma sexta-feira à noite. Enquanto uns lotam os bares e festejam as happy hours, estávamos contemplando a vida acadêmica, no cumprimento da semana, nas últimas quatro aulas consecutivas que marcam a proximidade do fim e as poucas horas que faltam para o dia acabar. UFRN, setor II, bloco B, sala 3, esse é o caminho percorrido para chegar até o que seria só mais um dia de aulas da disciplina Oficina de Texto III, ministrada pelo “Velho Barreto” (professor Emanoel Barreto) e sua camisa lilás clarinho, sua calça jeans presa na cintura por seu cinto de couro marrom; conjunto esse que vestia os seus mais de trinta anos de vivência direta com o jornalismo.

Nada fora do normal. Sala de aula grande com em média trinta alunos, aparelhos de ar condicionado congelando a pele, o ranger da porta em consequência do entra e sai dos alunos com seus celulares nas mãos que teimam e escolhem tocar sempre durante as aulas. Cada um em seu canto, cada um ocupando seu espaço. Uns atraídos pelas exposições explicativas do professor e outros em outro mundo: O virtual. É a prova da inclusão digital e a chegada da rede Wi-Fi que se instalou por quase toda universidade, conectando mundos.

Repetindo: Até então nada diferente do habitual, a não ser uma menina aparentando uns 8 anos de idade, de pele cor de cravo ou canela, cabelos curtos, olhos decididos. Vestia calça cor de rosa, sapatilhas também rosa quase bailarina e uma blusa branca florida. Ela abriu a mesma porta que rangia, entrou vagarosamente pela sala de aula, “desfilou” leve, quase na ponta dos pés, fazendo um caminho em forma de “U” quadrado, carregando um aparelho de celular com as duas mãos, pronta para deixar em um endereço certo. 

Qual?
Quem? 

Essas eram as perguntas que todos faziam silenciosamente enquanto acompanhávamos com o movimento da cabeça os seus passos firmes. Todos pararam e olharam ao mesmo tempo o seu percurso que parecia ensaiado. Afinal, quem seria aquela pequena grande notável em um habitat tão diferente do seu?

Foi questão de uns dez segundos essa viagem na qual todos nós embarcamos. Ela chegou determinada, estava resolvida, confiante de que estava no lugar certo e de encontro à pessoa certa: Seu pai que estava sentado na última fila e na última cadeira, onde findava o “U” quadrado. Mas seria mesmo o pai dela? Foi o que imaginamos sem nem nos preocupar em perguntar se era isso mesmo. Ficamos um tanto tocados por aquela cena distinta. Continuando a sua missão, ela entregou o celular a ele, sentou-se na cadeira ao lado como se ela fosse sempre sua, nos ignorou e nem se incomodou em corar as bochechas de vergonha por causa da atenção que despertou em todos e que fez o professor Barreto calar por aqueles segundos. 

Depois de acomodada, com suas pequenas pernas suspensas na cadeira, pegou o laptop do “pai”, conferiu com atenção alguma coisa que se apresentava na tela do computador. Fuçava e digitava daquele jeito como todos da sua geração, como todos os que não sabem o significado da era não-digital. O que ela via naquele laptop era algo do tipo que exercia sobre ela e sobre seus olhos donos de cílios “impiscáveis” grande poder. De repente cansou, guardou o computador na mochila do “pai”; saiu pelo mesmo caminho que chegou. Poucos minutos depois voltou com a mesma desenvoltura de antes, sentou-se na mesma cadeira, prestou atenção de um jeito como uns não estavam fazendo, ouvia atentamente o que professor dizia e fazia aquela cara de menina que de tudo já entendia.

quinta-feira, 1 de março de 2012


"Estou doente, estou muito doente..."

No País havia um problema: uma grande epidemia de dengue destruía a saúde das pessoas, ocupava todas as manchetes e levava medo, democraticamente, a todos o pontos, mesmo os mais distantes. De repente, alguém se lembrou: "Vamos falar com a Autoridade. A Autoridade pode dar jeito nisso. Toda Autoridade dá jeito em tudo."

