sábado, 19 de novembro de 2016

O apartamento de Geddel



Quando a imprensa joga sujo
Esclarecido o motivo da saída de Marcelo Calero do Ministério da Cultura: retirou-se, segundo disse à Folha, para não ceder a pressões do ministro de Governo, Geddel Vieira Lima, que queria porque queria obter aprovação de edifício a ser construído em área tombada em Salvador, base política de Geddel.
Segundo Calero, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-Iphan, havia permitido a construção do edifício com 13 andares; mas Geddel, homem forte do governo Temer, havia comprado apartamento do trigésimo andar e isso não lhe interessava. Afinal, a tecnologia ainda não criou o apartamento flutuante.
Então Calero, ante pressão insuportável e visando preservar-se de envolvimento em negócio sujo renunciou ao cargo, segundo assegurou à Folha. Geddel, garantiu Calero, estaria preparando uma manobra via Advocacia Geral da União a fim de validar o negócio –
Desse episódio registro algo mais: a lamentável omissão da imprensa em detalhar o sórdido episódio. Somente a Folha expôs o fato com destaque de primeira página; o Estadão falou algo como briga entre Geddel e seu desafeto ocasional; o Globo praticamente a mesma coisa, mas em notinha mínima de primeira página. Já o Correio Braziliense deu uma chamada de título, ou seja: disse que Calero saiu e informou a página onde a notícia poderia ser encontrada. Só isso.
Fica bastante claro que a dita grande imprensa quer escurecer o caso, colocando-0 apenas como uma rusga, um arrufo entre homens do Poder.
Pelo que foi denunciado, não foi bem assim. E fica um lembrete, registrando como a corrupção é firme e seus praticantes atrevidos: mesmo com as prisões anunciadas quase todos os dias e a Lava Jato funcionando a todo vapor – mesmo que até agora tenha pegado bastante leve com o PSDB – Geddel teve a coragem de peitar um colega de ministério a fim de satisfazer a seus apetites.
É que as coisas no Brasil são lentas para punir os mais ricos. Há uma isenção de classe, uma impunidade presumida. Lamentável.
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Menino birrento – E garotinho, menino birrento, tinhoso e recalcitrante ganhou um prêmio aos seus maus feitos. Não é que já foi retirado da prisão e ganhou hospital particular para se tratar da doença oportuna que o acometeu ao ser capturado? Esse povo rico fica tão doentinho quando é preso, não é mesmo?
Aqui, nada – Tenho notado que a captura de figurões fica só lá para o Sudeste. Corruptos federais, digamos assim. Aqui, não. É tudo uma grande pasmaceira. Deve ser porque são corruptos estaduais ou municipais, coisa de pequena monta. Aí os bichinhos ficam todos soltos.
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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Crença na brutalidade



Nosso Dom Sebastião pode ser Jair Bolsonaro

A invasão ontem do plenário da Câmara dos Deputados por um grupo movido por alguma espécie de histeria política sugere algo preocupante: a existência de setores da sociedade que acreditam sinceramente que somente com a “presença de um general” na presidência da República teremos o país no rumo  certo.


Estimada como composta por cinquenta pessoas, a turba seria algo como uma pequeníssima ponta de iceberg da insatisfação manifesta pelos que, dotados de pensamento político tosco, desejariam o retorno do país à ditadura. 

Creio que tal fato deva ser levado a sério. Temos no congresso espécimes políticos como os Bolsonaro, além da bancada protestante, que defendem as piores ideias, as mais obscuras propostas políticas. Esses tipos, não se duvide, apoiariam qualquer intentona antidemocrática. 

Para quem pensa numa solução ditatorial a conjuntura parece justificar tal “solução”. 

Vejamos: a chamada classe política está em frangalhos; temos um judiciário lento, com processos caros e salários altíssimos; o alto empresariado afundado até o pescoço na fossa que ele mesmo cavou e funcionários públicos agem como facínoras. 

Somado tudo isso fica a indagação: em quem acreditar?

