O poder e a força dos políticos criminosos
É enganoso pensar que chegamos ao
fundo do poço. Na verdade, estávamos afundados há anos, séculos talvez.
O que mudou não foi a fundura do abismo, da
fossa, falésia ou ribanceira deste Brasil pátria amada, salve, salve: na verdade,
a mudança se deu na simples e cotidiana divulgação daquilo que é ou vinha sendo
praticado ao longo da História.
Há muito tempo estamos no fundo
do poço. E bebendo a água do volume morto. Mas somente agora, com a divulgação
tornada geral, tomamos conhecimento por inteiro, ou quase isso, de tudo o que
acontece nas câmaras e gabinetes. Mais claramente: descobrimos como funcionam as
elites, esses sepulcros caiados.
Temos nojo, mas eles fazem as
leis e nos mantêm a corda ao pescoço, seguram a rédea curta, puxam cruelmente o
cabresto; a canga é forte, a carga é pesada.
A corrupção está arraigada ao DNA
social, à essência das famílias ricas, à usura dos usuários do país. Estes dominam
o Brasil e o transformam em legado dos seus filhos.
Estes, por sua vez, têm a
sensação de que a coisa pública é mesmo uma coisa e como tal deve ser usada a
favor de si e de uns poucos privilegiados, potentados de uma nação onde há
choro e ranger de dentes e filas de desamparados.
O povo não tem pão nem come
brioche, mas eles têm o champanhe e o perfume chique de damas elegantes,
aquelas que os cronistas sociais de antanho chamavam de locomotivas.
Desmascarados hoje, os corruptos sabem
como voltar. Já estão se preparando, não se engane. É muito dinheiro, é muito
poder, conforto, patranhas e putaria.
Eles estão acostumados com isso,
não querem perder.
Entenda: os que hoje estão no
poder têm seus engenhos, malandragens e arte para se perpetuar.
Dois exemplos: primeiro, os
políticos contam o apoio da força econômica dos que os ajudarão a manter-se nos
mandatos – ou você é ingênuo para acreditar que não haverá caixa dois?
Segundo: como se viu, o judiciário
tornou-se sucumbente, pusilânime e reverente aos políticos que podem a seu bel
prazer descumprir determinações até mesmo do Supremo, vide o caso Aécio Neves.
Ou seja: não há lei, ordem ou
justiça capaz de atar os gestos e desmandos dos criminosos ricos. São presos hoje,
mas logo logo estarão por aí, rápidos e firmes a pedir seu voto. E a ganhar
dinheiro sujo.
A única vantagem é que hoje, em
tempos de sociedade de comunicação pelo menos os crimes são mostrados. Podem os
criminosos não ser punidos. Mas pelo menos tornar-se-ão conhecidos.
Perdão pela mesóclise.
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