A repercussão foi a maior possível: todos os moradores do País se reuniram em praça pública e tomaram a decisão de procurar a Autoridade. Houve gritos de regozijo, palavras de apoio e alegria incontida: a Autoridade iria atender ao povo, mobilizar esforços, compor comissões de alto escalão e logo, logo, a dengue seria superada e expulsos por decreto todos os mosquitos.

De repente, porém, um do povo gritou: "Mas, onde encontraremos a Autoridade? Alguém viu a Autoridade por aí?" E a resposta unânime: "Não!"; ninguém tinha visto a Autoridade nos últimos vinte anos. Mistério. O que fazer? Rápido em sua ação, um homem sugeriu: "Vamos formar uma Comissão Popular de Insatisfação-CPI e assim, quem sabe, encontraremos a Autoridade." Outro completou: "Muito bem. Além do mais, será um trabalho de arqueologia, uma grande descoberta. Já pensou? Encontrar uma Autoridade? Ganharemos o Nobel da Ciência Arquelógica."

E a partir daí, toca a procurar. A CPI não media esforços e era acompanhada diariamente pela TV, rádios, jornais e internet. As manchetes diziam: "Autoridade foi vista viajando em jatinho particular"; "Autoridade desaparece em meio a uma nuvem de mosquitos da dengue"; "CPI invade favela procurando Autoridade, mas a recebida a bala por traficantes"; e afinal: "CPI descobre pista da Autoridade".

Quando essa última manchete saiu, causou grande comoção nacional. A dengue já havia matado milhares de pessoas e o possível sucesso da CPI era festejado nas ruas. A CPI empenhou-se ainda mais, até que enfim um grande jornal deu com exclusividade: "CPI descobriu casa da Autoridade e marca audiência para amanhã".

O País inteiro parou: amanhã, finalmente, a Autoridade iria ser acionada e iria tomar as providências cabíveis à gravidade do caso. No dia da reunião, a CPI chegou pontualmente e foi recebida por um mordono que, pondo o indicador sobre os lábios disse: "Psiu... Silêncio, a Autoridade está doente..." A CPI controlou seu pânico: "Será que a dengue pegou a Autoridade?"
Passou-se um tempinho, até que, afinal, a Comissão foi recebida pela Autoridade.

Pé ante pé, seus integrantes da CPI se aproximaram e seu Presidente disse: "Excelentíssima Autoridade: estais doente?"

"Siiim", respondeu a Autoridade com um fio de voz.

"E o que tendes?", foi a angustiosa pergunta do presidente da CPI.

"Ó, não queirais saber, meu justo cidadão", disse a Autoridade. E completou: "Estou gravemente doente. Gravamente doente de... caspa." Disse isso virou-se para o outro lado e declarou que tinha acabado de morrer.


Diante da reprovação da governadora Rosalba lembro o poeta Bosco Lopes. O poema é triste mas é verdade.

Riogrande

Rio grande da morte
Rio grande sem sorte
Rio grande sem forte
Rio Grande do Norte


Rio pequeno do Norte
Rio finito do corte
Rio seco de sorte
Rio Grande do Norte


Rio sem cais sem porto
Rio você já foi morto
Rio de leito torto


Rio chorando de fome
Rio triste sem nome
Rio cansado que some
Rosalba: quem promete, deve

No final do ano passado a desaprovação da governadora Rosalba Ciarlini estava em 59,6% e agora salta para 62%, segundo levantamento Sinduscon/Consult. Sou levado a crer que deve-se ao fato de que a então candidata prometeu demais, assumiu compromissos inalcançáveis e criou falsa expectativa quanto ao seu governo. Ou seja: campanha é uma coisa, governo é outra.