Não podemos esquecer outro dado: a onda de criminalidade que varre o país, aterrorizando uma sociedade indefesa. Somemos tal quadro a uma polícia ausente ou pelo menos tardia e adicionamos à receita a pusilanimidade do Estado no enfrentamento aos criminosos e pronto: temos o prato feito para que nos surja a turba querendo mudanças na marra. E que mudanças!

Detalhe importante: a malta que invadiu o plenário da Câmara é de atitude bem diversa daqueles que, impulsionados pelos patinhos da Fiesp pediam o golpe que depôs Dilma. 

Ali se viam famílias arrumadíssimas, carrões possantes, casais com filhos em carrinhos de bebê e a pretinha empurrando os lindos rebentos. Havia era uma espécie de convescote que validava o golpe que viria. Uma brincadeira de madames posando, de uma hora para outra, de dona de casa engajada e consciente da dura vida do povo. Só isso.  

Ontem não: eram pessoas dispostas a se arriscar. Gente de luta, tropa de frente, disposta a peitar políticos poderosos, milionários detentores de mandatos, graúdos que desafiam normas morais, justiça, o que der e vier. Foram, meteram o pé e tomaram o plenário. 

Percebo naquela mobilização algo da força essencial que, por exemplo, mobilizou os estudantes na ocupação de escolas e universidades. São essências diferentes, mas são uma força, uma convicção.
Tenho certeza de que podem, sem dúvida, gerar um movimento forte. E muito perigoso. 

Na contraface temos o PT. Aquele partido – pelo menos na quadra histórica que vivemos – falhou ao assumir o comando pois não representou de forma convincente os trabalhadores. Isso tirou à classe trabalhadora esperanças de que aquele partido pudesse efetivamente e literalmente vocalizar o seu discurso

O PT aliou-se ao que há de pior na política brasileira, aderiu às suas práticas e esvaziou discurso, imagem e proximidade com as classes populares. 

Tudo isso tem consequências lamentáveis – e poderosas – para minar a democracia, permitindo a setores idelogicamente rudes a propagação de suas ideias aparentemente salvacionistas. 

E o que é pior: pode ser que o nosso Dom Sebastião, o salvador esperado, seja Jair Bolsonaro, brotado dessa Alcácer Quibir em que o país foi transformado.
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ZOORÓSCOPO
Mosca – os nascidos em tal signo têm à sua frente um futuro glorioso. Devem casar-se com nascidos em aedes aegypti, formando um par perfeito. No Brasil os mosquianos dão-se muito bem. Especialmente agora, com a iminente aprovação da PEC do fim do mundo, você, mosquiano amigo, terá amplo terreno para agir. O monturo a ser criado é todo seu.

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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Briga dos Beatles é mostrada em correspondência


Carta dos Beatles vai a leilão amanhã
 Lance inicial é de dois mil dólares e pode ser feito via site RR Auction

Encontro no Blog do Matias (UOL), carta de Lennon e Yoko ao Casal Paul e Linda McCartney. 
 
http://matias.blogosfera.uol.com.br/2016/11/16/
Diz o blog: “Uma recém-descoberta carta de John Lennon e Yoko Ono para o casal Paul e Linda McCartney, que vai a leilão nesta quinta-feira, dia 17, mostra como o clima entre a dupla de compositores mais famosa do mundo estava tenso mesmo após a separação dos Beatles, grupo que lhes projetou para a fama. Sem data, a carta datilografada – com trechos escritos à mão pelo próprio John – deve ter sido escrita no início de 1971, à época em que o casal John e Yoko mudou-se de Londres para Nova York e é uma resposta pesada à outra correspondência, não especificada, de Paul para John, que Lennon rebate mirando em quem ele acredita ser a autora de parte das acusações: Linda McCartney.”



Segue a íntegra:
''Caros Linda e Paul,
Estava lendo a carta de vocês e pensando que tipo de fã de meia idade e destemperado dos Beatles a escreveu. Resisti a olhar na última página para descobrir – ficava pensando quem seria – Queenie? A mãe do Stuart? – A esposa de Clive Epstein? – Alan Williams? – Quem diabos – é Linda!