A prática incumbiu-se de esgarçar o devaneio. Não se viu nenhuma grande obra estruturante, a saúde não melhorou, a segurança idem, nada de bom na rede pública de educação. E tudo contribuiu para a realidade desoladora, até mesmo porque a governadora, logo ao início do mandato, fez campanha intensiva via TV para mostrar que herdava um estado em situação de terra devastada, deixando implícito que ela seria a entidade taumatúrgica que reporia o carro nos eixos. Não foi bem assim.
http://www.google.com.br/imgres?q=rosalba+ciarlini+fotos&hl=pt-BR&client

O fato de ter ficado olhando o retrovisor do tempo, tornando hiperbólica a situação em que dizia ter encontrado o estado, parecia confirmar a chegada de uma era de ouro ao Rio Grande do Norte com Rosalba Ciarlini. Afinal, se estávamos no fundo do poço, não haveria mais como afundar. Ocorre que a insistência em falar mal da adminstração passada terminou por estabelecer relação de grande proximidade midiática entre ela e seus antecessores.

 O próprio slogan do governo, "Reconstruir e avançar", se encarregava de estabelecer esse forte liame com a administração finda: ao insistir na tese da "reconstrução", Rosalba se vinculava terminantemente com o tempo que deplorava, ou seja: mesmo ao chegar ao último dia como governadora estaria "reconstruindo", jamais se libertando do estigna que ela própria criara; nunca vivendo midiaticamente seu próprio mandato, mas vivenciando situação político-administrativa que tinha o passado como referente. E isso é mau. Especialmente quando mudanças não houve.

Então, como nada há de bom com o novo governo, pelo menos não com a dimensão que ela fez supor, a reconstrução não foi ainda ativada e, consequentemente, o "avanço" não se deu. Creio ter razão no que afirmo: as pesquisas retratam o desalento da sociedade. Se há rejeição não houve reconstrução, muito menos avanço. Talvez valesse assim emplacar um "Meia-volta, volver" e recomeçar tudo. Dessa vez com os pés no chão.

Deu na Folha:

Dilma muda ministério para aplacar evangélicos
Ligado à Igreja Universal, senador Marcelo Crivella vira ministro da Pesca
Planalto espera que escolha ajude a conter críticas ao petista Fernando Haddad na corrida à prefeitura


DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO
Com o objetivo de blindar o petista Fernando Haddad contra críticas dos evangélicos na campanha à Prefeitura de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff promoveu ontem mais uma mudança na Esplanada dos Ministérios. 

Dilma escolheu o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), ligado à Igreja Universal do Reino de Deus e um dos principais representantes dos evangélicos no Congresso, para substituir o petista Luiz Sérgio no comando do Ministério da Pesca e Aquicultura. 

A posse do novo ministro será amanhã. Em nota, a presidente disse estar "segura" de que Crivella "prestará relevantes serviços ao Brasil" e afirmou que a troca "permite a incorporação ao ministério de um importante partido aliado da base do governo". 

Para o Planalto, a nomeação de Crivella poderá conter críticas que evangélicos ameaçam fazer contra Haddad por causa do kit gay, material que o governo planejava entregar a alunos da rede pública para combater o preconceito contra homossexuais.
Encomendado pelo Ministério da Educação quando Haddad era o ministro, o kit teve sua distribuição suspensa pelo governo no ano passado, depois de receber críticas de líderes evangélicos. 

Em entrevista à Folha em fevereiro, o presidente do PRB, Marcos Pereira, que também é bispo da Igreja Universal, afirmou que o kit afastaria os evangélicos do candidato petista em São Paulo. 

Com a escolha de Crivella, o Planalto espera ainda fazer um agrado à direção da TV Record, que é controlada pela Igreja Universal. A emissora veiculou várias reportagens críticas sobre o kit gay. 

O novo ministro negou relação entre sua escolha e a disputa eleitoral. "Em nenhum momento, quando a presidente me convidou, isso foi aventado", afirmou Crivella. "Pelo contrário, só tivemos conversas técnicas."
O PRB lançou o deputado federal Celso Russomanno como candidato à Prefeitura de São Paulo. Ele afirmou ontem que continua no páreo. "Nosso acordo com o governo é na esfera federal", disse.

Recentemente, líderes evangélicos ficaram descontentes com o governo por causa de declarações do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, responsável pelo diálogo do Palácio do Planalto com igrejas e movimentos sociais.
Em palestra em fevereiro, Carvalho disse que o Estado deveria entrar numa disputa ideológica pela "nova classe média", que estaria sob hegemonia dos evangélicos.
Ele disse ter sido mal compreendido e pediu "perdão" pelo "sentimento" que suas declarações provocaram. 

Representantes dos evangélicos no Congresso também ficaram insatisfeitos com a nomeação da petista Eleonora Menicucci para o cargo de ministra de Políticas para as Mulheres há um mês. Ela defende a descriminalização do aborto e no passado admitiu ter feito dois abortos.
Na reta final da campanha presidencial de 2010, Dilma sofreu forte pressão dos evangélicos e assumiu o compromisso de que não mudaria o tratamento que a legislação brasileira dá ao aborto.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Deu na Folha:

Pelas costas

Álbuns embargados por João Gilberto há 20 anos estão disponíveis para venda na internet, em novas edições, produzidas fora do país
Tuca Vieira - 14.ago.08/Folhapress
O cantor João Gilberto, no palco do Auditório Ibirapuera, em São Paulo
O cantor João Gilberto, no palco do Auditório Ibirapuera, em São Paulo    
MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO


Eles estão proibidos, mas podem ser comprados em um clique. E com nota fiscal.
Pilares da bossa nova lançados por João Gilberto pela Odeon, os álbuns "Chega de Saudade" (1959), "O Amor, o Sorriso e a Flor" (1960) e "João Gilberto" (1961) foram embargados na Justiça pelo cantor em 1992 e, ao menos oficialmente, nunca mais puderam ser reeditados. 

No Brasil, jamais foram. Mas edições novíssimas desses discos vêm sendo produzidas de maneira aparentemente irregular fora do país -sobretudo na Inglaterra, onde está instalada a sede da gravadora EMI, detentora do catálogo da finada Odeon. 

Estão disponíveis em todos os formatos em voga no mercado atualmente -CD, vinil e digital. Quem os vende? As duas principais lojas virtuais do mundo: a Amazon.com e a iTunes Store, da Apple.
"A EMI alega que essas versões são piratas. Mas eu própria os comprei na Amazon. Se a gravadora tem os direitos sobre esses discos, ela teria o dever de cuidar deles", diz a jornalista Cláudia Faissol, mãe da filha caçula de João, que há quatro anos tenta um acordo com a empresa. 

Faissol afirma que, há poucos meses, tentou reaver para João as masters originais dos três discos. Segundo ela, a EMI mandou vir um técnico de som americano para mostrar o material ao cantor.
"Mas o que mostraram não eram os originais. Eram rolos de fitas que pareciam ser os originais, mas já estavam manipulados. João reconheceu na hora que os finais estavam cortados", diz. "Para mim, eles não têm mais os masters. Se tivessem, teriam mostrado ao João. Até por medo." 

Procurada pela Folha, a EMI diz que seu departamento jurídico está em férias e não vai comentar o assunto.
Já o selo europeu Doxy Music e o inglês él (divisão da Cherry Red Record), que lançaram, respectivamente, as novas edições em vinil e CD da trilogia proibida, não responderam aos contatos até o fechamento desta edição. 