Você realmente acha que a imprensa está por baixo de mim/vocês? Você acha isso? Quem vocês pensam que nós/vocês são? A parte sobre o ''auto-indulgente não percebe quem está ferindo'' – espero que vocês percebam o quanto de merda que vocês e o resto de meus amigos ''bondosos e não egoístas'' despejaram em mim e em Yoko, desde que estamos juntos. Algumas vezes pode ter sido um pouco sutil ou deveria dizer ''classe média'' – mas não com frequência. Nós dois ''passamos por cima disso'' uma porção de vezes – e perdoamos vocês dois – então é o mínimo que vocês podem fazer por nós – vocês tão nobres. Linda – se você não se importa que eu diga – cala a boca! – deixe que Paul escreva – ou como queira.

Quando perguntado sobre o que eu achava originalmente do MBE, etc. – eu disse a eles o melhor que eu conseguia me lembrar – e eu me lembro mesmo de certo embaraço – você não, Paul? – ou você – como eu suspeito – ainda acredita em tudo isso? Eu posso perdoar Paul por encorajar os Beatles – se ele me perdoar pelo mesmo – por ter sido – ''honesto comigo e ter se preocupado demais''! Que diabos, Linda, você não escreve para o livro Beatle!!!

Eu não me envergonho dos Beatles – (eu comecei isso tudo) – mas sim de algumas merdas que a gente engoliu para fazer deles tão grandes – eu pensava que todos nós sentíssemos assim em diferentes graus – obviamente não.
Você realmente pensa que a maioria da arte de hoje só existe por causa dos Beatles? – Eu não acredito que você seja tão insano – Paul – você acredita nisso? Quando parar de acreditar talvez você acorde! Nós não dizíamos sempre que éramos parte de um movimento – não o todo dele? – Claro, nós mudamos o mundo – mas tente acompanhar – DESÇA DO SEU DISCO DE OURO E VOE!
Não me venha com esse papo de tia velha de que ''em cinco anos vou olhar para trás como uma pessoa diferente'' – você não percebe que isso está acontecendo AGORA! – Se eu soubesse ENTÃO o que eu sei AGORA – você parece ter perdido o ponto…

Me desculpem se eu usar ''espaço dos Beatles'' para falar sobre o que eu quiser – obviamente se eles continuarem a fazer questões de Beatles – eu vou respondê-las – e vou conseguir tanto espaço de John e Yoko quanto eu puder – se me perguntam sobre Paul eu respondo – eu sei que parte disso acaba indo para o pessoal – mas, acreditem vocês ou não, eu tento responder objetivamente – e as partes que eles usam são obviamente as mais saborosas – eu não tenho mágoas do seu marido – eu sinto por ele. Eu sei que os Beatles são ''pessoas muito gente boa'' – eu sou um deles – eles também são grandes bastardos como todo mundo é – então desça do seu cavalo alto! – a propósito – nós temos conquistado mais interesse inteligente em nossas novas atividades em um ano do que tivemos em toda a era Beatle.

Finalmente, sobre não contar a ninguém que eu deixei os Beatles – PAUL e Klein passaram o dia me convencendo que era melhor não falar nada – pedindo a mim para não dizer nada porque iria ''ferir os Beatles'' – e ''vamos apenas deixar assentar'' [let it petre out] – se lembra? Então coloque isso na sua pequenina mente pervertida, Sra. McCartney – os c**ões me pediram para manter silêncio sobre isso. Claro, o lado do dinheiro é importante – para todos nós – especialmente depois de toda a merda provocada por sua família/parentes insanos – e DEUS TE AJUDE A SAIR DESSA, PAUL – vejo você em dois anos – imagino que você terá saído até lá –
apesar de tudo,
com amor para vocês dois,
de nós dois
P.S. sobre endereçar a carta de vocês só para mim – AINDA…!!!''
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Segue fac-simile do documento.