O EMBARGO
O imbróglio que envolve a EMI e João Gilberto se arrasta desde 1992, quando os três álbuns -mais as três faixas gravadas pelo cantor no compacto "Orfeu da Conceição" (1962)- foram lançados em um único CD, "O Mito".
João não gostou nada do que ouviu. E entrou na Justiça para que deixassem de ser fabricados. Nunca falou publicamente sobre o assunto, mas suas considerações estão registradas em cena de um documentário ainda inacabado que a própria Faissol vem fazendo sobre o músico. 

"No processo [de digitalização], tiram coisas, tiram frequências, fazem besteira. Mudam o som. É uma outra coisa. Eu não sei o que eles fazem, mas sei que fica diferente. Aí então eu me apresento, eu luto por isso", disse o cantor em uma das cenas a que a Folha teve acesso.

Depois de uma batalha que já durava 15 anos, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decretou, em dezembro passado, que João Gilberto terá que receber indenização por violação ao direito moral do autor em razão a "O Mito".
Segundo o laudo do STJ, "as canções originais de três discos gravados em vinil sofreram modificação substancial de apresentação após terem sido remasterizadas". 

"Mas João continua sem receber", diz Faissol. "Se o governo não está fazendo nada, é por questão de leviandade. O Juca [Ferreira, ex-ministro da Cultura] recebeu um memorial assinado por João. O governo dele passou e nada foi resolvido. Mais recentemente, falei com Ana de Hollanda. Ela me disse que a lei é lenta assim mesmo." 

A atual ministra é ex-cunhada de João Gilberto -o cantor foi casado com Miúcha, irmã de Ana, com quem teve a primeira filha, a cantora Bebel Gilberto. Procurada, a ministra disse, por meio da assessoria do MinC, que não vai comentar o caso.


O curso de Comunicação Social da UFRN dá as boas vindas aos calouros. Agora à tarde professores e veteranos recepcionam os novos futuros profissionais. Na foto, o professor Sebastião Faustino fala aos estudantes a respeito do funcionamento das habilitações de jornalismo, radialismo e publicidade e propaganda. Foto enviada pelo Centro Acadêmico Berilo Wanderley.
A retomada do Diário de Natal

Leio nas coisas de jornal da net que o Diário de Natal se organiza para voltar ao formato standard. Informações corriam a respeito de presumido fim do jornal. Ontem mesmo comentava com alunos de jornalismo a respeito. E dizíamos como seria importante uma retomada do velho matutino - onde comecei há 37 anos. Hoje, vejo que as coisas se passam ao contrário e que o jornal pretende reencontrar-se com sua história. 

O jornalismo impresso cumpre papel fundamental, a despeito da net. Entendo que os dois modelos não se excluem mutuamente, antes de completam. A internet pode simplesmente deixar de funcionar ao toque de um botão. Um jornal impresso, não. Mesmo sob censura tem como resistir.Vamos esperar pelas mudanças.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Durante a escuridão da noite

Somos sim a marca magistral de som e luz, silêncio pardo.
Somos sim a curva estreita no longo caminho ao lado do abismo; mas somos também a coragem de superar o abismo e sobre ele nos lançar em voo perfeito, elipse.
http://www.google.com.br/imgres?q=paisagem+azul&hl=pt-BR&safe=off&client=firefox-

Somos não o temor que para, a decisão que estagna, o calafrio. Somos o cala-frio.

Somos, assim, somos. E por sermos, somos somas; somamos o que multiplicamos, dividimos o que tememos e dessa sorte diminuímos o que nos enfraquece.

E então crescemos como o verde que brota no jardim durante a escuridão da noite.
Um poema de Gregório de Matos, o Boca do Inferno

1

Que falta nesta cidade? ..................Verdade.
Que mais por sua desonra? ............Honra.
Falta mais que se lhes ponha? ........Vergonha.

O demo a viver se exponha
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

2

Quem a pôs no socrócio? ................Negócio.
Quem causa tal perdição? ..............Ambição.
E o maior desta loucura? ................Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe o que perdeu
Negócio, ambição, usura.


Gregório de Matos [1636-1695]

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Como construir uma cidade chamada Natal

Ó pobres, miseráveis e sofridos moradores desta cidade do Natal à beira-mar plantada. Eis que aqui venho e anuncio minha candidatura a prefeito, o que representa sem dúvida salvação e curso para este burgo. Faço o comunicado após muito meditar e receber chamamentos e convocatórias, e como sempre estive à disposição do povo, assumo esta missão.


E o faço com um grandioso programa de metas à semelhança do fez o saudoso presidente Juscelino Kubitschek. São, todas, metas monumentais, que muito atenderão aos reclamos de uma cidade grande e saudável como aqui a veremos. 

Teremos quatrocentos anos em quatro, o que levará nossa cidade à condição de grande metrópole que é o seu destino. Isto posto, seguem minhas metas e propostas:

1) Farei a inauguração de uma grande construção que se chamará Forte dos Reis Magos;

2) Da mesma forma mandarei cavar um grande buraco que será cheio de água. Esse buraco terá o nome de mar. Assim que der, vou inaugurar o mar;

3) Para conforto da nossa população o mar será dividido em praias. Praia do Forte, Praia dos Artistas, Redinha, Areia Preta, Ponta Negra e por aí vai;

4) Haverá grande festa quando, na praia de Ponta Negra, eu descerrar a fita de abertura de uma obra chamada Morro do Careca. Por minha própria conta já mandei buscar no Paraguai a areia para a construção do citado Morro;

5) Chegando a noite vou inaugurar a escuridão.

6) Determinarei que se junte um bocado de cajueiros em Pirangi - que não é de Natal, mas declararei guerra a quem quer que seja dono e o tomarei para nossa cidade. E que ali seja criado o maior cajueiro do mundo. Informo que este será inaugurado em seis meses de gestão. Meu primeiro ano de governo será comemorado com batida de caju;

7) Cavarei um buracão em forma de estrada, mandarei encher de água à semelhança do mar, e ali será chamado de rio Potengi. 

8) Promoverei grande poluição desse rio com os dejetos de milhares de casas, pois rios poluídos são prova de que estamos em obra e progresso;

9) Criarei uma grande instituição que será chamada Câmara Municipal de Natal para trabalhar em prol dos natalenses;

10) No centro da cidade haverá um grande templo, chamado de catedral. Vamos rezar para que tudo dê certo;

11) Sempre que chover, acredite, será obra de minha realização. E funcionários públicos estarão nas ruas e acompanharão as pessoas com guarda-chuvas para que ninguém se molhe;

12) Serão inaugurados o sol e as nuvens.As nuvens e o sol serão customizados e atrairão novos e mais turistas. O sol e as nuvens serão inaugurados a devido tempo;

13) Em todas ruas que não forem calçadas farei instalar grande quantidade de material chamado areia;

14) E em todas essas ruas farei implantar uma coisa chamada catabilho para auxiliar o tráfego;

15) Criarei algo importantíssimo chamado placa. Placas são objetos planos e largos onde se escrevem coisas. E em cada local onde houver obra de minha administração será colocada uma placa. E isso comprovará a tese de que placas também são grandes obras;

16)  Farei inaugurar uma coisa chamada chão. E haverá um grande programa de casas populares. A prefeitura dará o chão gratuitamente a cada morador. É só passar a pegar o seu;

17) Vou inaugurar também a maré e o mangue e construirei grande quantidade de buracos. 

18) Afinal, vou mandar derrubar o Forte dos Reis Magos e em seu lugar construir as pirâmides do Egito. Tenho dito.

Caríssimo, confio em você e em sua capacidade de escolher o melhor para nossa cidade. Afinal, serão obras assim que nos levarão ao futuro. Como prova de que quero botar para quebrar já derrubei o Machadão – não sei se você viu como ficou bacana. Não acredite em nenhum outro candidato. Tudo o que este disser serão mentiras e fabulações. Precisamos dar um banho de realidade em nossa cidade Natal.